A greve nacional dos bancários completa hoje uma semana. A categoria cruzou os braços em protesto contra a intransigência da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) que desde agosto não avança nas negociações com a categoria, que pleiteia 10% de reajuste salarial, participação nos lucros e resultados dos bancos de três salários mais R$ 3.850 fixos, entre outras reivindicações. Até então, os banqueiros insistem na contraproposta de 4,5% de aumento, rejeitada de imediato pelos bancários e que desencadeou a greve. Hoje, 1º, a Fenaban promoverá uma nova rodada de negociação com o Comando Nacional de Greve dos Bancários em São Paulo e há a expectativa de apresentação de uma nova contraproposta que possa pôr fim à paralisação a partir de amanhã, 2. A greve tem obrigado os clientes dos bancos a fazerem as operações financeiras nos terminais de autoatendimento, superlotando os setores.
Em Nova Friburgo apenas o Bradesco tem furado a greve com o acionamento todos os dias pela manhã de força policial para garantir a entrada dos bancários nas agências. O Sindicato dos Bancários do município reage com manifestações pacíficas, com direito até a exposição de caixão de defunto na porta das agências do Bradesco, com coroa de flores e o velório de um boneco Judas simbolizando a direção do banco privado que teve o maior lucro no primeiro semestre deste ano: R$ 4,5 bilhões. O inusitado chama a atenção de quem passa em frente ao Bradesco e é convidado pelos sindicalistas a participar do ‘velório’ do banco.
“Os funcionários do Bradesco têm tido o seu livre arbítrio cassado pela direção regional do banco, que abre as agências à força, com auxílio da PM, obrigando os bancários a trabalhar contra a vontade. Mais uma vez, e de forma truculenta, o Bradesco impede a atividade pacífica dos trabalhadores”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários, Max Bezerra. Ontem, 30, a direção do Banco do Brasil se reuniu com o Comando Nacional dos Bancários para discutir questões específicas reivindicadas na campanha, além do reajuste salarial.
Na campanha salarial, os bancários solicitam também o fim das metas abusivas impostas pelos bancos, que levam muitos bancários ao esgotamento físico e ao estresse; a ampliação do horário de funcionamento das agências, com a consequente contratação de mais bancários, e a redução das tarifas, juros e filas, com limite de 15 minutos de espera.
Atenção ao vencimento de contas: greve não isentará cobrança de multa
Com a greve dos bancários os clientes têm tido que recorrer às casas lotéricas e lojas que funcionam como correspondentes bancários para pagar contas. Devido ainda à greve parcial dos Correios, a entrega das contas em casa tem sido prejudicada. À população resta redobrar a atenção e entrar em contato com as empresas ou operadoras de cobrança para solicitar outras formas de pagamento. As greves dos bancários e dos Correios não isentam a cobrança posterior de multa ou até mesmo a suspensão dos serviços prestados por falta de pagamento. A orientação é do Programa Estadual de Orientação ao Consumidor (Procon).
A greve dos bancários também começa a prejudicar, a partir de hoje, os aposentados e pensionistas da Previdência Social, que recebem seus benefícios nos bancos nos primeiros dez dias úteis de cada mês. Quem recebe salários de empresas particulares nos bancos também terá dificuldades se a paralisação dos bancários continuar, já que os caixas eletrônicos têm limites médios de saques de R$ 500 a R$ 1 mil por operação.
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