Projeto Florestar & Cia. faz conscientização sobre encostas

quarta-feira, 03 de março de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Com o slogan Nossas encostas nossas vidas a equipe do projeto Florestar & Cia., coordenada pelo ambientalista Luiz Latour, subiu o bairro Vilage sábado, 27, para conscientizar os moradores do risco que ainda correm caso haja um período de chuvas prolongado durante o mês de março. “Essa preocupação em conscientizar realmente tem o seu argumento validado devido às várias situações encontradas nessa visita”, salienta Latour.

A primeira delas é o retorno dos moradores para as residências que foram notificadas pela Defesa Civil. Têm como argumento o baixo valor do auxilio moradia, entre outras justificativas. E Luiz Latour imagina a situação de cada um deles, que levaram anos para construir um teto, realizando um sonho, e se ver obrigado a abandonar este sonho por ter se transformado num enorme pesadelo.

“O que se constata em uma visita dessas é que a maioria desses moradores tem consciência do perigo, só não conseguem entender a extensão desse perigo, que é a perda da própria vida ou de entes queridos, deixando para os fatores sorte e fé a responsabilidade de que nada os aconteça”, diz Latour. Ainda segundo o coordenador, esses moradores também passam para os órgãos públicos um pouco dessa responsabilidade, dizendo que construíram e agora não têm condições de abandonar as residências, que levaram anos para concluir, além de ser o único bem que possuem.

Luiz Latour conclui que o que se entende em uma visita como essa é que se deveria prevenir a causa, não deixar que se instale o problema, que acaba se tornando público. O coordenador chama a atenção de que a solução está no conceito coibir, fiscalizar, aplicar as leis que já existem e reformular mais leis dentro das necessidades do município. “Nós sabemos que existe o plano diretor do município, que contempla a cota zero, que proíbe as construções no topo dos morros, pois os dois terços acima de qualquer morro não podem ser habitados, e temos a lei que proíbe edificações em áreas com alto grau de inclinação”.

No entanto, Latour faz uma observação: “O alto do bairro Vilage já existe há vários anos e algumas dessas leis ainda estavam em estudo. Algumas das exigências de hoje não existiam há anos. Porém, em uma pequena visita como esta que fizemos se constata que o poder público tem que estar mais atuante e que práticas antigas têm que ser coibidas, fiscalizadas na fonte. A verdadeira prevenção seria, talvez, atacar a própria intenção, não permitindo a extensão do problema e que se alastre para o restante de toda a área, que ainda pode estar intacta”.

Latour imagina a hipótese de que para amenizar os problemas já instalados no bairro Vilage o poder público venha a demolir os dois terços e o topo do morro, ocupados irregularmente, e reflorestar toda a área danificada, recompondo a vegetação original, além de fazer as obras de infraestrutura para adequação e sustentabilidade de toda a área com alto grau de inclinação, devolvendo assim a dignidade dos moradores restantes. “Imagine também como isto seria oneroso para os cofres públicos, o tamanho e o quanto seriam complexas estas obras, além do tempo necessário para sua realização”.

O coordenador do projeto Florestar & Cia. faz um agradecimento às empresas que ajudaram na realização dessa atividade – que inclusive vai servir para palestras em escolas públicas dentro do programa Ecostudante – e aos meios de comunicação que ajudam a disseminar as informações socioambientais com temas de suma importância para a população, de modo especial para A VOZ DA SERRA.

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