Nova Friburgo é o primeiro município a formalizar pedido de chancela como Paisagem Cultural

quarta-feira, 02 de setembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

(SECOM) - O Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) reuniu de 17 a 21 de agosto mais de 300 técnicos no auditório Gilberto Freyre do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. Eles participaram do seminário Qualidade na Conservação de Monumentos. Organizado pelo Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam) do Iphan, o encontro envolveu arquitetos, engenheiros e técnicos que atuam nas ações de planejamento, acompanhamento e fiscalização de obras de conservação e restauração de bens imóveis.

Na abertura, a representante da Secretaria de Cultura de Nova Friburgo, Lilian Barreto, entregou ao representante da presidência do Iphan, Dalmo Vieira Filho, pedido de concessão de chancela de Paisagem Cultural. Ele próprio destacou ter sido Nova Friburgo o primeiro município a formalizar a solicitação, após o decreto 127, de 30 de abril de 2009, o qual visa estabelecer a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, aplicável a porções do território nacional.

 

Representes friburguenses proferem palestras hoje na Casa de Rui Barbosa e no Palácio Gustavo Capanema

 O Centro de Memória e Informação (CMI), da Fundação Casa de Rui Barbosa, vem tradicionalmente promovendo a série Memória & Informação, que consiste em encontros quinzenais dedicados à divulgação de estudos e pesquisas nas áreas de memória, documentação, preservação e informação no campo da cultura, com a participação de pesquisadores e especialistas.

Para a programação da série Memória & Informação em 2009, a Secretaria de Cultura de Nova Friburgo foi convidada a participar com os representantes Luiz Fernando Dutra Folly e Lilian Barretto, ambos para proferirem palestra sobre os jardins de Glaziou em Nova Friburgo, acompanhada das discussões atuais sobre a sua preservação. A palestra será nesta quarta, 2, às 14h30, na sala de cursos da Fundação Casa de Rui Barbosa, localizada no andar térreo.

A palestra será precedida de relato sobre o estado atual da política municipal de preservação do patrimônio e do projeto de 1880 da antiga Praça Princesa Izabel (hoje Getúlio Vargas). Os trabalhos apresentados nesses encontros são colocados à disposição do público integralmente no portal da FCRB (www.casaderuibarbosa.gov.br).

No ensejo das comemorações do Ano da França no Brasil, o Grupo de Pesquisa História do Paisagismo da Escola de Belas Artes, em conjunto com a Université de Rennes 2, Rennes-França, coordena o Colóquio Internacional Interdisciplinar - A Atualidade da Obra de Auguste Glaziou, que se realizará no Palácio Gustavo Capanema entre os dias 23 a 25 deste mês.

O encontro acadêmico tem o suporte do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e da Embaixada da França no Rio e conta com o apoio da Escola de Belas Artes/UFRJ, do Grupo de Pesquisa SEL-RJ/Proarq-FAU-/UFRJ e do Portal Vitruvius.

Tendo em vista a importância e a relevância do trabalho do assessor técnico da Secretaria de Cultura de Nova Friburgo, Luiz Fernando Dutra Folly, na temática em questão, ele foi convidado a proferir palestra sobre o tema A Inserção dos Parques Públicos no Tecido Urbano das Cidades Capitais no Brasil do Século XIX, no dia 24, às 9h55, no auditório Gilberto Freyre do Palácio Gustavo Capanema.

Importante destacar que a pesquisa realizada por Luiz Fernando Folly demonstra a importância dos projetos de Glaziou em Nova Friburgo, mostrando a evolução urbana do município, o projeto da Chácara do Challet (atual Parque São Clemente - Nova Friburgo Country Clube), para o Barão de Nova Friburgo, Antonio Clemente Pinto, e o da Praça Princesa Izabel, em 1880. Esta praça foi provavelmente a única que Glaziou realizou segundo os moldes dos jardins franceses do século XVII, indo assim contra o partido inglês, livre, assimétrico e com elementos românticos do qual sempre foi seguidor. Baseando-se em indícios documentais históricos e iconográficos, que deram provas reais de seu traçado, a pesquisa mostra a importância da sua criação para a sociedade friburguense do século XIX e começo do XX.

O eixo temático do encontro reabre um assunto relevante para a formação paisagística dos espaços livres, públicos e privados no Brasil, sobretudo ao se considerar as mudanças ocorridas entre o último quartel do século XIX e as primeiras décadas do século XX.

Discutindo as origens do processo de transformação urbana e os sujeitos nele envolvidos, destaca-se o nome do botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou (1833-1906). O francês, desconhecido nas terras tropicais daquele período, hoje se confunde com a história urbana e paisagística do país.

Os projetos, a ideologia e as descobertas botânicas deixadas - parques, jardins, praças, espécies nativas com potencial paisagístico - parecem impor esse juízo aos nossos sentidos quando se percorre jardins de sua autoria. “O ônus da prova é contumaz e se expressa atemporalmente na paisagem”, sustenta Folly, que completa: “Portanto, o tecido urbano das cidades que abriga seus projetos cresceu e ganhou novos limites, mas não abandonou o legado deixado pelo botânico-paisagista. A proposta desse foro de discussões entre profissionais de centros de pesquisas e universidades francesas e brasileiras é aprofundar o debate sobre a obra de Glaziou e a formação da paisagem urbana no Brasil, subordinada às influências urbanísticas ocorridas no espaço urbano francês, em meados do século XIX”.

Neste sentido, se pressupõe que seja firmado entre os pesquisadores de ambos os países envolvidos no colóquio uma rede de discussão internacional sobre essas bases de pesquisa. O jogo de relações discursivas, estabelecido pelo diálogo internacional do colóquio, além privilegiar o debate interdisciplinar, tem a intenção em demarcar novos posicionamentos interpretativos, que venham dar continuidade à pesquisa e estimular descobertas relacionadas às questões que estão ligadas à s formações de ideologias e os fenômenos urbanos que ganharam forma, conteúdo e caráter na nossa paisagem, a partir daquele momento e da instauração de uma tradição paisagística para a urbe brasileira.

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