O Brasil inteiro se mobilizou para prevenir o câncer de pele, neste sábado, 1º, na campanha que marca o início do “Dezembro Laranja”. Em Nova Friburgo, a ação promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com apoio da Secretaria Municipal de Saúde e da clínica Kristall, aconteceu das 9h às 15h, no Posto Sylvio Henrique Braune, no Suspiro. Os atendimentos, prestados por seis médicos voluntários, inclusive cirurgiões, incluíam consultas, orientação e encaminhamento para tratamento.
A campanha, que foi iniciada no município a mais de dez anos, sob a coordenação da médica Solange Gonçalves Freitas, da SBD, é realizada pela segunda vez na unidade de saúde, o que tem ampliado os atendimentos prestados. Com a estrutura do posto e o apoio da Secretaria de Saúde com pessoal e também materiais, o trabalho dos profissionais abrangeu também biópsias, cauterizações e pequenas cirurgias realizadas na hora.
“A campanha acontece todos os anos no mesmo horário de realização em todo o Brasil. Começamos o trabalho de prevenção agora porque em breve começa o verão, então é preciso orientar as pessoas que a exposição ao sol sem proteção causa câncer de pele, sendo imprescindível o uso de protetor solar. Nesta data atendemos os pacientes, orientamos sobre a prevenção, ensinamos como aplicar o protetor e também detectamos muitos casos de câncer de pele”, diz Solange.
E a ampliação das ações de prevenção e tratamento é celebrada pela Secretaria de Saúde. Segundo a subsecretária de Atenção Básica, Ariadna Heringer, o esforço é maior a cada ano para que os dermatologistas voluntários tenham todo o material necessário para prestar atendimento ao maior número de pessoas: “Nós fornecemos a estrutura e os materiais, que são cedidos pela policlínica, mas os médicos que participam da campanha também trazem seus instrumentos. Pelo segundo ano consecutivo, com a realização no posto de saúde, vemos que está sendo feito não só trabalho de prevenção, mas também de tratamento”.
Ano passado foram realizados 234 atendimentos e identificados vários casos de câncer
Com mais de 70 pacientes atendidos somente durante a manhã, a expectativa é que a campanha alcance os números do ano passado, quando foram realizados 234 exames. Segundo a dermatologista, os casos mais comuns são de Carcinomas Basocelulares, mas na edição anterior também foram feitos dois diagnósticos de Melanomas, tipo de câncer que é mais agressivo e que pode levar a morte se não detectado e tratado precocemente.
“No ano passado detectamos 17 Carcinomas Basocelulares, que é o tipo de câncer mais comum, com mais casos do que qualquer outro tipo da doença. A gente diz que o carcinoma é o câncer ‘bonzinho’, porque ele fica só na pele, não dá metástase e é mais fácil de tratar. Mas sem o tratamento ele cresce, e muito, por isso que ouvimos às vezes relatos de pessoas que ficaram com ‘buraco’ no rosto. Também identificamos dois Melanomas, um câncer muito grave, que se não for detectado precocemente ele mata”, conta Solange.
Sobre os melanomas, a médica explica que é um câncer que, quando detectado precocemente, basta apenas a remoção e o paciente está curado, mas quando não é retirado, ele evolui: “Se não retirar ele vai enraizando, dando metástases. Muitas vezes pacientes detectados com outros cânceres, como o de pulmão, por exemplo, descobre que ele foi originado da metástase de um melanoma, de uma pinta que ele nem sabia que tinha. Então quando aparecem pintas, que vão crescendo com cores e formatos diferentes, é importante que a pessoa busque um dermatologista para que seja feita uma avaliação”, afirma a médica.
Pacientes destacam atenção, facilidade de acesso e rapidez no tratamento durante a campanha
O casal Lair Bernardo da Silveira, de 71 anos, e Vera Lúcia da Silveira, se deslocaram de Córrego Dantas, onde moram, para o Centro a fim de passar pela avaliação dos dermatologistas. Lair já foi diagnosticado com câncer de pele e fez um procedimento há quatro anos. Aagora ele volta para uma nova consulta, preocupado com as manchinhas que aparecem na cabeça.
“Estou tentando marcar uma consulta com um dermatologista para ele, mas não tem vagas. Me pediram para voltar agora em dezembro, mas o tempo de espera pode chegar a cinco meses. Então essa iniciativa veio num bom momento. Chegamos, fizemos a ficha e logo fomos chamados no atendimento”, conta Vera Lúcia.
Aos cuidados da doutora Solange Gonçalves Freitas, Lair dá detalhes sobre o câncer que teve antes e foi retirado, sobre as manchas e conta que não costuma andar no sol, usa sempre boné e evita a exposição excessiva: “Trabalhei muito tempo em Niterói, com flores, estava sempre muito exposto, hoje em dia sempre saio de casa com boné e evito ficar no sol”, conta.
Depois de avaliado, Lair passou pelo procedimento de cauterização em locais com menor abrangência, como orelha e teste, e depois foi encaminhado para o médico cirurgião voluntário, para uma avaliação de uma ferida maior no couro cabeludo.
Assim como o casal, ao saber da campanha pela imprensa, Eder Marchito, de 56 anos, resolveu aproveitar o sábado para buscar uma consulta. Ele chegou a fazer alguns exames pela rede particular, mas precisava voltar ao médico para mais detalhes: “Achei essa iniciativa extremamente válida, permite um acesso rápido para todas as pessoas. Tive uma pinta no rosto que foi cauterizada, mas precisava voltar. Depois de passar pelo médico a esse respeito fiquei mais atento sobre essa questão do câncer de pele, passei a usar sempre o protetor solar, mesmo em dias nublados, e estou buscando a avaliação de profissionais”, afirma.
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