Eles e elas coloriram o Centro de Nova Friburgo no último domingo, 22, com muita alegria, luxo, irreverência e amor para dar. Tudo a fim de chamar a atenção dos friburguenses e turistas que curtiam a serra no feriadão da Consciência Negra para a necessidade do combate ao preconceito e discriminação ao segmento LGBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros). Este foi o principal objetivo da 5ª Parada do Orgulho LGBT de Nova Friburgo, que teve como lema dessa vez Pra não dizer que não falei das flores: homofobia, criminalização já e apoio do Grupo Movimento Mover-se.
A parada do orgulho gay tomou conta do centro da cidade e fez bastante barulho por onde passou com o som tecno eletrizante de um trio elétrico baseado desde o início da tarde na Praça Dermeval Barbosa Moreira numa animada concentração. Por volta das 17h30, o público presente foi convidado a aderir à caminhada pela Avenida Alberto Braune, em direção à Prefeitura, em meio a muito afeto e demonstrações de total bom humor. Durante o trajeto, os integrantes do segmento GLBT de Nova Friburgo protestaram com muito bom humor e descontração contra o preconceito, segundo eles, ainda presente no município. No alto do trio elétrico atores transformistas, go-go boys e simpatizantes garantiram a animação com muita dança e performances especiais.
Já no chão, muita alegria, irreverência e demonstrações de amor com direito até a beijos ardentes entre casais do mesmo sexo, chamando a atenção do público que se aglomerou nas calçadas da principal avenida para prestigiar a parada e enaltecer a diversidade sexual. A tradicional bandeira multicolorida arco-íris foi outra atração do inusitado desfile, que durou cerca de uma hora e meia. Em frente à Prefeitura os integrantes da parada foram recepcionados pelo vice-prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto e o secretário geral de governo, Braulio Rezende.
“Os gays são sinônimo de alegria e festa, mas acima de tudo, verdadeiros exemplos de coragem. Vocês nem imaginam como é difícil nos montarmos (produzir-se) e assumirmos nossa opção sexual em público diante de tanto preconceito contra nós. Mas isso vai mudar através da conscientização. Não queremos que a sociedade nos aceite, mas exigimos que nos respeite”, disse o transformista internacional Lorna Washington, que veio a Nova Friburgo para prestigiar o Orgulho LGBT e convocou os gays, lésbicas e o público presentes a cantar o Hino Nacional Brasileiro na saída da parada.
Na oportunidade, o superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Cláudio Nascimento, anunciou a liberação de R$ 350 mil do Programa Rio sem Homofobia para a reimplantação do Centro de Referência de Promoção da Cidadania GLBT Hanna Suzart (Cerehs). Nascimento fez ainda duras críticas às mais diversas formas de preconceito contra a comunidade GLBT, que resultam em atividades autoritárias, facistas e discriminatórias, principalmente por parte de religiosos e da própria população.
Não ao preconceito com amparo da lei
A 5ª Parada do Orgulho LGBT de Nova Friburgo não serviu apenas para os gays, lésbicas e travestis levarem muita alegria e descontração às ruas com performances e irreverência, mas também para combater o preconceito contra a opção sexual dos integrantes do segmento GLBT e alertar a população quanto à tramitação no Congresso Nacional do projeto de lei 122, criado em 2006, que pretende considerar por força de lei a homofobia no Brasil como crime, equiparando-a ao racismo. Em Nova Friburgo também cogita-se a criminalização a qualquer atitude de preconceito ao segmento GLBT através de lei municipal.
“Um exemplo de combate à descriminalização se tem com a realização das paradas do orgulho gay que colorem e levam alegria e conscientização não só a Nova Friburgo, mas a várias cidades, onde a sociedade já começa a respeitar o segmento GLBT”, lembrou Cláudio Nascimento ao recordar a origem da parada gay, criada em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em homenagem à resistência dos integrantes do segmento GLBT que eram discriminados até mesmo em redutos gays americanos.
A revolta e a indignação resultou numa rebelião urbana que durou três dias terminando num 28 de junho, data tida hoje como oficial de luta contra o preconceito em relação à comunidade gay no mundo. “É um dia de luta em favor da dignidade e da visibilidade GLBT, um segmento que compra, paga seus impostos e tem o direito de ser diferente e ser feliz”, complementou a organizadora Sílvia Furtado, do Cerehs.
A parada do orgulho culminou com uma grande festa gay na quadra da escola de samba Unidos da Saudade.
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