Sensibilizados com as péssimas condições estruturais do Colégio Municipal Odette Pena Muniz, no bairro Vila Nova, alunos, ex-alunos e funcionários da unidade iniciaram uma campanha para arrecadar fundos para promover a reforma e a melhoria da tradicional escola. Até uma vaquinha online (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/589648) foi criada para auxiliar a obtenção dos recursos.
Inaugurado em 1972, o Colégio Municipal Odette Pena Muniz foi projetado para receber até 150 alunos, mas hoje conta com cerca de 550 matriculados e aproximadamente 70 funcionários. A unidade oferece do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, além da Educação para Jovens e Adultos (EJA). São 24 turmas no total, sendo oito em cada turno: manhã, tarde e noite. Mesmo tão tradicional, o colégio OPM padece com as péssimas condições de conservação e necessita de inúmeras melhorias.
Os problemas
A precariedade na estrutura física da escola já se observa no pátio. O muro apresenta uma enorme rachadura e ameaça cair a qualquer momento. A quadra esportiva também está sem pintura, com as grades quebradas e enferrujadas e sem iluminação. Do lado interno, há ainda mais problemas.
As salas são pequenas, abafadas e estão com o piso estufado e sem vários tacos de madeira, o que pode provocar a queda de um aluno ou funcionário. Os forros de madeira estão infestados de cupim e caindo aos poucos. Em dias de chuva, as goteiras são outro problema: “Chove mais dentro do que fora da escola”, se queixou uma aluna que preferiu não se identificar.
A cozinha da escola também é pequena e com pouca ventilação. O refeitório foi improvisado no corredor principal da escola. Algumas paredes estão descascando devido a umidade, também há buracos no chão e nas paredes e muita fiação exposta, o que coloca em risco a vida dos alunos e funcionários da unidade escolar.
Banheiros são conhecidos como “Carandiru”
Um dos principais carências, no entanto, é a má conservação dos banheiros: “São piores que de rodoviária”, desabafou uma funcionária que também não quis se identificar. Logo na entrada do sanitário masculino, um tapume improvisado bloqueia uma das entradas e dá um aspecto horrível ao local. Alguns vidros estão quebrados, a pintura está desgastada, faltam portas nas cabines, tampas nos vasos sanitários e nos ralos. Tudo isso sem contar o odor desagradável de esgoto e nas inúmeras pichações.
“Eu tenho vergonha do banheiro que os alunos têm aqui. É uma coisa assustadora. Não tem o mínimo necessário. Vemos o esforço do pessoal da limpeza para tentar manter o asseio adequado, mas é impossível. É desagradável trabalhar e estudar num ambiente como esse”, lamentou o professor Gérson da Costa Miranda, que trabalha no OPM há 22 anos.
Estrutura precária, mas ensino de qualidade
Apesar dos inúmeros problemas estruturais do Colégio Municipal Odette Pena Muniz, a diretora Leila Maria Fernandes (foto mais abaixo), que está há quatro anos à frente da unidade, exalta o empenho e dedicação da equipe de professores e funcionários, destaca a importância cultural da tradicional e premiada Banda de Tambores do OPM e garante a qualidade do ensino oferecido.
“Nós somos cobrados diariamente por esses problemas. Não apenas pelos pais, mas também pelos alunos. Em parte, até que estamos sendo atendidos pela Secretaria Municipal de Educação. Mas ainda não o suficiente para termos uma escola de qualidade. Pedagogicamente é de muita qualidade. E isso já vem de anos. Mas estruturalmente não atende às necessidades de uma escola que tem três turnos, quase 600 alunos e cerca de 70 funcionários”, afirmou a diretora.
“É uma escola totalmente obsoleta. Já que se diz que o Odette Pena Muniz é uma escola de excelência, precisamos de instalações novas para poder oferecer o melhor aos nossos alunos”, finalizou o professor Gérson.
O vereador Johnny Maycon manifestou apoio à campanha dos alunos e informou que a Câmara Municipal vai acompanhar o caso. “Vamos providenciar requerimento de informações à prefeitura. Queremos ter acesso ao processo administrativo sobre as intervenções feitas na unidade e queremos saber o objetivo da Secretaria de Educação em construir uma nova escola em outro espaço”, disse.
Problemas estruturais foram tema de redação
Alunos, professores e funcionários são os mais afetados pela precariedade da estrutura física da escola. Após uma chuva que destruiu materiais acadêmicos, os professores propuseram um trabalho diferente. Os alunos tiveram que escrever redações relatando as principais necessidades da escola. E o resultado foram textos incríveis, com mensagens emocionantes, que mostram jovens desmotivados pela falta de estrutura do ensino público.
“Em geral, as escolas públicas estão com uma infraestrutura precária. Em consequência disso, muitos alunos se sentem desmotivados e até abandonam os estudos. Convém ressaltar que essas situações desconfortáveis são resultado da falta de interesse dos governos que não priorizam o ensino público”, diz trecho da redação de uma aluna do 5º ano.
“Os políticos não priorizam as instituições de ensino municipais porque seus filhos estudam em colégios particulares, e se acham superiores a nós. Mas esquecem que nós, alunos de escolas públicas, temos a mesma capacidade que todos eles, por isso merecemos uma qualidade de ensino a altura dos colégios particulares”, conta outro trecho de redação de um aluno.
O que diz a prefeitura
Sobre as condições do Colégio OPM, a Secretaria Municipal de Educação de Nova Friburgo informou em nota que “tramita um processo para a construção de uma nova sede no terreno ao lado da creche na Rua Prudente de Moraes, na Vila Nova. Planta, memorial descritivo, orçamento, entre outros, seguem os procedimentos para que possa ser feita a licitação e, posteriormente, a obra de construção”.
A Secretaria de Educação informou ainda que vem procurando um prédio para alugar com o objetivo de transferir os alunos até que a nova sede seja construída. Já foi feita tentativa de locação do prédio da Universidade Candido Mendes (Ucam), mas sem sucesso. Outro prédio está sendo visto para que os alunos possam estudar em espaço mais adequado.
Sobre reformar a atual sede, a Secretaria acrescenta que, além da demora, o valor a ser investido para manter um espaço que já está ultrapassado em relação ao que o Ministério da Educação (MEC) considera como adequado, não atenderia aos princípios da economicidade. “Portanto, a opção viável é a construção da nova sede, seguindo as recomendações do MEC como, por exemplo, acessibilidade, entre outras”, informou a pasta.
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