Da antiguidade até os dias atuais, o vinho já causou guerras, selou a paz, celebrou vitórias esportivas, coroou reuniões de negócios e consolidou grandes amizades. Vinho e história se entrelaçam de tal maneira que não se pode dissociá-los. Cada garrafa carrega em si a história de sua região e bastante da cultura de seu povo. Falar de vinhos, portanto, é falar de história também. Então, vamos falar aqui da trajetória do milenar líquido juntamente com fatos e passagens marcantes para a própria humanidade.
Foi por volta das idades Antiga e Clássica - 4000 a.C. - que surgiram os primeiros indícios de vasos e recipientes utilizados para o serviço e consumo do vinho no Egito e na Fenícia. Portanto, pode-se considerar que seu nascimento se deu naquele período e época. Passados cerca de 3000 anos dos primeiros sinais de vinho na terra, surgiram evidências mais concretas da bebida, com os fenícios. Já estamos em 1100 a.C.
Mas, os primeiros mestres só foram aparecer por volta 750 até 150 a.C., e eram gregos. Eles dominaram as técnicas de vinificação e levaram o cultivo de uvas à Itália, mais precisamente à Enotria, que ficou conhecida como a terra do vinho, à Marselha (antes de ser integrada à França) e à Espanha. Os gregos foram responsáveis pela industrialização do vinho no sul da Itália e os etruscos na Toscana.
Entre 150 e 100 a.C., já então sob a benção de Baco - o Deus do vinho, os romanos investem pesado na agricultura e identificam as melhores regiões para cultivar vinhas. O Império Romano ampliava seus domínios e o vinho atuava como instrumento para demarcação de território. Especula-se que, dessa forma, a cultura do vinho tenha chegado à Gália (França).
O período que abrange os séculos que vão de 100 a 500, é marcado pela incidência de vinhedos naquelas regiões francesas que um dia ficariam famosas: no século 1 no Loire e no Rhône, no século 2 na Borgonha, no século 4 em Champagne e Alsácia.
A ciência promove novas descobertas
Na Renascença, entre 1100 e 1450, sem sofrer influência soberana da igreja durante a Idade Média, a região francesa de Bordeaux, então conhecida como Aquitânia, volta toda sua produção para o abastecimento da coroa britânica.
Com a intensificação da guerra entre França e Inglaterra, a crescente insatisfação da população, veio a histórica revolução francesa. Corriam então as sangrentas décadas entre 1700 e 1800. Como os vinhos de Bordeaux não estavam mais chegando aos ingleses, o grande beneficiado foi o vinho do Porto, que passou a ser consumido pelos britânicos por falta de opções.
Em meio a esses tempos turbulentos, tivemos a Idade Moderna (1450 – 1700). Mesmo concorrendo com produtos como a cerveja, a tecnologia desenvolvida para produção de garrafas de vidro, mais resistentes, mantêm o mercado do vinho ativo. É quando se descobre que o vinho engarrafado e arrolhado dura mais que nos barris. Da mesma forma, nota-se que a bebida podia evoluir na garrafa, valorizando os vinhos com maior potencial de envelhecimento.
Então, chegamos à Idade Contemporânea, compreendida pelos anos 1800 – 1900. Em 1855 é realizada a classificação, até hoje em vigor, dos vinhos de Bordeaux. Poucos anos depois, Louis Pasteur conclui as primeiras pesquisas identificando a ação das leveduras na fermentação do vinho. E a Califórnia (EUA) começa a despontar como região vinícola.
As guerras mundiais e a era tecnológica
Século 20, 1900 – 2000. Após um início marcado por guerras e pela lei seca, o vinho volta ao auge com significativo apoio científico. O grande controle dos processos de cultivo da videira e de fermentação permitem que a cultura da produção de vinho se expanda para países quentes. Torna-se possível produzir vinho mesmo nos ambientes mais hostis.
Até que hoje, anos 2000, os processos de produção são rigorosamente controlados. Identificam-se os clones de videiras que se deseja plantar, escolhe-se a levedura mais adequada ao estilo de vinho desejado. A colheita é feita com máquinas e barricas de carvalho, taninos e ácidos enológicos fazem parte do arsenal à disposição do produtor, que, por sua vez, pode contar com consultoria internacional para produzir vinho em quase todas as terras do planeta. Ao mesmo tempo, observa-se uma “contracorrente” que prefere cultivar uvas organicamente e tenta intervir o mínimo possível nos processos de vinificação.
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