Os meios de comunicação (TVs, rádios, jornais e internet) levam aos milhares de lares brasileiros entretenimento, lazer, informação e cultura de qualidade. Ou, pelo menos, deveriam. A desvalorização da mulher em programas e campanhas publicitários, o racismo ainda predominante na mídia e a exacerbação do estímulo sexual em novelas e programas ‘teoricamente’ liberados para menores integram a maioria das programações das emissoras, assim como também os demais veículos de comunicação.
Para tentar reverter a situação com o aval de legislações públicas específicas e propor uma comunicação de qualidade, com valorização da cidadania e dos direitos dos cidadãos, estão sendo promovidas conferências municipais/regionais, a fim de traçar as propostas de uma nova comunicação de qualidade. A da Região Serrana aconteceu no último fim de semana, na Câmara Municipal de Vereadores.
No evento, que durou um dia inteiro, foram discutidas as diretrizes que serão debatidas daqui a dois meses, na Conferência Estadual de Comunicação, no Rio de Janeiro, onde serão eleitas as propostas do estado a serem apresentadas na Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá nos dias 1º, 2 e 3 de dezembro, em Brasília. As conferências foram propostas há quatro meses pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de decreto.
A realização da Conferência de Comunicação Municipal – Regional da Região Serrana, em Nova Friburgo, foi resultado da participação da agente de saúde e promotora legal popular no município, Rita Ramalho, no seminário realizado em abril, em São Paulo, denominado O controle social da imagem da mulher na mídia. Rita foi a única representante friburguense no evento, que propôs articulações em nível nacional para discutir com o público alternativas de valorização da imagem da mulher nos meios de comunicação. “Buscamos também um Brasil diferente, com uma TV e mídia mais conscientes. É preciso rever a classificação indicativa dos programas exibidos atualmente. Às crianças e jovens são apresentadas cenas de sexo em novelas e filmes, nas TVs abertas e fechadas, sem contar a violência e o comprometimento da imagem da mulher, geralmente tida como vulgar em campanhas publicitárias, além do racismo e outros tantos tipos de discriminação”, observou Rita, enquanto a também coordenadora da conferência, a diretora do Centro de Referência da Mulher em Nova Friburgo (Crem), Eliana Polo, valorizou a necessidade de adoção de novas políticas públicas locais de controle da comunicação, com a criação de conselhos municipais e estaduais, que deverão acompanhar as programações e conteúdos.
Eleitas dez ações e 30 delegados que representarão a serra na conferência estadual, em outubro, no Rio
Na Conferência de Comunicação da Região Serrana foram aprovadas as propostas e busca constante pela não discriminação de qualquer tipo no conteúdo editorial de rádios, TVs, jornais, internet e campanhas publicitárias; a responsabilização judicial da direção do órgão de imprensa que publique notícias que denigram a imagem pessoal dos entrevistados e outros; o desenvolvimento de campanhas educativas que defendam os direitos humanos e a segurança pública; a maior participação da mulher na mídia, que não deverá ser explorada em campanhas publicitárias de forma vulgar e discriminatória.
Também serão apresentadas para discussão na conferência estadual, nos dias 30 e 31 de outubro e 1º de novembro, o estímulo à valorização da cidadania em programações específicas para crianças e jovens; enfatização dos direitos humanos durante as programações e conteúdos impressos; estímulo à mídia pública; o fortalecimento de campanhas em prol da importância e cumprimento da classificação indicativa dos programas de TV.
Além das discussões dos temas, a conferência regional contou ainda com palestras do presidente da Associação das Rádios Públicas do Brasil, Evandro Rocha; do professor de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretário de Comunicação do estado, Marcos Dantas; da coordenadora da ONG Ética na TV, a psicóloga Cláudia Abreu, e da representante do Conselho Regional de Psicologia, Noeli Godoy.
A conferência foi aberta pelo prefeito de Nova Friburgo, Heródoto Bento de Mello, e o secretário municipal de Comunicação Social, Girlan Guilland, que destacou o pioneirismo de Nova Friburgo na imprensa, com a manutenção de dois veículos - A VOZ DA SERRA e Rádio Friburgo AM - há mais de seis décadas. A conferência foi presidida pela coordenadora do curso de Comunicação Social da Universidade Candido Mendes, jornalista Liliane Souzella. Prestigiaram ainda o evento os vereadores Pierre Moraes e Marcelo Verly.
Conheça os delegados eleitos na
conferência de comunicação
Eles representarão a Região Serrana mês que vem, na Conferência Estadual de Comunicação:
- Governo: Rodrigo Mathias (Secretaria de Comunicação de Teresópolis), Eliana Polo (Crem), Norma Suely Santos (Secretaria de Direitos da Mulher de Teresópolis), Cristie Borges (Programa de Saúde da Família – Nova Friburgo) e Vanessa Gonçalves (Secretaria de Assistência Social de Santa Maria Madalena)
- Empresariado: Toni Lancaster (Rádio Maranata FM – Teresópolis), Maria Luzia Franco de Abreu (Rádio Comunidade FM Friburgo), Rosayni Batalha (Rádio Brasil Rural FM – Teresópolis)
- Sociedade civil: Clarice dos Santos (Movimento Negro de Mulheres – Carmo), Mayner Souza (Fundação Natureza/Tecle Mulher – Nova Friburgo), Sílvio Rodrigues, o Silvio Poeta (Sindicato dos Vigilantes), Rita Ramalho (Centro de Estudos e Ação da Mulher Urbana e Rural), Isabel Kwiatkowski (Associação de Usuários de Rodovias), Rui Tomás (Centro Afro-Brasileiro Ysun Okê), Elisete Vianna (Associação de Moradores do Loteamento Imaculada Conceição – Nova Friburgo), Maria Luzia Luz (Grupo de Apoio à Criança do Caleme – Teresópolis) e Nilo dos Santos (Rotary Clube Teresópolis).
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