O descaso com Tom Jobim

quinta-feira, 26 de novembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Por Max Wolosker

A sensação de abandono e o descaso com os usuários são o dia a dia de quem tem a infelicidade de sair do Rio pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim. Conhecido outrora como Galeão, se fosse chamado de Galinhão, com todo o respeito às penosas, não seria nenhuma ofensa.

É um desrespeito à memória de nosso grande músico e compositor e se eu pertencesse à sua família, solicitaria a suspensão do seu nome, até que o aeroporto tivesse a grandeza e honrasse a figura do homenageado.

Os percalços dos viajantes começam na chegada, onde o estacionamento está sempre lotado, criando um grande problema para quem viaja e quer deixar o carro no próprio aeroporto. Sem controle de entrada e saída de veículos, muitas vezes encontra-se vaga mesmo na área coberta, apesar do motorista ser advertido, na entrada, de que não há mais como estacionar o veículo.

Outro sério problema, que não é de agora, mas sempre deixado para depois, velho hábito de nossos pseudoadministradores, é a falta de elevadores, o que dificulta o transporte de bagagens, principalmente em se tratando de pessoas idosas. Como o acesso pelas escadas rolantes é restrito, no terminal 1, a apenas uma entrada, as filas na frente dos poucos elevadores que funcionam é sempre um acontecimento. Se você tiver a brilhante ideia de estacionar seu possante no terminal 2, todo cuidado é pouco, pois se a bagagem estiver pesada, a esteira rolante que liga os dois terminais está em reparos e a caminhada é longa.

O Rio de Janeiro é uma cidade sabidamente quente, no entanto, o ar condicionado do aeroporto é sempre deficiente ou não funciona, sendo esta última hipótese a mais provável; e o calor torna-se um acompanhante inseparável dos viajantes. Já no Nordeste, tão o mais quente e atual concorrente do Rio no que diz respeito à entrada de turistas estrangeiros, tal maravilha acompanha o turista desde que ele sai do avião e pisa na ponte de desembarque.

As comodidades da internet nem pensar, pois o cartão de utilisação do Hi-Fi é para 24 horas quando em média o tempo gasto em terra, entre partidas e conexões, é de seis horas. Na realidade, já que todos os passageiros pagam taxa de embarque e muitos estão a trabalho, o correto seria esse serviço ser gratuito.

Nosso velho Galinhão se parece muito com o dito popular que diz: “por cima plumas e paetês, por baixo cueiro só”. Sujo, desconfortável e quente faz com que o grande Tom dê cambalhotas de amargura ao ver seu nome famoso associado a tamanho disparate. Creio inclusive que a pista que é avistada no seu famoso samba do avião é a do Santos Dumont, pois ao menos tem um visual de encher os olhos.

Agora é preciso que nossas autoridades acordem, pois se festejamos o fato de sediarmos uma Copa em 2014 e uma Olimpíada em 2016, temos de dar aos nossos visitantes, logo na chegada, uma amostra do que os aguarda durante sua estadia entre nós. E no Rio, o Aeroporto Internacional Tom Jobim seguramente vai ser o grande polo de recepção dos estrangeiros e ele tem que estar à altura dos eventos. Na realidade o tempo é curto e tem-se um longo trabalho pela frente.

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