Alerta: O que está acontecendo com as novas gerações?

terça-feira, 24 de julho de 2018

Dona Maria Francisca, senhora aposentada, guanhanense, aos 71 anos encanta qualquer pessoa que a observa nos seus afazeres cotidianos. Mãe de quatro filhos, avó de cinco netos, hoje mora sozinha e adora receber a visita de seus amigos e familiares. Como uma boa mineira, sempre que isso acontece, não pode faltar uma enorme variedade de alimentos na mesa em todas as refeições do dia. Mas o que mais chama atenção nessa simpática senhora que cuida dos seus próprios afazeres domésticos, é a enorme conscientização ambiental demonstrada por ela em seu dia a dia.

Maria Francisca, ao preparar suas refeições diariamente, tem por hábito separar os resíduos orgânicos dos secos. Mesmo não sendo disponibilizado em seu bairro o serviço de coleta seletiva, os resíduos orgânicos são separados e encaminhados para a adubação da terra de seu quintal. Com exceção dos restos de alimentos cozidos que Dona Francisca oferece aos animais de rua.

Somente com essas duas atitudes, ela faz com que os seus resíduos sejam recolhidos limpos e secos, o que viabiliza (e muito) a coleta por catadores ou a separação na própria concessionaria que faz o recolhimento, pois eles certamente não estarão com mau cheiro, larvas, chorume e alimentos podres.

Dona Chica, como é carinhosamente chamada, ainda demonstra vários outros hábitos de economia e uma gestão mais eficiente dos recursos por ela utilizados. Como por exemplo, economia de energia, de água, reaproveitamento de alimentos, horta em vasos, com uma pequena produção de hortaliças, temperos e chás. As sementes da dona Francisca também são separadas e doadas para alguém que possa plantá-las.

Enfim... dona Francisca é realmente uma pessoa admirável e um exemplo a ser seguido por todos nós.  Criada na roça e educada por seus pais, aprendeu a cuidar do meio ambiente e tratá-lo com o devido respeito tendo em vista que é dele que retiravam o sustento e sem ele seria impossível sobreviver. Valores esses que ela leva consigo até hoje.

Ao ler este relato, logo, pensamos que esse é um bom comportamento de cuidado com o meio e que ele vem  sendo reproduzido ate as presentes gerações, mas infelizmente não é uma realidade. O que temos presenciado atualmente entre muitos jovens, seria o que podemos chamar de uma falta de sentimento de pertencimento. Atitudes como jogar embalagens pelo chão, pisotear jardins e arrancar flores das árvores entre outras posturas são facilmente observadas pelos integrantes dessa nova geração, que por tanta informação deveria tratar do tema da educação ambiental com o maior zelo entre todas as épocas da humanidade.

Deixo aqui uma reflexão. Como pessoas criadas na roça e educadas muitas vezes por pais iletrados, aprenderam com eles há décadas que deveriam cuidar do meio ambiente e tratá-lo com o devido respeito e os jovens de hoje, que tem acesso à toda informação dos impactos quem vem sendo causados pela nossa má gestão dos recursos naturais e ainda assim parecem não se importar em relação a isso?

Vivemos o momento histórico da falta de contato com a produção daquilo que consumimos, e daí essa sensação de que o leite vem da caixinha, as frutas e legumes da geladeira e os grãos do armário da dispensa. Tem ainda os que consomem seu alimento diário nos restaurantes e lanchonetes e nunca (ou raramente) cozinharam uma refeição em suas casas, ou seja, entendem que o mínimo da produção do alimento que irão consumir. Considero que haja um tipo de afastamento "da vida real" onde são produzidos os alimentos para o nosso consumo.

Acabamos por viver em um mundo fantasioso onde os produtos simplesmente aparecem no supermercado todos em embalagens plásticas, bandejas de isopor e caixas de papel. Dona Francisca tem todo o cuidado com os recursos que utilizava, tendo em vista que o "Zé do Nico", como era chamado seu pai, a ensinou desde sempre como são produzidos os alimentos consumidos e que a terra utilizada para essa produção é sagrada, pois é dela que retiramos o nosso sustento e sem ela nossa existência seria impossível.

Será que é isso que está faltando para essas novas gerações? Presenciar e participar do desenvolvimento dos seus alimentos, cuidando de cada etapa de sua produção e percebendo como é complexo, maravilhoso e gratificante participar de toda essa mágica que é ver sementes, água e terra se transformarem em frutas, legumes e vegetais?

Será que se esses jovens participassem da criação ao abatimento de aves, gados e porcos eles continuariam comendo vários tipos de carne em praticamente todas as refeições do dia sem se dar conta de que para produção daqueles alimentos foi necessário sacrificar várias vidas?

E você? Já pensou sobre isso?

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Renata de Rivera

Meu Bairro Sustentável

O projeto do núcleo Meu Bairro+200 idealizado por Renata de Rivera visa tornar Nova Friburgo uma cidade sustentável. Sua coluna traz dicas de ações por uma cidade mais limpa, com menos lixo e poluição e uma vida mais saudável.

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