Projeto Construção: artista plástica reproduzirá parte do prédio da antiga Câmara Municipal e vai expor em plena Praça Getúlio Vargas

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Projeto Construção: artista plástica reproduzirá parte do prédio da antiga Câmara Municipal e vai expor em plena Praça Getúlio Vargas
Projeto Construção: artista plástica reproduzirá parte do prédio da antiga Câmara Municipal e vai expor em plena Praça Getúlio Vargas

Ela está na estrada há alguns anos, acompanhada de arlequins, pierrôs e outros personagens, e passou discretamente por locais como o Museu de Arte Moderna (MAM) e Parque Lage, no Rio de Janeiro, colocando em prática seu projeto Construção, em que molda superfícies arquitetônicas através da técnica papietagem e cria esculturas. Mas é em sua cidade natal, Nova Friburgo, que seu projeto ganha vulto e se torna mais conhecido, através do Prêmio Interações Estéticas 2009, da Funarte, no qual foi contemplada. Sani Guerra, artista plástica que já deu vida a centenas de marionetes e bonecos de papel machê, agora ensina para alunos da Oficina Escola de Nova Friburgo e artistas locais como fazer arte com sua matéria-prima: papel e cola.

Desde o dia 2 ela está trabalhando com duas turmas na Oficina Escola de Artes, um Ponto de Cultura da cidade, e até o fim do projeto o grupo apresentará uma escultura num lugar onde o maior número de pessoas possa ver o resultado do trabalho. “Nesse projeto ressalto, através da forma moldada e desencaixada da superfície que foi usada como molde, os limites arquitetônicos que delimitam os espaços e torno palpável o avesso da forma”, afirma Sani.

Sani Guerra iniciou o projeto Construção em 2008, moldando determinados pontos, em locais como o Parque Lage, o antigo Cassino da Urca, o MAM, no Rio, e Colégio Anchieta, um dos locais trabalhados em Nova Friburgo. A artista friburguense participou de exposições em Nova Friburgo, no Teatro Municipal de Nova Friburgo, do I Salão de Artes Plásticas de Petrópolis e no Centro de Cultura Raul de Leoni (também em Petrópolis), e no Clube Naval, no Rio.

 “Sani molda partes da arquitetura de diferentes locais em papel machê e transporta seus moldes para outros lugares. Como o contorno de um desenho, onde a linha determina os limites de uma forma, seus moldes são como frágeis membranas que preservam a fronteira do que era parte de uma construção. Seus moldes, ocos, na verdade são preenchidos pela memória de um lugar. Seu aspecto fragmentado, como o das ruínas, nos instiga a decifrá-los”, declara o artista plástico e professor da Escola de Artes do Parque Lage,  Luiz Ernesto.

Durante três meses Sani Guerra interage com os alunos de sua oficina, trabalhando e criando em conjunto. Depois de algumas aulas teóricas eles colocarão a mão na massa para aprender a técnica, e depois escolher onde será o ponto em que reproduzirão, através de uma escultura, que provavelmente terá lugar na Praça Getúlio Vargas. Nesta sexta-feira, 19, dentro da programação e conteúdo da oficina ministrada por Sani Guerra, o artista plástico Nelson Felix faz uma palestra para os alunos sobre arte moderna e contemporânea. A palestra é aberta ao público.

O QUE É O PRÊMIO INTERAÇÕES ESTÉTICAS

O Prêmio Interações Estéticas foi criado no ano de 2008, com o objetivo de oferecer a artistas de todas as áreas a possibilidade de desenvolver projetos integrados a ações de Pontos de Cultura de todo o país. O programa pretende romper os limites socialmente estabelecidos entre as artes consagradas e a cultura popular e fazer dos pontos espaços privilegiados para a experimentação. Em 2009 a Funarte escolheu os melhores artistas e projetos em mais de cem Pontos de Cultura por todo o Brasil. Foram quase 400 inscritos em diversas áreas, como cinema, música, teatro, poesia, dança, artes visuais e artes integradas. O prêmio se caracteriza pela modernidade e atualidade das experimentações estéticas contemporâneas.

Nelson Felix é o artista convidado

para fazer palestra nesta sexta-feira

Nelson Felix foi o artista plástico escolhido por Sani Guerra para fazer uma palestra dentro do seu Projeto Construção. O escultor carioca, que está com duas esposições no Rio (Galeria Cavalariças, no Parque Lage, e Galeria HAP), falará sobre arte moderna, contemporânea e seu trabalho – esculturas e intervenções. É uma rara oportunidade de conhecer melhor o artista, que vive há mais de 30 anos em Nova Friburgo e dedica todo seu tempo no ateliê, que é berço de suas obras.

Cruz na América, a trilogia Vazios e o atual Cavalariças-Camiri são alguns dos temas que Nelson Felix abordará em sua conversa nesta sexta-feira, às 18h, no Centro de Arte (Praça Getúlio Vargas 71, Centro – MENORES ACOMPANHADOS DO RESPONSÁVEL). Para quem não conhece o trabalho de Felix do “momento do olho” (na exposição em que a escultura culmina todo um processo artístico), poderá mergulhar um pouco nos desenhos traçados pelo escultor, compostos por elementos de mundos distintos: pensamentos, cálculos precisos e poesia.

Na exposição da Galeria Cavalariças, no Parque Lage, Nelson Felix mostrou uma obra monumental: um imenso anel de mármore – de 2,3 metros de diâmetro e nove toneladas – cai sobre três vigas de ferro, que estão espalhadas pelo espaço. Para ele, a instalação nas Cavalariças é parte de uma obra que começou em 2006, no Museu Vale (Camiri), em Vila Velha, que Nelson também abordará em sua palestra. Camiri é uma cidade boliviana que está na mesma latitude de Vila Velha e é o lugar da interseção entre os quatro locais que visitou e que formaram a obra Cruz na América: floresta amazônica, no Acre, o litoral do Ceará, o deserto de Atacama e o pampa gaúcho.

Todo o trabalho de Nelson Felix é rico de significados e revela o pensamento abstrato do artista, povoado de desenhos e imagens. Ele costuma dizer: “Meu trabalho vai criando amálgamas, parece que estou criando sempre uma obra só. Vou pondo tantos significados plásticos e conceituais que não se chega a lugar algum. Só sobra a obra.”

Na exposição da Galeria HAP, o artista Felix mostra uma de suas mais fantásticas obras: dois cubos vazados e entrelaçados, tirados de um único bloco de mármore, sem emendas. Duas esculturas que saíram de uma peça só, que são soltas, mas ligadas. Que respiram, mas não deixam de se tocar. É a poesia que Nelson Felix ‘escreve’com o mármore.

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