Troféu Guignard 2010 vai hoje para Raimundo Peres

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Troféu Guignard 2010 vai hoje para Raimundo Peres
Troféu Guignard 2010 vai hoje para Raimundo Peres

O talento para o desenho começou bem cedo, ainda na escola, durante as aulas de artes plásticas. Mas, no início o paraense de Belém, Raimundo Peres, não deu muita bola. Mal sabia ele que o gosto pelo desenho se transformaria mais tarde em profissão. Raimundo virou artista. Interessado pelo tema, matriculou-se num curso de história da arte no Museu de Itaipu, em Niterói, onde foi passar férias de verão, ainda criança, com 12 dos seus 19 irmãos, e não mais voltou. Raimundo passou a se dedicar às artes, mas foi o contato com a aquarela que o encantou. A aptidão foi imediatamente detectada pelo professor Luiz Guilherme Vergara, dando-lhe o passaporte para a atividade que iria realizá-lo dali para frente.

Raimundo, dedicado e entusiasmado com a orientação do professor, apelou até para uma vizinha que pintava porcelanas e a convenceu a ministrar aulas extras de aquarela. O talento fluiu naturalmente e Raimundo Peres, que escolheu Nova Friburgo para viver já com esposa e três filhos, não parou mais. Suas aquarelas são definidas por ele como ‘intimistas e extremamente sutis’. Todas são um autorretrato. Uma das características de Raimundo Peres é nunca ‘fechar’ a obra. Ou seja, muitos dos seus trabalhos parecem que ainda podem ser terminados do jeito que cada um que os aprecia quiser. “Esta é uma característica da aquarela. Formas variadas em meio à diluição da tinta no papel. Basta deixar a imaginação de quem as observa agir e viajar num mar de interpretações”, sugere o artista, que cria em sua própria casa, na Rua Monte Líbano, Centro, transformada num grande ateliê. É nas escadarias de acesso à casa que Raimundo periodicamente promove mostras de suas criações e também de amigos no espaço que batizou como Galeria da Escada.

Outro grande diferencial de Raimundo Peres em suas muitas exposições de aquarelas é a explicação do que significam tais obras com textos manuscritos, que ganham espaço de destaque nas mostras. A inovação é bem recebida pelo público, que passa a observar as criações com outros olhos. “Obras de arte podem ter interpretações diferentes, mas, se o espectador puder entender qual foi a visão do artista, acho que tudo fica mais completo”, avalia Peres, que atualmente se dedica também à criação de óleos sobre tela. Tudo sem buscar inspiração e estipular horários para criar.

“Sou indisciplinado. Acabo mesmo só produzindo em cima de prazos para abertura de novas mostras”, entrega o artista, que já fez diversas exposições no Centro de Arte, Country Clube, Usina Cultural Energisa, Casa de Cultura de Teresópolis e Salão de Artes da Unama, em Belém-PA, além de outras cidades brasileiras e de uma aquarela botânica que integrou uma mostra na Suíça. Recentemente Raimundo Peres se dedicou à criação de aquarelas para ilustrações do microlivro Passando no fio, da acupunturista Lúcia Passeri Lavrado, que será lançado mês que vem.

Homenagens especiais a Raimundo Peres e ao criador do Dia Municipal da Pintura

O talento nato do artista Raimundo Peres será reverenciado hoje, 25, pelo Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama), que ofertará a ele o Troféu Alberto da Veiga Guignard, pintor friburguense de renome internacional, cujo aniversário natalício é comemorado nesta data – Dia Municipal da Pintura – em homenagem a Guignard, instituída a partir deste ano, através de projeto de lei do então vereador Isaque Demani. O Troféu Guignard será entregue a Peres em solenidade na sede da Banda Euterpe Friburguense, às 20h. Na ocasião será aberta ainda uma mostra com 80 reproduções das mais clássicas obras de Guignard, que costumava sempre retratar as inúmeras belezas de Nova Friburgo em suas obras de arte.

Durante a solenidade do Troféu Guignard, ofertado anualmente a talentos das artes não friburguenses de origem, mas que escolheram a Suíça Brasileira para viver e criar, o Gama também homenageará o vereador licenciado Isaque Demani, que se sensibilizou quanto à importância dos friburguenses reconhecerem o talento do friburguense Guignard. O Troféu Alberto da Veiga Guignard já reconheceu nos últimos três anos talentos natos das artes que vivem em Nova Friburgo: os artistas plásticos Luiz Murce, Gilberto Paim e Elizabeth Fonseca, o ceramista João Carlos Galvão, Geraldo Simplício, o Nêgo, Dirce Montechiari , De Longo, Felga de Moraes e o jovem Ian Zarife.

Quem foi Guignard

Alberto da Veiga Guignard foi um dos principais nomes da arte moderna. Ele nasceu na antiga Rua 3 deJneiro, atual Ernesto Brasílio, no Centro de Nova Friburgo, e aos dois anos de idade se mudou da cidade com a família. Especializou-se na pintura e destacou-se internacionalmente com exposições de quadros no Brasil e no exterior. Sua obra se caracteriza pela descrição e sensibilidade com traços leves e bem definidos que revelam a extrema perspicácia e a destreza do nobre artista que, infelizmente, é pouquíssimo reconhecido em Nova Friburgo. “Quase ninguém sabe na cidade quem foi Guignard, muito menos que ele é friburguense”, lamenta um dos fundadores do Gama, Júlio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu.

As reverências da cidade feitas a Guignard são uma praça no Parque Santa Eliza, integrando o Circuito Turístico-Cultural Gama, a antiga Casa da Cultura do Country Clube, hoje Sala Guignard, e uma sala de exposições do Centro de Arte. A obra mais famosa de Guignard, o quadro Vaso de Flores, foi arrematada há cerca de um ano pelo ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho, por aproximadamente R$ 1, 8 milhão, num leilão em Nova York, nos Estados Unidos. A obra é definida pela crítica como uma verdadeira ‘relíquia das artes plásticas’.

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