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Temporada das flores
Nós, brasileiros, sabemos bem que na maior parte do Hemisfério Sul as estações do ano não são tão bem definidas quando acima da Linha do Equador. Especificamente em nossa latitude, não chegaremos a ver dias extremamente curtos no inverno ou longos no verão, nem tampouco temperaturas glaciares no meio do ano, para alegrias de muitos e tristeza de poucos. Mas, ainda assim, as diferenças entre as épocas do ano existem, correto? E foi justamente pensando nelas que me veio o questionamento: haveria dicas que pudessem ser dadas especificamente a quem vai conduzir na primavera?
Se estivéssemos no Hemisfério Norte, muita coisa poderia ser dita. Riscos de gelo na pista (sobretudo no início da estação); fim da hibernação de animais, que passam a ser vistos em estradas, reinício de obras nas pistas e até mesmo o aumento do número de pessoas circulando pelas ruas. Mas, e por aqui?
Bom, certamente o cenário em que vivemos é bem menos dramático, mas ainda assim carrega peculiaridades que parecem justificar a lembrança de algumas dicas mais ou menos gerais. Muito além das flores, a primavera traz consigo também mudanças aceleradas nas condições do tempo. Há um aumento progressivo no índice pluviométrico, marcando a passagem da estação seca para a estação chuvosa, quando são comuns as pancadas de chuva ao fim da tarde ou à noite, em consequência do aumento gradativo das temperaturas e dos índices de umidade. De fato, em nossa região, os meses de outubro, novembro e dezembro, que compreendem o período da estação, estão entre os mais chuvosos do ano.
Até mesmo pela frequência com que ocorrem, as chuvas da primavera são bastante diferentes das de inverno, especialmente para quem dirige. Enquanto no inverno o grande perigo é a combinação de pouca quantidade de água com muita sujeira longamente acumulada na pista, na primavera as chuvas constantes tendem a manter a pista relativamente limpa. O problema maior é mesmo o eventual excesso de água, que pode esconder buracos perigosos ou provocar o fenômeno da aquaplanagem, que é quando os pneus não dão conta de escoar toda a água sobre a pista e acabam perdendo o contato com o asfalto, expondo o motorista a uma potencial situação de descontrole. Ainda a esse respeito, vale sempre lembrar que as faixas pintadas no chão podem representar um risco ainda maior, por serem, em alguns casos, impermeáveis.
Os animais também representam um fator importante a ser considerado por quem vai pegar a estrada nesta época do ano, ainda que os sintomas sejam mais brandos que no Hemisfério Norte. Muitas espécies silvestres se reproduzem nesses meses, tornando atropelamentos não apenas mais frequentes, como também mais dolorosos e agressivos à biodiversidade.
Os veículos de duas rodas também aumentam de popularidade com o fim do inverno. Esteja atento, portanto, à presença de motos e bicicletas, e compartilhe a estrada. De modo especial, redobre a atenção em cruzamentos e aos seus pontos cegos quando estiver girando ou trocando de pista.
O calor está a caminho, e o fluxo de veículos e pessoas só irá aumentar daqui para a frente. Tenha sempre em mente que o trânsito é um organismo vivo, no qual somos todos responsáveis uns pelos outros. Talvez não seja um conselho técnico, mas vá lá, deixe que essa energia da vida a renovar-se nos inspire a uma convivência mais altruísta e responsável. Viva e deixe viver.
Afinal, é primavera.
Márcio Madeira da Cunha
Sobre Rodas
O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas
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