A obra e a arte de quatro grandes fotógrafos brasileiros, com seus olhares distintos, estão em exposição na galeria do Sesc. A mostra 4/quatro reúne trabalhos de Walter Firmo, Zeca Araújo, Levindo Carneiro e Américo Vermelho, que apresentam suas linguagens e revelam enredos visuais. A curadoria é da também fotógrafa Mônica Botkay, que destaca o caráter especial da mostra: “Nesse lugar afetivo, transcorrem o jogo e a brincadeira com os objetos, com a luz e as sombras que a natureza revela e o humano decodifica como cultura”, comenta.
Os visitantes podem conferir 32 fotografias que revelam o talento e criatividade dos quatro profissionais. Américo Vermelho possui um trabalho de documentação visual onde percebe o clandestino, a síntese do instante. Levindo Carneiro utiliza-se da manipulação digital e dos efeitos 3D para ilustrar seu sentimento ante à multiplicidade da cultura contemporânea. Walter Firmo valoriza a suavidade de cada elemento registrado na objetiva como traço poético das imagens. Zeka Araújo, pesquisador incansável, utiliza como base de suas criações a indagação permanente do que é natureza e o que é cultura.
Vale a pena visitar a mostra, em cartaz até dia 28, de terça a domingo, das 9h às 17h. “As obras desses artistas, através das suas diferenças individuais e autorais, constroem possibilidades capazes de surpreender e provocar múltiplas relações com o espectador”, acrescenta a curadora. O Sesc fica na Avenida Presidente Costa e Silva 231, Duas Pedras. Entrada franca.
Depoimentos dos fotógrafos que integram a exposição
“O olhar do fotógrafo desde o primeiro daguerretópico, até as atuais câmeras de celular, não é conduzido pela tecnologia usada, mas pela percepção dos instantes, pela busca da expressão humana. Aqui apresento uma mostra do que andei vendo em minhas andanças durante os anos 70/80”.
Américo Vermelho
“Os voos noturnos pela Amazônia, os igarapés escuros e os animais da floresta, a adolescência psicodélica, as caminhadas com tempestades pelas florestas úmidas das formigas tanajuras, as caçadas de tartaruga e peixe-boi, a insanidade religiosa e a sensibilidade do homem influenciaram nas imagens. Estas imagens quase psicografadas, quase artificiais, quase humanas estimulam o prazer pelo desconhecido, pelo pensamento, pelo caos, pela utilidade do nada, pelos estados de consciência alterada, visões, são quase um retrato da alma humana, o próprio DNA alterado”.
Levindo Carneiro
“Cada dia que vivo tento o além mesmo sabendo, o quão distante, minha infância em céus intangíveis. O tempo tudo corrói, mesmo na pureza do amor dia após dia, destrói, trazendo-nos o enigma mistério e dor”.
Walter Firmo
“As mãos impressas nas cavernas de Lascaux são autorretratos. Hippolyte Bayard se autofotografou usando objetos pessoais, como um chapéu de palha em 1840. Os Ready Made são a cara de Marcel Duchamp. A obra de Farnese de Andrade é autorretrato de vida inteira. São essas poéticas artísticas que fazem a vida surpreendente e possível. Fotografo por mais de quarenta anos, faço desses passos uma ponte, com muito carinho no meio”.
Zeka Araújo
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