I Conferência Municipal de Segurança Pública: Representante do Ministério da Justiça destaca a importância da participação popular no combate à violência e elogia o evento

quarta-feira, 29 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra
I Conferência Municipal de Segurança Pública: Representante do Ministério da Justiça destaca a importância da participação popular no combate à violência e elogia o evento
I Conferência Municipal de Segurança Pública: Representante do Ministério da Justiça destaca a importância da participação popular no combate à violência e elogia o evento

Indicadores de avaliação dos projetos implantados na segurança pública são ferramentas fundamentais para o sucesso de qualquer iniciativa no setor. O alerta é da socióloga Luciane Patrício, assessora da Coordenação Executiva da Conferência Nacional de Segurança (Conseg), que acontecerá mês que vem, em Brasília. Luciane foi a primeira palestrante da Comuniseg (Conferência Municipal de Segurança), representando o Ministério da Justiça. Ela elogiou a iniciativa do município em organizar a conferência livre, destacando o financiamento de projetos, repressão qualificada da criminalidade, prevenção social ao crime e o papel da imprensa, além da alta qualificação dos conferencistas.

Segundo Luciane, os programas do governo federal que destinam recursos para os municípios têm preocupação em analisar o monitoramento destes projetos. Ela destacou a importância dos conselhos comunitários de segurança nas discussões sobre a prevenção à violência e defendeu que os municípios precisam investir em equipamentos e qualificação técnica de pessoal.

A socióloga explicou que a desarticulação dos grupos criminosos, a valorização dos profissionais de segurança, o monitoramento e avaliação das políticas públicas no setor, investimentos em tecnologia e gerenciamento são prioridades do governo federal. Mas ressaltou a importância das ações preventivas e as atividades ligadas à área social, em que as áreas conflagradas recebam todo o apoio governamental, em educação, saúde, esporte e lazer, qualificação e capacitação profissional dos jovens.

“Não podemos permitir que se mantenha uma relação distanciada com o público. O problema é que as pessoas sequer frequentam as reuniões dos condomínios onde vivem e isso é uma herança cultural que precisamos combater”, afirmou.

 

PREVENÇÃO SOCIAL

A mesa que discutiu a prevenção social do crime reuniu os acadêmicos Filipe Honorato, da Universidade Candido Mendes, Sebastião Santos, do Viva Rio; e Cezar Honorato, do Observatório Urbano, da Uerj. As discussões foram mediadas por Filipe Honorato, também coordenador do Instituto Universitário de Políticas de Segurança e Ciências Policiais (IUPOL – da Candido Mendes).

Cezar Honorato afirmou que as políticas públicas precisam atuar no sentido de quebrar hábitos culturais da sociedade, em que as autoridades de segurança são encaradas como as únicas responsáveis pelo problema da violência. Honorato criticou a mídia, segundo ele um espelho da sociedade, responsável por propagar a sensação de insegurança e a construção do medo. O sociólogo alertou que a maioria das pessoas relaciona criminalidade com pobreza e miséria, o que faz com que se condene a pobreza e não o delito.

Honorato defendeu políticas sociais associadas a projetos de segurança e também convocou toda a sociedade a atuar diretamente na questão. O coordenador do Viva Rio, Sebastião Santos, afirmou que o governo federal vem investindo pesado em projetos para auxiliar os municípios. “Nunca tivemos tanto oportunidade quanto agora, com vontade política de quebrar paradigmas; há recursos para a formação correta de nossos agentes de segurança, e o envolvimento da sociedade civil é fundamental”, alertou.

 

IMPRENSA

O papel da imprensa na segurança pública mostrou a atuação de jornalistas no Rio, revelando falhas e apontando reivindicações da categoria, como maior transparência e relação de confiança entre as forças de segurança e os profissionais de mídia. Jorge Antonio Barros (editor de O Globo e autor do blog Repórter de Crime), João Antonio Barros (setorista de segurança de O Dia) e Raphael Gomide (repórter da sucursal Rio da Folha de São Paulo), que acumulam prêmios de jornalismo, falaram sobre a atuação da imprensa, em palestra mediada pela antropóloga Ana Paula de Miranda, da Universidade Federal Fluminense, e que escreve no blog Casos de Polícia, do jornal Extra.

Jorge Antônio Barros destacou que a imprensa evoluiu muito na cobertura de segurança, hoje encarada com mais respeito e que conta com profissionais especializados, preocupados em contextualizar os fatos e não apenas divulgar notícias de crime.

João Antonio Barros apresentou dois vídeos das últimas reportagens investigativas feitas pelo jornal O Dia e comentou sobre as dificuldades que os jornalistas enfrentam para atuar na área de segurança, lembrando o sequestro e a tortura de uma equipe quando apurava uma reportagem sobre a milícia nas favelas cariocas, e falou sobre a necessidade das forças de segurança terem mais confiança na imprensa.

Raphael Gomide, da Folha de São Paulo, falou sobre sua experiência na premiada reportagem O infiltrado, em que passou um mês em treinamento no curso para a PM, depois de ter enfrentado sete meses de processo seletivo. Ele falou dos problemas enfrentados pelos policiais, criticou a atuação violenta de agentes e relatou o drama vivido pelos PMs, estigmatizados pela sociedade.

O consultor da Força-Tarefa de Ordem Urbana, major Eduardo Castellano, reencontrou-se na conferência com o ‘aluno’ Raphael Gomide. O major foi um dos instrutores do grupo em que Gomide esteve ‘infiltrado’. Castellano ficou sabendo por Gomide que, ainda sem ter seu nome mencionado, irá virar personagem do livro que será lançado por Gomide no fim do ano.

A polícia que queremos:

Palestra une combate, inteligência e

tecnologia a serviço da segurança pública

A palestra sobre repressão qualificada à criminalidade reuniu os principais agentes de segurança da PM, como o novo comandante geral, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, que já esteve à frente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Instituto de Segurança Pública (ISP), o que lhe garante conhecimento sobre segurança, tanto na abordagem técnica e de inteligência quanto às operações de combate ao crime.

 Na plateia, dois ex-comandantes gerais da PM – o coronel Hudson Miranda, comandante da Força-Tarefa de Ordem Urbana de Nova Friburgo e o coronel Hilton Ribeiro, que também dirigiu o Bope; além do coronel Claudecir Ribeiro, comandante do Estado Maior da PM na época em que Hudson chefiava a corporação, e o comandante do 35º BPM (Itaboraí), coronel Macedo.

 O coronel Mário Sérgio anunciou que Nova Friburgo está nos planos para o aumento de efetivo, mas explicou que o momento é de estudos para a tomada de medidas mais urgentes. Ele disse também que o serviço de inteligência da corporação será mantido, mas ajustado a uma nova realidade. “A P2 não é um braço do Judiciário, mas deve trabalhar com serviço de inteligência, para planejamento da forca policial”, afirmou.

O comandante da PM explicou que está fazendo um remanejamento de pessoal para garantir um trabalho mais eficaz de prevenção ao crime. Uma das medidas foi retirar os policiais de postos de policiamento no interior de áreas de conflito. “Estou colocando gente no asfalto e retirando das favelas, onde os policiais se expõem e acabam reféns do tráfico”, explicou, descartando qualquer acordo com os criminosos.

 O comandante destacou ainda que não adianta reprimir a criminalidade sem criar condições para que a população possa viver dignamente. O major Fábio Sá Romeu, da Agência Central de Inteligência da PM, explicou como está estruturada a P2, enquanto o novo presidente do ISP, tenente-coronel Paulo Teixeira, revelou como funciona o instituto e sua importância para auxiliar a PM. O subcomandante do Bope, major PM Wilman Renê, mostrou vídeos sobre as ações do batalhão.

O major Renê contou também como é a rotina na comunidade de Tavares Bastos, em Santa Teresa, onde fica o Bope. Lá não existe criminalidade. A área está totalmente pacificada e é objetivo estender tal clima às demais comunidades carentes da capital.

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