UFF Friburgo vai inaugurar o primeiro separador de amálgama do Brasil

Equipamento permite descarte sustentável do material, que é utilizado em restaurações odontológicas e contém 50% de mercúrio na composição
sábado, 16 de novembro de 2019
por Jornal A Voz da Serra
UFF Friburgo vai inaugurar o primeiro separador de amálgama do Brasil

O Instituto de Saúde de Nova Friburgo (ISNF), unidade de ensino superior da Universidade Federal Fluminense (UFF), inaugura na próxima segunda-feira, 18, a partir das 12h, no Palacete do II Barão de Duas Barras, sede do ISNF, o primeiro sistema completo de separadores de amálgama do Brasil. O equipamento foi fornecido pela Metasys, empresa austríaca pioneira em soluções sustentáveis para a prática odontológica. O evento é aberto ao público.

Além do separador de amálgama, será instalado também um sistema que reduz o consumo de água em até 200 litros por hora, com a utilização de vácuo a seco, promovendo rotinas sustentáveis nas clínicas da UFF de Nova Friburgo.

“O amálgama dental contém cerca de 50% de mercúrio, ou seja, pode se transformar num risco ambiental e ainda provocar danos à saúde das pessoas”, alerta o professor Claudio Fernandes, coordenador da Agência de Inovação do ISNF e responsável pelo projeto.

“É uma iniciativa que mostra a preocupação da nossa universidade com as melhores políticas de sustentabilidade praticadas no mundo inteiro. É benefício para o Brasil e para Nova Friburgo”, afirma Amauri Favieri, diretor do ISNF.

A reciclagem

O sistema de reciclagem que será instalado no ISNF garante que os resíduos gerados pela remoção de restaurações de amálgama sejam eliminados de uma forma ambientalmente correta, evitando o despejo nas redes de esgoto, o que pode contaminar o solo e os rios.

De acordo com Claudio Fernandes, “o amálgama dental ainda é um material muito utilizado no Brasil, especialmente no setor público, em função do baixo custo e da simplicidade de uso”. Ele ressalta ainda que “estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) provam que a Odontologia consome cerca de 10% do mercúrio produzido no mundo, mas é responsável por quase 50% das liberações em solo urbano, em função da grande capilaridade dos consultórios dentários”.

O tema passou a ser mais discutido mundialmente após a ratificação, pelo governo brasileiro, da Convenção de Minamata sobre o mercúrio, que foi organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Convenção prevê a erradicação do mercúrio do planeta, em função dos elevados riscos ambientais e para a saúde.

Como funciona a parceria

A parceria representa um investimento de cerca de 100 mil euros da Metasys, em dois anos, com equipamentos, eventos e subsídios para pesquisas. Em contrapartida, o ISNF se compromete em aplicar expertise para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e programas de educação para apoiar a sustentabilidade na Odontologia.

O material recolhido será retirado anualmente pela empresa para tratamento na Áustria, em plantas de reciclagem. Não existe esse tipo de serviço no Brasil. A Metasys pretende doar um sistema completo para teste nas unidades de saúde do município de Nova Friburgo, com apoio da UFF, para treinamento dos técnicos e medição de resultados.

Economia de água

A outra vertente do projeto, que prevê economia de até 200 litros de água por hora, também tem o objetivo de promover a sustentabilidade nas rotinas das clínicas de Odontologia da UFF.

“O alto consumo de água nos consultórios dentários é um problema há anos. Pesquisa da UNESP em faculdades de Odontologia mostra que a média de consumo de água dos dentistas chega a ser sete vezes maior que a média recomendada pela OMS. E o grande vilão é o sugador, aquele equipamento responsável pela sucção de saliva durante os tratamentos”, esclarece o professor Claudio.

“A água limpa que chega ao consultório fica conectada no sistema de aspiração das bombas a vácuo, para gerar a sucção necessária. O consumo pode chegar a 200 litros de água por hora de uso. Com a instalação da tecnologia de vácuo a seco da Metasys, esse enorme desperdício vai acabar. O impacto poderá ser sentido também nas contas de água”, concluiu.

 

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