Colunas
O natural fim das coisas
O que tem começo tem fim.
Até aqui, nenhuma novidade.
Maquiavel foi genial, diria maquiavélico, ao constatar o que lá no fundo temos certeza mas não queremos ver, o fim.
Fim. Três letras e aparentemente a maior e mais profunda razão da famosa angustia existencial. Aquele mal estar, um embrulho qualquer no estômago ou uma vontade inexplicável de chorar ou ficar na cama, pode ser a tal angústia sem explicação que, lá nas profundezas de nosso ego, acha-se a consciência inconsciente do fim.
Queremos acreditar que coisas boas, paixões, ciclos iluminados, processos positivos e até vidas humanas são para sempre.
Mas pra sempre é, realmente, um lugar que não existe.
Sartre, o filósofo que sabemos, uma vez disse que um amor, uma carreira e uma revolução são algumas das coisas que começam sem sabermos como acabarão.
Ninguém duvida que o fim existe e está ali na frente nos esperando. Só não sabemos como ele vai aparecer muitas das vezes.
A sabedoria está na nossa capacidade de aceitar com tristeza mas com resiliência o que acaba.
Entender a finitude como parte de nosso ciclo.
O fim é sempre adverso, portanto é fundamental o encararmos como um tanque de guerra, uma muralha sólida ou uma árvore secular.
De peito aberto e com coragem.
Lembrando que o fim muitas vezes é alívio ou alegria: fim da dor, fim de algo que nos é tóxico ou limitador, fim da noite insone, fim de um sofrimento ou de uma prova difícil. O fim pode ser e é muitas vezes bom.
E quando o fim nos trouxer tristeza e melancolia, lembremos que ele sempre dá início a um começo novo que nos traz a esperança de eternizarmos nossas endorfinas e serotoninas tão prazerosas que, por sua vez, ocuparam os espaços de nossas dores e horrores.
Encerro com um pouco de sabedoria indiana: “Quando você está muito feliz, muito triste, lembre-se: Isso também vai passar.Sigamos em ciclos aceitando fins e recebendo começos de braços abertos.”
Bia WIlcox
Bia Wilcox
Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário