Às Índias o equilíbrio

terça-feira, 07 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Harmonia. Senão paz, amor, felicidade, sucesso, riquezas ou aventuras, que ao menos possamos ter harmonia. Como para todos os demais grandes tormentos da vida moderna, também para o equilíbrio há um sem número de meios facilitadores para que ela seja alcançada. Alguns a encontram em livros de autoajuda, outros conseguem essa quietude entre as paredes de um templo. E há quem construa, também.

O indiano Sandeep Garg está pela primeira vez no Brasil para ministrar um curso de Vastu Shastra. Astrólogo védico, numerólogo e consultor de Vastu, este homem que carrega a luz do sol em seu nome (San = sun; Deep = light), vive em Nova Delhi numa casa com mais onze pessoas, entre esposa, filhos, pais e irmãos, aproveitou a breve passagem por Nova Friburgo, onde pôde conhecer um pouco da serra fluminense em companhia de seu sócio, Nilson Dias, ou Krishnaprem, para falar sobre o Vastu Shastra, uma espécie de Feng Shui indiano. Nilson e Sandeep mantêm juntos o site www.portalindia.com.br, onde diversas informações sobre ciências védicas podem ser encontradas.

A Ciência do Bem-viver, como o Vastu Shastra também é conhecido, é a milenar ciência védica da arquitetura, que oportuniza lidar com influências espirituais e energéticas das paisagens a fim de harmonizar o ambiente. Isto pode ser aplicado na construção de casas, buscando canalizar os elementos da natureza na intenção de trabalhar de forma coerente com as outras forças naturais como a gravidade, energias solar e magnética e seus efeitos combinados em benefício dos indivíduos que ali residem.

Custando cerca de R$ 1mil, os cursos ministrados por Sandeep buscam capacitar indivíduos para que promovam o Vastu Shastra, um mercado de consultoria e mão de obra especializada que movimenta cerca de US$ 250 milhões por ano. Sendo aplicados em Curitiba, São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro, os cursos de Vastu Shastra buscam a consciência da construção adequada, com desenho agradável, com a morada da boa saúde, riqueza, inteligência, boa progênie, paz e felicidade, buscando redimir o dono de débito e obrigações, fazendo ainda com que o universo fique à luz da satisfação e do bem-estar generalizado.

Índia: realidade X ficção

Uma boa forma de se entender a vivência da fé hindu pode ser encontrada no romance semi-biográfico O Fio da Navalha, de Somerset Maugham), onde o protagonista, Larry, relata que em uma viagem à Índia encontrou diversas vezes um homem em peregrinação. Ao fim da jornada, resolveu questioná-lo sobre as dificuldades da jornada. “Como dormia? Onde comia?”, eram algumas das perguntas feitas por Larry. “Dormia quando tinha sono, comia quando me davam de comer”, foi a resposta obtida. O peregrino acompanhado por Larry era um homem rico, de posses, que resolvera se entregar por um período de sua vida à peregrinação.

Este é um bom modo de se compreender o modo de viver hindu. Nem tão triste quanto a obra Quem quer ser um milionário?, nem tão feliz quanto a novela Caminho das Índias, isto é o que garante Sandeep. Embora estas produções sejam enormemente responsáveis por tornar a Índia popular nos últimos tempos, não foram capazes de mostrar a vida no país tal qual ela é.

“Vivemos harmoniosamente com nossa pobreza e com nossa vida, não enxergamos as coisas como boas ou más, mas sim como fatos, como partes do caminho, assim vivenciamos nossa fé”, revela Sandeep, mostrando que ainda há muitos caminhos nesse mundo a serem explorados.

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