Em agosto, antes do primeiro turno, A VOZ DA SERRA convidou os 12 candidatos a governador do Rio a responder às mesmas perguntas sobre Nova Friburgo, a Região Serrana e, claro, o estado. A série de entrevistas foi publicada entre os dias 21 de agosto e 7 de setembro, na edição imprensa e no site do jornal. Relembre as respostas dadas por Wilson Wintzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) - que se enfrentam agora no segundo turno das eleições, dia 28 - para os principais temas abordados.
ROMBO NAS CONTAS DO ESTADO
- Wintzel: Os governos anteriores foram marcados pela corrupção. Teremos que adotar uma postura rígida para reorganizar a máquina administrativa, fazer auditorias nos contratos, realizar cobranças sérias das dívidas fiscais no que diz respeito à dívida ativa e reduzir a sonegação, combatendo a ineficiência e reduzindo gastos.
- Paes: O regime de recuperação fiscal foi fundamental para permitir que hoje os servidores recebessem os seus salários em dia e que os serviços básicos fossem retomados minimamente. Mas, ao fim do período do regime, a conta a pagar continuará muito alta. Se eleito, vou procurar o futuro presidente para poder repactuar o regime. E, claro, fazer o meu dever de casa: cortar gastos, diminuir a sonegação modernizando a administração tributária do estado e buscar novas formas de receita, como ampliar a arrecadação fruto da dívida ativa.
DESEMPREGO
- Wintzel: O projeto Rio nos Trilhos, por meio de parceria público-privada, vai reativar a malha ferroviária de todo o estado e construir novos trechos, causando aumento considerável do número de empregos. Além disso, com medidas efetivas de segurança pública e recuperação fiscal, as empresas se sentirão confortáveis para voltar a investir no estado, gerando empregos.
- Paes: Um dos elementos que mais afastam as empresas é a falta de segurança no estado. E o nosso trabalho na segurança pública vai devolver às empresas a tranquilidade para investirem aqui. Outro ponto importante é recuperar a confiança das pessoas no governo. Mesmo com um posicionamento logístico estratégico na Região Sudeste, sofremos pela falta de infraestrutura. Saneamento básico, rodovias, ferrovias ainda não oferecem condições mínimas para aumentar a atratividade de negócios.
FOMENTO ÀS INDÚSTRIAS
- Wintzel: Vamos criar uma Zona de Processamento de Exportação. Com o projeto Rio nos Trilhos e a melhoria das estradas locais, a região será beneficiada para aumentar a exportação de seus produtos, levando ao aquecimento da economia local.
- Paes: O governador precisa lutar, antes de mais nada, pela manutenção dos empregos já existentes. E isso se faz melhorando o ambiente de negócios com menos burocracia, com qualificação profissional, com estradas de qualidade, financiamento. Nova Friburgo tem uma economia diversificada e extremamente potente, sendo central para este novo ciclo de desenvolvimento que vamos criar. Na agricultura, vamos oferecer equipamentos e assistência técnica para melhorar e aumentar a nossa produção no campo. No polo metal-mecânico vamos incentivar a busca por mais empresas, de modo que Friburgo seja um grande centro de inovação. Não poderia esquecer o polo cervejeiro artesanal de Nova Friburgo, que é um exemplo bem-sucedido de diversificação econômica para todo o estado.
SEGURANÇA PÚBLICA
- Wintzel: A intervenção trouxe benefícios na reorganização das forças de segurança do Estado em um momento de crise e seu legado será aproveitado em nosso governo. Mas não vamos pedir prorrogação da intervenção. Criaremos um gabinete de segurança formado pelo governador e representantes da Polícia Militar, da Polícia Civil, das Forças Armadas e outras organizações. Vamos implantar a Lava Jato da Segurança, baseada na investigação, que vai desmontar o crime organizado em todo o estado.
- Paes: Vou estabelecer uma nova estratégia de atuação conjunta das Forças Armadas com as forças de segurança do estado, sempre sob o comando do governador. A intervenção não será prorrogada. Um dos focos da nossa atuação vai ser a retomada de territórios dominados pelo crime e a expansão de novos territórios.
RAUL SERTÃ
- Wintzel: Com um plano de recuperação, iremos restabelecer as casas de saúde, reduzindo a demanda dos hospitais municipais. Vamos contratar 500 mil consultas por mês com especialistas, comprando o horário vago nas agendas de hospitais particulares pelo preço da tabela Sistema Único de Saúde (SUS).
- Paes: Não vamos estadualizar. O que vamos fazer é ajudar com a criação de consórcios intermunicipais e com aporte de recursos do estado para que os municípios possam manter seus hospitais em pleno funcionamento.
UPAS
- Wintzel: A reorganização administrativa e o fim da corrupção vão gerar recursos da ordem de R$ 2 bilhões que serão destinados à áreas críticas do estado. As UPAs e casas de saúde conveniadas são alguns dos projetos que irão se beneficiar.
- Paes: Vamos retomar os pagamentos que nos competem e repassar os recursos obrigatórios para o município. Além de manter as UPAs que estão sob a competência do estado.
HOSPITAL DO CÂNCER
- Wintzel: Pretendemos licitar uma Parceria Público-Privada (PPP) para atrair investimentos particulares e terminar as obras do Hospital do Câncer.
- Paes: Vamos retomar as obras do Hospital do Câncer, sem dúvida alguma. Até porque, a saúde da população é algo prioritário. Quando fui prefeito do Rio, praticamente tripliquei o orçamento da pasta que em 2008 era de R$ 2 bilhões e ao fim do meu governo saltou para quase R$ 6 bilhões. Mais uma vez reforço que o estado terá uma função fundamental no apoio aos municípios, que hoje sofrem muito com a crise financeira.
UNIVERSIDADES
- Wintzel: A reorganização orçamentária, a revisão de contratos superfaturados e a redução de custos serão fundamentais para a revitalização do ensino universitário no Rio de Janeiro. Faremos isso em todas as instituições de ensino do estado.
- Paes: Vou garantir os orçamentos das universidades estaduais e fazer com que elas se conectem cada vez mais com a realidade dos locais onde estão. Também vou valorizar o corpo docente com investimentos em sua capacitação, criando mecanismos e instrumentos que garantam a possibilidade de que eles desenvolvam de forma digna as atividades de ensino, pesquisa e extensão.
TURISMO
- Wintzel: Vamos investir nas ferrovias turísticas no projeto Rio nos Trilhos e transformar a Turisrio, empresa de turismo do estado, em uma grande agência fomentadora.
- Paes: É preciso potencializar o turismo na região e encará-lo também como fonte efetiva de geração de trabalho e renda. Vamos incrementar e estimular o calendário de eventos culturais na Região Serrana. Em Friburgo, por exemplo, esta foi uma iniciativa do meu vice governador, Comte Bittencourt. Os eventos aumentam o volume de turistas e dinamizam a economia regional. Friburgo comemora os seus 200 anos e vai realizar pela primeira vez uma Oktoberfest. É neste momento que o estado precisa estar presente para apoiar o município.
CONTENÇÃO DE ENCOSTAS
- Wintzel: Vamos manter a atual política do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil que vem dando bons resultados.
- Paes: Vamos criar um programa de resiliência para a Região Serrana que vive sob a vulnerabilidade das chuvas. Vamos criar um programa de coordenação das operações de emergências em toda a região. Vai ser um Centro de Operações de Emergências para aumentar a capacidade de resposta dos órgãos de estados, como o Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, para atuarem nas situações de crise.
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
- Wintzel: No nosso governo, vamos passar o estado a limpo e deixar a máquina administrativa em ordem. As secretarias e demais setores serão ocupados por profissionais capacitados e sem compromissos políticos. Assim, evitaremos interferências nas decisões, inclusive na política ambiental.
- Paes: Vou melhorar a tecnologia de monitoramento da cobertura vegetal no estado para manter um acompanhamento de perto da qualidade ambiental das reservas. E estimular parcerias com o setor privado, organizações e proprietários rurais para preservar o meio ambiente e investir na qualificação de pessoal. Ainda vou trabalhar com os produtores rurais para recuperar os espaços degradados e requalificar as matas ciliares, além das áreas de proteção ambiental dentro de zonas rurais.
Breve biografia dos dois candidatos
WINTZEL:
Ex-juiz federal, 50 anos, Wilson Witzel deixou a magistratura em março deste ano e se filiou ao PSC com a promessa de encontrar uma saída para a crise financeira, política e administrativa do estado. Pouco conhecido, começou com apenas 1% das intenções de voto e chegou a 41% no primeiro turno. Paulista de Jundiaí, veio para o Rio aos 19 anos, onde foi fuzileiro naval e defensor público. Atuou como juiz em varas cíveis e criminais por 17 anos. Tem doutorado em Ciência Política e foi professor na FGV e na Uerj. É casado e pai de quatro filhos. Declarou possuir patrimônio de R$ 400 mil.
PAES:
Ex-prefeito do Rio por dois mandatos, Eduardo Paes, de 48 anos, fez uma trajetória contrária à do seu opositor, caindo de 18% a 27% nas pesquisas para reais 19% no primeiro turno. Ele é formado em direito pela PUC-Rio e especialista em políticas públicas pela UFRJ. Começou na vida pública em 1993, ao assumir a subprefeitura da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Foi vereador, deputado federal duas vezes e secretário do ex-prefeito do Rio César Maia e também do ex-governador Sérgio Cabral, preso por corrupção. Paes admnistrou a capital em 2008 e 2012. Ao deixar o cargo, foi consultor do BID e vice-presidente para a América Latina da maior fabricante de veículos elétricos do mundo, a BYD. É casado e tem dois filhos.
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