Dois irmãos, que se entendem nos palcos e que, às vezes se desentendem fora deles. Normal! A relação de sangue, por vezes complicada, é também o laço que une talentos. Eles se entendem só no olhar e apesar de diferentes, como eles mesmos dizem, conjugam em perfeita sintonia os versos das poesias em formas dos grandes clássicos do rock.
Os Filhos do Zé, Pedro e João de Paula, fazem sucesso pela terrinha com suas performances carismáticas, prendendo a atenção de quem os ouve, seja em bares, casas noturnas e festivais. A dupla de irmãos, vai se apresentar pela segunda consecutiva no Siriema Rock Fest, em Lumiar, no próximo sábado, 13.
Antes de encantar o público mais uma vez, Pedro e João participaram de uma entrevista no programa Agenda Cultural, de A VOZ DA SERRA, e além de falar da expectativa para o festival, conversaram sobre seus gostos, estilos e na difícil, mas prazerosa, missão de cantarem juntos.
AVS: Há quanto tempo vocês tocam juntos?
João: Há cerca de cinco anos, mas nossa relação com a música começou muito cedo. Eu e meu irmão sempre gostamos de música, desde a época de escola. Desde pequenos envolvidos com bandas, cada um com a sua. Depois que terminamos a escola, fomos pegando gosto por trabalhar com música, até para ganhar um dinheiro extra. Nesse período a gente ainda não tocava junto, mas vimos que tínhamos uma boa sintonia a partir daí decidimos trabalhar juntos.
O que vocês costumam tocar?
João: Costumamos tocar rock clássico, temos o nosso estilo, fazemos em uma pegada diferente, colocamos a nossa identidade na performance para não ficar igual ao original. Tocamos sempre muito clássico que, apesar de serem músicas conhecidas, não se tem o costume de ouvir nas noites friburguenses. Quem vai aos shows gosta bastante e fica o convite para quem ainda não conhece, marcar presença nas nossas apresentações.
Tocar com o próprio irmão é mesmo mais fácil? Só ao se olharem vocês já se entendem?
Pedro: Não, pelo contrário, a gente se desentende bastante, como qualquer irmão. Por mais que existam diferenças de opinião, sempre vale estar junto dele.
E é mais fácil tocar com alguém que cresceu junto com você?
Pedro: Não, é bem mais difícil.
Achei que era mais tranquilo. Por que é mais difícil?
Pedro: A gente se ama muito então o atrito é muito grande e as divergências são muito fortes. Quando é uma pessoa que não é da nossa família, é muito mais fácil de se lidar.
Vocês são diferentes inclusive em estilo, cada um tem o seu?
Pedro: Somos totalmente diferentes. Eu, por exemplo, trabalho com música, estudo música, é o meu ofício 24 horas por dia. Gosto de ir a fundo nessa questão. O João trabalha com engenharia, tem outro viés, mas nós encontramos pontos em comum na música. O João começou a fazer aula de violão e eu me interessei por música depois dele. Comecei a tocar baixo porque ele tocava violão. A partir daí começamos a ver pontos em comum, já que a gente discordava de muita coisa, como todo irmão tem as brigas, mas a gente se dá muito bem. Tem irmão que nem se fala. A relação entre irmãos é complicada e a música salvou a nossa relação.
João: Mas no palco é diferente. Quando subimos em um a gente só se olha e já sabe o que fazer.
Mesmo com essas diferenças, o João foi o seu melhor parceiro na música?
Pedro: Musicalmente o João foi a pessoa com quem eu me dei melhor. Às vezes você tem projetos com outras bandas, mas acaba não tendo aquela empatia e você toca sem se importar, mas com família é diferente, é para sempre, não tem como escapar.
João, você pretende trabalhar com engenharia?
João: Quero trabalhar com engenharia sim, pela minha independência financeira, até porque viver de música é muito complicado, eu não sou um estudioso da música como o meu irmão, eu gosto de fazer música, descobri que faço bem e não vou parar. Minha meta é trabalhar com engenharia durante a semana e nos fins de semana me dedicar à música.
Vocês tocam mais uma vez no Siriema Rock Fest. O que esperar de mais uma edição do evento e do show de vocês?
João: Participamos da primeira edição e foi ótima. É um festival que reúne uma galera muito amiga. A organização se esforça para fazer um evento cada vez melhor. Tenho certeza que essa segunda edição vai ser ainda melhor, com atrações musicais maiores como no dia em que vamos tocar, o sábado, 13. A última atração será o Blues Etílicos, que sou muito fã, sem contar as bandas de Friburgo que mandam muito bem. Estou muito feliz por subir ao palco com essa galera. Lumiar é um lugar sensacional, inspirador, não tem como você ir até lá e não gostar.
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