Com a licença de operação suspensa pela prefeitura desde o início de setembro, o crematório de Nova Friburgo, da Igreja Luterana, deve voltar a operar até o fim deste mês, sob nova gestão. A Etternos, empresa que exerce administrativamente a gestão do cemitério luterano, no Paissandu, desde o fim de outubro, assumirá também a gestão do crematório, tão logo seja expedida nova licença pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A expectativa é que isso ocorra ainda este mês.
Em atividade desde 2009, o crematório de Nova Friburgo é o único do interior do Estado, atendendo a toda Região Serrana, Centro-Norte Fluminense e parte da Baixada Fluminense. No entanto, a atual direção da Comunidade Evangélica Luterana de Nova Friburgo, que assumiu a gestão em 2017, afirmou ter encontrado inconsistências em contratos e licenças obtidas pela empresa que, até então, operava o cemitério e o crematório.
O resultado disso é que a licença de operação do crematório foi suspensa pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente no início de setembro. De lá para cá, portanto, nenhuma cremação pôde ser realizada. Um membro da Igreja Luterana foi nomeado pela direção para administrar o crematório e o cemitério enquanto uma nova empresa não era contratada, o que aconteceu no último dia 21 de outubro com a assinatura do contrato com a Etternos.
Cemitério e crematório sob nova gestão
“No crematório, ainda estamos aguardando a obtenção de licença por parte da prefeitura, que vai tratar esse assunto com bastante rigor. Ela sabe a importância da operação crematorial para a cidade e para a região, afinal de contas é um serviço de utilidade pública que foi paralisado. Acredito que num prazo de 10 a 15 dias essa licença já estará expedida para que a possa retomar as operações do crematório”, disse Alexandre Rezende, consultor da empresa Etternos, contratada pela Comunidade Evangélica Luterana de Nova Friburgo para administrar o cemitério e o crematório.
Apesar de ainda ter que aguardar pela licença que irá liberar novamente o funcionamento do crematório, o cemitério já está sendo administrado pela empresa Etternos. “A celebração do último Dia de Finados, inclusive já foi sob nossa operação. Tivemos aqui aferição de pressão arterial e glicemia, a presença de uma enfermeira, além da distribuição de rosas e de mudas de ypê. Também iniciamos os levantamentos para a revitalização do espaço. Vamos melhorar a comunicação visual para melhor direcionar as famílias aos jazigos dos seus entes queridos. Estamos elaborando com profissionais da área um catálogo das espécies da fauna e da flora que habitam ou visitam o local. Tudo para trazer para cá um novo conceito de humanização para os momentos de dor e tristeza para as famílias, mas que também deve ser de paz, reflexão e tranquilidade”, concluiu Alexandre Rezende.
O que diz a Igreja Luterana
A VOZ DA SERRA também procurou o presidente da Comunidade Evangélica Luterana de Nova Friburgo, Maurício de Souza Guimarães, em busca de um posicionamento oficial da Igreja Luterana com relação à suspensão da licença do crematório. “A Igreja Luterana sentiu muito todo esse imbróglio. Afinal de contas, falar do Cemitério Luterano é falar da história de Nova Friburgo. A Comunidade Evangélica Luterana de Nova Friburgo pede desculpas à população friburguense pela paralisação desse serviço de grande importância social para a cidade e para a região. Mas, estamos conseguindo solucionar todos esses problemas e, em breve, vamos prestar novamente um excelente serviço à sociedade no nosso crematório”, declarou Maurício de Souza Guimarães.
O Crematório de Nova Friburgo
De acordo com levantamento feito por A VOZ DA SERRA no ano passado, uma média de 20 corpos por mês eram cremados no local enquanto ainda estava em operação, 80% deles de fora de Nova Friburgo, vindos de cidades como Teresópolis, Petrópolis, Macaé, Campos, Búzios, Silva Jardim.
Segundo o site do crematório de Nova Friburgo, o espaço “surgiu da iniciativa da Igreja Luterana de Nova Friburgo visando uma atividade que gerasse recursos para a construção e manutenção de uma casa para idosos. Com isso, os lucros obtidos com a operação do crematório serão revertidos para este objetivo”.
As vantagens da cremação
Apesar de ser uma tradição que já era praticada por gregos e romanos 1000 anos antes de Cristo, a cremação já foi considerada um tabu para a sociedade, principalmente por motivos religiosos. Porém, cremar o corpo tem sido a forma de despedida escolhida por muitas pessoas atualmente, e isso se dá por inúmeras razões.
Um dos motivos principais é que o processo não agride o meio ambiente. As cinzas que são geradas durante a cremação não apresentam nenhum tipo de contaminação, tanto quando são espalhadas em locais públicos, como quando ficam guardadas em casa. Elas são compostas, basicamente, de cálcio e potássio. Cremar o corpo também impede que ele e os outros itens sofram decomposição. Isso evita a geração de qualquer tipo de resíduo, sólido ou líquido, que possa contaminar o meio ambiente.
Além disso, as tecnologias envolvidas no processo crematório, aliadas à falta de espaço dos cemitérios das cidades, colocam essa prática como um dos métodos que menos agride o meio ambiente.
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