Um dos destaques da Expo Cordeiro, rodeio divide opiniões

Veterinários e ONG vão acompanhar de perto os animais durante o evento, que começa nesta quarta
terça-feira, 16 de julho de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
A Expo Cordeiro (Divulgação)
A Expo Cordeiro (Divulgação)

 

Nesta quarta-feira, 17, começa mais uma edição da Exposição Agropecuária de Cordeiro. Tradicional, o evento atrai público de várias regiões do Estado do Rio e também de Minas Gerais. Com muita comida típica de festas juninas, além de outros quitutes, bebidas, parque de diversões e shows de artistas nacionais, a expo vai até o próximo domingo, 21, no parque de eventos Raul Veiga, com  expectativa de casa cheia todos os dias. A edição de 2019 reserva também a realização de um rodeio, previsto para acontecer de quinta, 18, a domingo, 21. A atração, que é um dos destaques da programação,  divide opiniões e causa polêmica.

Durante todos os dias, artistas de peso vão passar pelo palco da Expo Cordeiro: Felipe Araújo (quarta, 17), Jota Quest (quinta, 18), Marcos e Belutti (sexta, 19), Xande de Pilares (sábado, 20) e Zezé Di Camargo e Luciano (domingo, 21). Após a divulgação dando conta que rodeios seriam incluídos na programação, muitas pessoas foram às redes sociais para questionar os motivos da atração. Os animais que participarão do rodeio vêm sendo acompanhados de perto por uma ONG de proteção animal, veterinários e pessoas ligadas à causa animal. Tão logo anunciada, a atração trouxe o debate sobre sua realização e a possibilidade de maus tratos aos animais.

No último dia 8 A VOZ DA SERRA enviou 13 perguntas para o secretário municipal de Turismo de Cordeiro, Fabrício Barros, sobre a exposição agroipecuária, dentre elas, cinco eram sobre o rodeio e as garantias de que os animais seriam bem tratados, mas não obteve resposta. 

Um grupo de pessoas contrárias à realização do rodeio também enfrenta dificuldades para conseguir informações sobre a atração e se queixam de terem sido bloqueadas em redes sociais, bem como seus comentários apagados, pelo perfil oficial da Exposição de Cordeiro no Instagram, após questionamentos sobre o rodeio. O perfil que é aberto ao público, encontra-se indisponível para essas pessoas.

O que dizem os especialistas

A VOZ DA SERRA procurou veterinários e uma ONG de Cordeiro para saber sobre as garantias que os animais terão nos rodeios. De acordo com um veterinário que pediu para não ser identificado, muitos fatores podem acarretar maus tratos a animais durante um rodeio. “As lesões normalmente podem estar relacionadas com o transporte, lesões em pescoço em provas de laço, falta de alimentação e com instrumentos utilizados de forma ilegal, como bastão elétrico, esporas que perfuram etc”, enumerou. 

Segundo a veterinária Clara Daflon, que vai acompanhar os animais durante todo o evento, além de problemas durante o transporte, o animal pode ser exposto a temperaturas desconfortantes. O piso, se não for emborrachado, pode causar lesões. Instalações inadequadas completam uma extensa lista de agentes causadores de maus tratos.

Ainda de acordo com os veterinários, as lesões podem até levar o animal à morte, caso a fiscalização não ocorra de forma satisfatória. “Um animal pode estar estressado por suas próprias características naturais. Problemas externos podem deixar o animal mais agitado ou quieto. Pode haver escoriações, fraturas ou até lesões que levem à morte. Tudo depende da intensidade da lesão. Todos esses problemas podem ser evitados quando cumprido o que está previsto em lei. Em rodeio regularizado, raramente acontece um problema”, explicou o veterinário que preferiu não se identificar.

Já para a veterinária Clara, é possível realizar um rodeio sem que o animal seja prejudicado. “Tecnicamente, sim. Basta não seguir os exemplos de maus tratos e disponibilizar ao animal uma alimentação e instalações adequadas, além de água sempre acessível. Digo isso baseada em estudos recentes sobre bem estar animal. Minha opinião pessoal, no entanto, não está retratada nessa entrevista, considerando que os rodeios no Estado do Rio são permitidos por lei. Mas temos que assegurar o bem estar dos animais”, pontuou.

Rogério Bernardes, presidente da ONG Ser da Terra, de Cordeiro, foi contatado através de uma mobilização na internet para ajudar na fiscalização. “Visitei a fazenda onde os animais ficam e verificamos que eles estão sendo bem tratados. Verificando as condições desses animais no parque de exposições, não vejo nada que desabone a realização da atração. Somente após o evento poderei assegurar se houve a integridade dos animais”, disse Rogério.

 

Infelizmente não obtivemos respostas da secretaria de Turismo quanto a realização do evento, bem como as garantias de que os animais que serão expostos e que participarão do rodeio receberão o tratamento adequado. Também não houve resposta quanto a forma de diálogo com grupos contrários à realização do rodeio e ao bloqueio do acesso de algumas pessoas ao conteúdo do perfil oficial da Exposição de Cordeiro.

 

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