As fortes chuvas que caíram no Rio trouxe à tona um fantasma que todo friburguense não gostaria de rever. A tragédia de 2011 deixou cicatrizes, deixou marcas, deixou medo. A cada chuva forte a pergunta é: “Será que Nova Friburgo está preparada para uma situação como essa?”. No Parque Maria Teresa, onde muitas pessoas perderam vidas, uma situação ficou exposta e só após oito anos, depois de muita pressão, o poder público começou a resolver.
A pedra que ameaça rolar sobre 15 casas no Parque Maria Teresa é um dos grandes problemas e causadores de apreensão. Isso porque, em meados de fevereiro, 15 famílias tiveram que sair de suas casas por conta do risco iminente de uma tragédia. As obras de contenção começaram em abril e tinham previsão para durar cerca de um ano. Os moradores que tiverem suas casas interditadas e, de acordo com a prefeitura, recebem por mês um aluguel social de R$ 700.
Segundo os moradores afetados, a obra tinha um projeto inicial para conter a pedra principal e outras pedras na encosta. “Eles falaram que a obra teria um custo de R$ 1,2 milhão, sendo R$ 500 mil pagos pela prefeitura e o restante pelo estado. A ideia era fazer uma cortina de concreto de mais ou menos 35 metros, além de fazer a drenagem e consertar as canaletas, mas depois nos informaram que mudaram o projeto, dizendo que ficariam apenas em R$ 500 mil e que só fariam uma pequena contenção na pedra principal. Não apresentaram projeto, não tem nem o nome do engenheiro responsável”, disse uma das moradoras que teve a casa interditada, Maria do Socorro Tardin.
A moradora faz um apelo para que a Secretaria de Obras fique atenta a outros problemas. “Tem muita água e muitas nascentes aqui. O problema não é só a pedra. Tem que se fazer a drenagem de toda a encosta, se não vai desmoronar junto e as canaletas que estão quebradas”, indica.
De acordo com outra moradora, Ana Luísa de Castro, há um grave problema com relação ao aluguel social. Desde fevereiro os valores já deveriam ter saído para as famílias, mas segundo as moradoras nenhuma delas recebeu o benefício. “Segundo a Secretaria de Assistência Social, depois que nos foi dado o aviso para sair de casa, em até dez dias, começaríamos a receber o aluguel social, mas até agora nada. São dois meses sem esse dinheiro. Tem gente que já está devendo aluguel e conta com esse dinheiro. Em Nova Friburgo, R$ 700 é muito pouco, e mesmo assim sem esse dinheiro, complica ainda mais”, diz. “Pode apostar que vão alegar que o número de pessoas é muito grande e ainda estão analisando. Precisam de dois meses para analisar documentos de 11 famílias que deram entrada no pedido de aluguel social?”, indagou Maria do Socorro.
O que diz a prefeitura
A respeito do aluguel social dos moradores do Parque Maria Teresa, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que o processo, para ser concluído, precisa seguir todos os ritos legais e que todas as pessoas que entregaram a documentação exigida e no prazo solicitado, já tiveram o processo liberado. Como algumas atrasaram a entrega a documentação ou tiveram alguma pendência, o processo sofreu um atraso, e está neste momento na Procuradoria Geral do Município. Caso a documentação esteja ok, o benefício será liberado em breve.
Quanto à intervenção, a Secretaria de Obras, após a limpeza da rocha, identificou que o risco de rolamento era menor do que o identificado em um primeiro momento pelo Departamento de Recursos Minerais, e identificado ainda que era possível fazer o trabalho de contenção da pedra com segurança e recursos próprios e funcionários da própria secretaria. Os engenheiros responsáveis pela obra são o secretário e subsecretários da pasta, Jeferson Aragão, e Luiz Claudio Gonçalves, respectivamente. A obra é estimada em aproximadamente R$ 50 mil e tem previsão de conclusão de 30 dias.
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