Na condição de católico, e mesmo que assim que não o fosse, venho a público - ainda que estando fora da cidade, participando de evento em que represento a Prefeitura de Nova Friburgo no 4° Salão Nacional do Turismo - esclarecer alguns fatos controvertidos da carta publicada por esse jornal, em sua edição do último dia 30/06, “O que não foi dito na reportagem do Sr. Secretário de Turismo”, que começa equivocada já no título, pois trata-se de material expedido à imprensa pela Secretaria de Comunicação Social/PMNF, a fim de esclarecer à população, ao cidadão e ao contribuinte os motivos e a finalidade da iniciativa de intervir no mencionado festejo. A Igreja, ou qualquer outra instituição, beneficente ou não, tem por dever comunicar às autoridades competentes os eventos que promovem, não apenas por obrigação, mas por questões de segurança, pois afinal é preciso que, em quaisquer dessas situações, seja providenciado policiamento (civil, militar, Corpo de Bombeiros, ambulância, etc).
No dia 19 de junho, recebi vários telefonemas de turistas e mesmo friburguenses, reclamando que a montagem que estava sendo feita na praça Dermeval Barbosa, para a citada festa, não combinava com a nova imagem da cidade que temos buscado no atual Governo. Fui pessoalmente conferir e constatei que as 12 barracas cedidas pela ‘Fábrica de Eventos’ não estavam em condições ideais de uso; assim como as demais (mais de 20), pois tinham barracas com cobertura de zinco, de madeira, de arame. Enfim, tinha de tudo (conforme as fotos publicadas); naquele universo, caberiam cerca de 12 barracas e não próximo as 40, conforme constatou o Secretário de Ordem Urbana, coronel Hudson de Aguiar. Procuramos então o Sr. Bento Bullé Medeiros Ferreira que, cavalheirescamente, nos recebeu. Reconhecemos que a desordem era grande, que a depredação dos jardins era visível, e mesmo os diversos riscos para a integridade física do público, já que a distância entre as barracas, em alguns casos, era menor do que 30 centímetros.
Propomos, então, a contratação de barracas padronizadas, devidamente aceitas pelo Sr. Bento e demais barraqueiros. A unidade das barracas, evidentemente, aumentou o espaço físico para o público. Um público numeroso, conforme se constatou ao longo dos dias seguintes, levando os barraqueiros a faturarem acima do esperado como disseram. Vale lembrar ainda que, a troca das barracas não adiou o início dos festejos.
O lamentável é que a correspondência do senhor Bento Bullé - aliás, qual seria sua autoridade para falar em nome da Igreja?!?! - deixa de ser um instrumento de esclarecimento e passa a ser de cunho pessoal, quando o autor chama o então colunista de “AVS” de “maldoso”, por ter, em 2007/2008, dado “nota 0” para a instalação da mesma festa. O hoje secretário, pelo contrário, segue coerente na mesma linha de conduta. Ou seja, quer uma cidade ordeira, com segurança e beleza aos olhos. Os carros sobre a calçada da praça igualmente nos incomoda e preocupa. Temos feito todos os tipos de esforços para acabar com essa prática condenável e que veio se arraigando.
Lamentável também, e profundamente, a nítida impressão que o autor deixa, ao querer jogar a Igreja, não contra o secretário, mas contra o cidadão Sergio Madureira, inclusive, relembrando fatos ocorridos, em anos anteriores. Até porque, desta vez, não se tratou da atitude isolada, mas a decisão de Governo. Na mesma noite do dia 19, eram já dez horas da noite, meia dúzia de secretários estavam na praça, por determinação do senhor prefeito, cujo Gabinete também recebera, no mesmo, dia telefonemas reclamando da verdadeira balbúrdia que se instalara numa de nossas principais praças.
Vale inclusive a pergunta: por que não houve queixa à época? O que não foi dito e deve ser averiguado por esse conceituado jornal, no mercado há décadas e, portanto, com responsabilidade suficiente para tal, é sobre o valor de aluguel das lonas de cerca de 30 barracas (R$ 6.300,00, segundo soubemos a R$ 180, o valor unitário), dos quais R$ 100 teriam sido pagos pelos próprios barraqueiros. Enquanto em outro trecho, diz a carta do senhor Bento Bullé: “(...) como forma de custear o seu sustento (dos barraqueiros) com trabalho e honestidade, acatamos a absurda exigência daqueles senhores”.
Interessante. O senhor Bento, neste caso, exerceu realmente o seu lado humano, mas não fez o mesmo ao exigir que cada barraqueiro pagasse a soma de R$ 800, assim como não se reportou à Secretaria Municipal de Fazenda junto à qual deveria ter obtido a autorização para recolhimento da taxa de licença para o exercício de comércio eventual (conforme preconiza a lei complementar 25/06 - Código Tributário Municipal, em seu artigo 227, inciso II), como tem sido feito em demais festejos na cidade.
Em tempo ainda: foi graças “a ajuda” dos próprios barraqueiros que as barracas foram desmontadas e remontadas sem prejuízo para o início das festividades. Vale ressaltar que os barraqueiros são dóceis e prestativos, mas na maioria das vezes acabam sendo maltratados e humilhados, sem qualquer motivo. Aliás, não existe nenhum motivo, em circunstância alguma, que possa levar um ser humano a destratar outro ser humano, principalmente sendo cristão.
Por uma Nova Friburgo cada vez mais bonita, de bom gosto, com festas sim de qualidade, com higiene, segurança e funcionalidade. Não só para a comodidade de turistas, mas principalmente porque o povo friburguense - essa gente mais do que especial – merece e precisa. Sim, exatamente por isso que estou (ou estamos no Governo). E é por essa causa nobre que vamos lutar até quando for possível.
Sergio Madureira – Secretário de Turismo
Nota da redação (1)
A publicação da carta acima deverá ensejar o fim da polêmica das barracas sem mais delongas e sem tréplicas. É que todo tipo de discussão precisa observar um liame de bom senso no exato momento em que se esgotam todos os argumentos e os personagens passam às acusações vazias. Portanto, e como ambas as partes dispuseram de espaço suficiente para exposição de suas razões – haja vista, inclusive, termos liberado a publicação integral de suas cartas, o que, por razões técnicas e profissionais, poderíamos ter limitado – com certeza não voltaremos ao assunto.
A VOZ DA SERRA, ao longo de seus 64 anos de existência, tem sido um precioso espaço dos mais democráticos no que tange ao acolhimento de reivindicações e opiniões de toda a comunidade, sem em nenhum momento questionar a posição política, ideológica, partidária, cor ou credo dos milhares de leitores que buscam nossas páginas para manifestar os mais diversos problemas e situações.
NOTA DA REDAÇÃO (2)
A prova inconteste da nossa decisão em dar por encerrada a divulgação da polêmica está bem justificada no exacerbado parágrafo do texto onde este jornal é citado, quando o missivista nos atribui a “responsabilidade” de averiguar o valor do aluguel das lonas, tendo em vista “estar no mercado há décadas”. Mercado de que? De lonas ou de festas juninas?
Sinceramente, não podemos pactuar ou mesmo entender tal sugestão. Lidamos com informação e verdade, que resultam no trabalho sério e de enorme credibilidade apresentado diariamente em nossas páginas. Não participamos ou integramos o mercado das lonas, das festas, dos eventos e, muito menos, das fofocas e maledicências alheias, pois isto não nos interessa e duvidamos que interesse ao leitor.
Nossa responsabilidade, enquanto veículo de comunicação, conhecemos bem e fazemos questão de cultivar. E é exatamente a grande responsabilidade que pontua nosso trabalho, que nos garante o cumprimento imparcial de nossas atividades e o total comprometimento e cumplicidade com nossos leitores. O mais, cada qual deve buscar resolver suas questões e eventuais complexos, sem envolver nossa inquestionável condição de líder que, de forma inegavelmente responsável, escolhe as próprias lutas que queira travar, mas sempre em nome do bem comum. E é também, em nome do bem comum, que exigimos respeito.
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