O público lotou a Praça Lafayette Bravo, em Conselheiro Paulino, no último fim de semana, para acompanhar o encerramento da Jornada de Reis 2010. Reunindo 27 grupos de Nova Friburgo e dos municípios de Teresópolis, São Fidélis, Duas Barras e Bom Jardim, o evento, promovido pela Prefeitura de Nova Friburgo, através da Secretaria de Cultura, em parceria com as secretarias Especial de Conselheiro Paulino e de Governo, teve como principais objetivos proporcionar o intercâmbio e reforçar a identidade cultural da região, integrando a plateia e resgatando uma tradicional manifestação de cultura de raiz.
No sábado, 23, a abertura do evento contou com grupos locais e reuniu um público ávido pelas apresentações, que já fazem parte dos costumes da comunidade de Conselheiro Paulino, um dos polos mais importantes de folias de Reis da região.
Mostrando vitalidade e animação, fortes características de sua figura, o prefeito Heródoto Bento de Mello, ladeado pelo líder do governo na Câmara Municipal, vereador Marcelo Verly, participou da noite de abertura e se empolgou, chegando a doar algumas moedas ao palhaço de uma das folias.
O secretário de Governo, Braulio Rezende, fez a abertura oficial e falou da importância da preservação das culturas e manifestações populares como forma de preservar a origem do nosso povo. “Estamos felizes e sabemos o quanto ainda poderemos fazer para manter viva essa tradição, que tem levado o nome de Nova Friburgo aos grandes festivais de Folia de Reis que acontecem em todo o estado. Nos orgulhamos e vamos investir na infraestrutura necessária, para que anualmente, como manda a tradição, possamos desfrutar deste belo espetáculo que vocês nos oferecem”, disse Braulio Rezende aos dirigentes e integrantes das folias.
O assessor da Secretaria de Cultura, professor Mario Jorge Bastos, representando a Secretaria de Cultura, agradeceu aos participantes e ao público e fez questão de destacar a importância da parceria com a Associação de Grupos de Folias de Reis de Nova Friburgo. Para o secretário de Cultura, Roosevelt Concy, “é importante entender que a Folia de Reis é um auto popular, um teatro do povo. É religioso, sagrado e, ao mesmo tempo, folclórico. E é nossa obrigação preservar e valorizar este evento, que queremos transformar em oficial do nosso calendário turístico e cultural. Preservando as tradições estaremos resgatando a história. Queremos uma Nova Friburgo antenada com o futuro, mas preocupada em preservar a memória de seu povo”, destacou.
No domingo, 24, sob um sol forte e um céu de azul inigualável, mais grupos se apresentaram, recebendo calorosos aplausos, numa estrutura especialmente montada para o evento, que constou de toldos, arquibancadas, palco, iluminação cênica e som, banheiros químicos e barracas para alimentação, garantindo o conforto dos participantes e do público em geral.
Um dos mais empolgados com a grandeza do evento e a importância dada pelo governo municipal às folias de Reis era João Batista Braga, presidente da Associação de Grupos de Folias de Reis de Nova Friburgo, que sabe bem o valor da preservação de tradições. “Elas devem passar de geração a geração, tanto que temos folias de Reis com mais de 50 anos de atividades. É muito importante essa mistura de culturas, esse intercâmbio, para que cada povo conheça as manifestações um do outro. E este ano tudo superou as expectativas. O que é muito bom para nós, que fazemos parte do evento. Estamos todos felizes e agradecidos”, disse.
AS FOLIAS EM NOVA FRIBURGO
Há mais de 50 anos os grupos friburguenses se destacam pela organização, figurinos, música e respeito às tradições. Durante muitos anos se apresentavam nos presépios montados nas principais praças da cidade, em especial em Conselheiro Paulino, Olaria, Riograndina e no Centro, e faziam parte das tradições do povo friburguense.
Mas, foi na década de 90 que ganharam visibilidade, incentivados pela então secretária de Cultura, Lúcia Côrtes, que viu naquela manifestação cultural um verdadeiro tesouro de tradições e naqueles homens e mulheres simples e abnegados o que faltava para transformar Nova Friburgo numa referência de cultura popular. A professora Lúcia Côrtes reuniu os grupos friburguenses e propôs que se organizassem e criassem a Associação de Grupos de Folias de Reis, uma entidade civil, sem fins lucrativos, de caráter cultural, com o objetivo de promover reuniões, debates, atividades culturais e recreativas, divulgando suas manifestações através de maior integração entre os 20 grupos de Folia de Reis de Nova Friburgo, gerando consciência para a preservação da cultura de tradição popular, através do envolvimento da comunidade nos encontros e no cumprimento das jornadas. A ousadia deu certo. E, a partir de então, outros municípios copiaram o exemplo de Nova Friburgo e hoje, para quem não sabe, a cidade faz parte do circuito nacional de Folias de Reis, com grupos sediados em Olaria, Conselheiro Paulino, Amparo, Catarcione, Rui Sanglard, Jardinlândia, São Cristóvão, Riograndina, Floresta, Prado, Varginha e Campo do Coelho. Os grupos locais são quase sempre os principais convidados de encontros e jornadas em todo o estado e região e já encantaram até turistas internacionais.
A TRADIÇÃO
No período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, o chefe dos foliões bate às portas das casas, pela manhã, seguido dos instrumentistas, cantores e palhaços do reisado. Vai despertando quem estiver dormindo, pedindo permissão para entrar, tomar café e recolher dinheiro para a Folia de Reis, uma festa popular de origem portuguesa que ainda sobrevive em várias cidades brasileiras. Oferece uma bandeira colorida, enfeitada com fitas e santinhos, enquanto, do lado de fora, os palhaços dançam e recitam versos. Se o folguedo acontecer em praça pública geralmente é feito diante de um presépio, com músicas cantadas pelos foliões, seguidas da apresentação dos palhaços, que dançam, improvisam versos ou recitam literatura de cordel.
A festa comemora o nascimento de Cristo. Seu enredo lembra a viagem que os três reis magos fizeram a Belém para encontrar o menino Jesus. Os palhaços, vestidos a caráter e cobertos por máscaras, representam os soldados do rei Herodes, em Jerusalém. Os foliões abrem alas com uma bandeira que, dizem, é abençoada e protege das más influências. Todos os componentes são liderados pelo mestre da folia, que conduz o grupo a seguir a bandeira, que representa a estrela guia de Belém.
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