Popularizada na novela O Clone, através de sua personagem Odete e o bordão “Cada mergulho é um flash”, na qual interpretava a mãe da personagem de Juliana Paes, a atriz Mara Manzan, que faleceu na manhã desta sexta-feira, 13, vítima de câncer, tinha especial predileção por Nova Friburgo. Uma das melhores amigas do produtor e atual Secretário de Turismo do município, Sergio Madureira, que lhe conseguiu um contrato de longa duração com a TV Globo, Mara chegou a projetar sua vinda para morar no município.
“O Clone foi o seu primeiro contrato longo com a TV; até então a atriz só tinha contrato por novelas e, após cada trabalho, vivia na corda bamba”, disse Madureira, lembrando de depoimento da atriz sobre esse episódio: “O Madu realizou meu sonho. A partir de agora posso dormir em paz, sem o fantasma do desemprego”, comentou à época com a própria autora, Glória Perez e com o ator Eri Johnson, também dois amigos próximos.“Na semana passada Mara telefonou pedindo que eu fosse vê-la, sua voz estava embargada; mal conseguia respirar”, comentou Madureira na sexta-feira, logo que soube do falecimento da atriz. “Mara”, continuou o produtor, “era uma grande pessoa, vivia às gargalhadas, estávamos sempre juntos, nos meus aniversários, nos dos netos dela, quase todos os dias jantávamos na churrascaria Porcão, na Barra. Perdi uma grande amiga”, lastimou-se.
UMA FRIBURGUENSE
Como é já de conhecimento geral, Madureira, sempre que pôde trouxe seus amigos globais para conhecer e desfrutar das belezas de Nova Friburgo. Muitos se apaixonaram pela cidade, como Oswaldo Louzada e Raul Gazolla, mas ninguém ficou tão apegada ao clima e à nossa gente como Mara, como conta o produtor e secretário: “Ela vinha para cá quase todos os meses, passeava na praça Getúlio Vargas, levava os netos para lanchar no Au-Au, almoçava na Quinta Rica, comprova artigos na Suspiro Íntimo, e se hospedava invariavelmente no meu sítio, em Amparo.”
“Quando estou em Nova Friburgo, alguma coisa bate forte no meu coração. Quero morar aqui e trabalhar no Rio até me aposentar”, disse certa vez, a atriz que frequentava festas na cidade, ia a todos os ensaios da Imperatriz de Olaria, quando o amigo produtor foi tema do enredo, em 2004, ano em que desfilou na escola, ao lado de outros atores como o próprio Louzadinha, Jayme Periard, Eri Jonhon, entre outros.
Sua simpatia, realmente contagiava a todos, passava os dias na cidade posando para fotos e distribuindo autógrafos, sempre com sua marca característica, o sorriso estridente. Algum tempo antes da doença, Mara escolheu um terreno, divisa com o de Madureira no Amparo, para construir uma casa e residir. “Mas Mara, como morar aqui e trabalhar no Rio, ida e volta? São quase seis horas de viagem?”.
“Madu, o que são seis horas , diante desse paraíso?”, respondeu.
Não deu tempo da atriz concretizar seu sonho. Lutando com a doença há quase dois anos, Mara Manzan, que nasceu em São Paulo no dia 28 de maio de 1952, faleceu no Rio na manhã desta sexta-feira, 13.
UMA BRIGA
Apesar da amizade que unia o produtor e a atriz, eles foram protagonistas de um episódio, também já relatado nas paginas de A VOZ DA SERRA, em 2002, como relembra Madureira: “Logo na primeira semana de gravação do Bar da Jura (Solange Couto), em O Clone, a belíssima e querida Juliana Paes e a não menos querida Mara Manzan, se recusaram a gravar uma cena noturna de adendo. Alegavam que, como a cena não estava prevista com antecedência, haviam marcado compromissos particulares. Estressado, com o ritmo alucinante das gravações, explodi com as duas:
– Olha aqui, ou vocês gravam a cena ou vou ligar para a Glória e tirar as duas da novela.
Telefonei e Glória, como sempre, determinou que eu tomasse a atitude que bem entendesse.
Voltei para o set, mas não tinha ninguém. Fiquei ainda mais enfurecido. No caminho de volta encontrei Mara, aos prantos:
– Madu, você não pode fazer isso com a gente...
– Não pode é o c... Vocês estão fora.
– Madu. Nós não recusamos a gravar, não, foi tudo um grande equívoco.
– Como não pararam de gravar? A cidade (cenográfica) está vazia...
– Foi o Zeca. Ele foi embora. – argumentaram.
Fui checar com a produção. Elas, realmente, haviam ficado para a gravação noturna, mas o Zeca tinha mesmo ido embora. Como em todas ‘as brigas de amor’, saímos dali e fomos jantar no Porcão, saindo de lá às 5 da manhã”.
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