O governo do cantão de Fribourg fez questão de convidar a comitiva de autoridades de Nova Friburgo lideradas pelo prefeito Renato Bravo, que esteve na última semana na Suíça para participar dos festejos do Dia Nacional da Suíça, que homenageou também os 200 anos de Nova Friburgo, celebrados no último mês de maio. Para o presidente do “Conseil d’Etat”, o poder executivo do cantão suíço, Georges Godel, a história dessa amizade intercontinental é bastante notável.
O governador do estado suíço lamentou não ter podido participar da viagem a Nova Friburgo, em maio, para comemorar o bicentenário, mas diz ter acompanhado “as aventuras” da delegação suíça no Brasil através das mídias sociais. Com personalidade forte e direta, Godel disse em um discurso à delegação brasileira, que estava ansioso em poder encontrar os representantes de Nova Friburgo e agradeceu o empenho em manter os laços que unem as duas cidades, os dois países.
“É importante não perder o fio da história para transmitir um legado e valores a nossos descendentes, para entender de onde viemos e permanecer abertos ao mundo”, disse o governador suíço, antes de falar com exclusividade para A VOZ DA SERRA.
AVS: O senhor conhece Nova Friburgo?
Georges Godel: Infelizmente não. Eu conheço Nova Friburgo apenas pelo que me disseram, e sei onde fica no Brasil, mas ainda não tive a oportunidade de ir lá pessoalmente. Espero não demorar muito para conhecer de perto a cidade e seus moradores.
Que importância Nova Friburgo tem para o cantão de Fribourg?
Eu acho que ela tem uma importância enorme, no sentido de que devemos sempre lembrar da história. Hoje temos pessoas que vêm até nós por não terem mais uma pátria, não terem nenhum trabalho. Por isso é interessante relembrar o que aconteceu na época, no nosso cantão, no nosso país, quando as pessoas deixaram tudo para trás para tentar encontrar uma terra melhor. Fico muito impressionado com a coragem desses cidadãos, pois não foi fácil partir. De um lado, o desenraizamento, claro; de outro, nem todo mundo conseguiu chegar a Nova Friburgo. Mas é interessante ver a história, para lembrar aos jovens de hoje que recebemos pessoas de outros países porque os nossos antepassados também tiveram que sair, pois não havia trabalho, havia uma miséria no cantão, em nosso país, há mais de 200 anos. E é bom lembrar disso.
Em sua opinião, quais são as possibilidades de intercâmbio entre o cantão suíço e a cidade brasileira?
Acho que há sempre possibilidades de intercâmbios, seja na área universitária ou na área técnica. Dou o exemplo da queijaria de Nova Friburgo, que teve que adaptar sua produção em função das características locais, mas que talvez poderia importar queijos suíços como o gruyère, por que não? Tenho certeza que deve ter um mercado para isso. Em todo o caso, o importante é ter novas ideias e não ficar achando que o mundo parou. Se entre 100 ideias, uma vingar, já é uma vitória!
As portas do cantão estão, então, abertas para Nova Friburgo?
É lógico que sim, as portas estão sempre abertas. É importante esta filosofia de porta aberta, porta fechada não é mais do nosso tempo.
Deixe o seu comentário