Turbulência na anistia
Durante alguns governos (Itamar Franco, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso), o assunto ficou esquecido e a Lei da Anistia, de 1979, serviu aos /propósitos de pacificar a sociedade brasileira e até passar uma esponja sobre os excessos cometidos pelos grupos ideológicos em confronto, de um lado os militares e do outro comunistas, socialistas e radicais de esquerda de todos os matizes. A sorte das urnas deu novo rumo à democracia em nosso país e com a eleição do dirigente sindical Luiz Inácio Lula da Silva o que parecia estar definitivamente encerrado toma alento e a tecla da apuração parcial dos fatos e eventos da beligerância, ou seja, a apuração de atividades contra os direitos humanos por funcionários civis e militares no período de 1964 a 1985, assume evidência.
O revanchismo, agora com o apoio de figuras importantes da República, egressos das correntes radicais que tentavam impor uma ditadura do proletariado de perfil cubano-soviética, se viabiliza sob forma de uma Comissão da Verdade que pretende punir infrações já prescritas ou anistiadas e, preocupantemente, instalar uma caça política a adversários que cumpriram ordens enquanto servidores fardados ou não.
Os presidentes dos Clubes Militar, Naval e da Aeronáutica respectivamente general Gilberto Barbosa de Figueiredo, vice-almirante Ricardo Veiga Cabral e tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista divulgaram Nota Oficial conjunta em que condenam o revanchismo e tecem considerações sobre os riscos para a estabilidade das instituições, solidarizando-se com o ministro da Defesa, Nelson Jobim e os comandantes militares que apresentaram pedidos de demissão ao presidente Lula. Inspirador constante de medidas que visam a retomada das investigações, tomada realidade com a Comissão da Verdade que revoga a Lei da Anistia, o ministro da Justiça, Tarso Genro alega que ”os opositores que optaram pela luta armada foram processados, presos, torturados ou mortos e de uma forma ou outra responderam pelos seus excessos, mas o mesmo não aconteceu com os que cometeram desatinos na repressão”.
O tema ainda está restrito às assessorias do presidente que prometeu estudar o assunto para uma solução definitiva como se ela ainda não tivesse ocorrido com a Lei da Anistia. De qualquer maneira aguarda-se um final conciliador para evitar turbulências na trajetória ainda que alguns torçam para novos confrontos.
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