(SECOM) “Mostrando as espécies, conseguimos sensibilizar sobre a importância de preservar a natureza”, resume a analista ambiental e bióloga Marisa Brandão Ribeiro Linhares, que há quase 15 anos desenvolve um trabalho de grande alcance para a causa ambiental. Quem visita a Biblioteca Pública Municipal de Nova Friburgo, na rua Farinha Filho (parte térrea do prédio da Câmara de Vereadores), tem a oportunidade de conhecer o Banco de Pesquisas Ambientas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O banco integra o Programa de Educação Ambiental Continuada (Peac), implantado pela própria bióloga.
A ideia surgiu a partir de sua tese, em 1995, para formação de Agentes do Meio Ambiente (Ama). Hoje, numa área de apenas 20 metros quadrados, aproximadamente, Marisa Brandão expõe cerca de cinco mil espécies da fauna, da flora e minerais, devidamente conservados e catalogados. O diretor da biblioteca, o escritor Álvaro Ottoni, que desde sua posse no cargo apoia o trabalho, já se programa para ampliar o espaço.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho), a bióloga Marisa fala sobre o seu trabalho continuado como uma verdadeira conquista. Afinal, foi com muita determinação, que, em 1995, ela conseguiu um espaço na biblioteca do município, à época localizada no prédio onde hoje funciona a Oficina-Escola de Artes, para começar a expor as espécies e repassar informações sobre a importância de preservar o meio ambiente.
Animais raros, de pequeno porte, que aparecem mortos em Nova Friburgo e região, assim como frutos, sementes e minerais são levados para o Banco de Pesquisas Ambientais pela própria comunidade. Lá são devidamente identificados e recebem conservação adequada, tornando-se fonte de pesquisa para alunos da rede pública de ensino, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) – Campus Nova Friburgo, prestadores de concursos, alunos de cursos de biologia à distância, entre outros. Embora o banco esteja aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 19 horas, mesmo horário de funcionamento da biblioteca, Marisa encontra-se no local às terças e quintas-feiras, das 14h às 19h, recebendo grupos de alunos para uma verdadeira aula gratuita sobre meio ambiente.
Banco de Pesquisa Ambiental
Embora ainda considere o espaço pequeno, pois não consegue expor todo material que lhe é doado, Marisa Brandão comemora o fato de saber que brevemente o espaço será ampliado. Inicialmente, a mostra ficava exposta em cima das prateleiras dos livros da biblioteca. Mas mesmo com todas as dificuldades, como a mudança da Biblioteca para diferentes prédios e novos diretores a cada nova gestão municipal, Marisa conseguiu que seu trabalho nunca fosse interrompido, já que seu objetivo maior é propagar seus conhecimentos sobre o meio ambiente, fazendo despertar a curiosidade dos que passam por lá, principalmente crianças em idade escolar. “Os morcegos são higienizadores do ambiente, pois comem insetos; outros morcegos comem peixes... Este é o movimento da natureza para manter seu equilíbrio. É preciso conhecê-los para entender a importância de cada um e preservá-los”, explica Marisa.
No Banco de Pesquisa Ambiental (BPA) há cerca de dois mil livros especializados na área, doados por editoras, empresas e pessoas físicas parceiras do Peac, tanto de Nova Friburgo quanto de cidades vizinhas, que também doam as caixas de acrílico, embalagens de bombom em plástico e vidros onde ficam expostas as espécies.
Divididas em núcleos - institucional, fauna, espécies marinhas, flora e mineral - as amostras compõem um acervo disponível para empréstimo desde 2007, assim como os livros, desde que o interessado assine um termo de compromisso com prazo para retorno. Marisa pretende colocar à disposição dos usuários, em breve, um microscópio que ganhou e com o qual também não vê a hora de usar as 60 lâminas recentemente adquiridas.
Até o momento, Marisa acredita que haja, aproximadamente, cinco mil espécies no BPA. Só de insetos há mais de 600 espécies diferentes entre borboletas, aranhas, mariposas, louva-a-deuses, abelhas, bicho-pau, gafanhotos e muitos outros. Da flora, há frutos e sementes de espécies nativas raras da Mata Atlântica e de outros biomas, frutos exóticos e ornamentais. Rochas e minerais também estão em exposição em menor quantidade, mas que causam curiosidade aos visitantes como: rochas exóticas; vulcânicas, como a pedra-pomes; mostra de petróleo (hidrocarboneto) e um mini relógio do sol feito em pedra sabão.
A bióloga faz questão de deixar bem claro que os animais, normalmente de aparência rara, são encontrados mortos e levados por pessoas da comunidade para ela identificar e catalogar. Seu trabalho de pesquisa, como o nome já diz, é continuado, o que move em tempo integral a sua paixão pela natureza. Recentemente, ela recebeu um ramo de café, que exibe como se fosse uma pedra preciosa, e não vê a hora de expor junto aos demais. Marisa confessa sentir um enorme prazer em poder mostrar, ao vivo e em cores, espécies que até então as pessoas só conheciam pela Internet ou em livros, “como se o meio ambiente vivesse longe e separadamente dos seres humanos”.
Raridades - No banco, há algumas raridades como um besouro com o primeiro par de patas medindo 40 cm; um maracujá de 51 cm de altura e 3,100kg, doado em 2003 por uma professora de nome Rita, do Colégio Galdino do Valle Filho; uma cigarra laternária que, para se defender dos perigos do próprio meio ambiente, sua cabeça lembra a de um jacaré; a borboleta coruja cujas asas lembram o fruto do amendoim são algumas das preciosidades exibidas.
A cada espécie apresentada por Marisa, uma história diferente e quando há tempo disponível, sem dúvida, vale a pena conhecer todas elas, mesmo que para isso tenha que voltar ao BPA. O contato com a bióloga, com certeza, facilita o aprendizado, desperta o interesse pela natureza e desmente alguns mitos como: ‘perereca quando agarra só sai com trovoada’; ‘borboleta branca é sorte certa’; e ‘pó de borboleta cega’. Marisa Brandão chega a receber sete mil visitas por mês.
Paixão desde criança
O interesse pelo meio ambiente vem desde criança. Marisa, que morava no Rio de Janeiro, teve bons professores nas áreas de ciência e biologia que incentivavam o contato direto com a natureza; tanto que as aulas eram práticas e nem tanto teóricas. E assim despertou sua paixão por cobras, besouros, aranhas, joaninhas, gambás, pássaros, borboletas, minerais, frutos e flores. “Minha religião é a natureza. E o Programa de Educação Ambiental Continuada um ponto de sedução na área de pesquisa”, explica.
Aos 18 anos, Marisa optou pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde cursou História Natural, Geologia e Biologia. Anos mais tarde, casou e veio passar sua lua de mel em Nova Friburgo, cidade pela qual se apaixonou à primeira vista, muito em função da vegetação riquíssima que existia na década de 1970.
Como Agente de Meio Ambiente da Feema, ela foi trabalhar em Volta Redonda e uma amiga veio para Nova Friburgo. Não se adaptando ao clima, sua amiga sugeriu trocar com ela e Marisa mudou para a cidade, onde está até hoje. E foi em Nova Friburgo que implantou sua tese e começou o trabalho de multiplicadora de informações sobre meio ambiente.
No início da década de 90, Marisa Brandão conheceu o atual secretário municipal de Comunicação Social, Girlan Guilland, que participou de seminário sobre Meio Ambiente na Universidade Candido Mendes. Segundo Marisa, o secretário era então presidente do Centro Excursionista Friburguense (CEF) e um dos mais interessados em descobrir e pesquisar espécies raras da fauna e flora existentes no município.
Em atividade constante, Marisa faz questão de participar das comemorações ao Dia Mundial do Meio Ambiente a realizar-se neste 05 de junho, das 9h às 20h, na praça Dermeval Barbosa Moreira. E confessa ainda ter alguns sonhos a realizar, como implantar um borboletário em Nova Friburgo e ter um ônibus ou trailer para que o Banco de Pesquisas Ambientais possa funcionar de forma itinerante pelos distritos, bairros e demais comunidades da região.
Dia Mundial do Meio Ambiente: atividades na praça e premiação
O Dia Mundial do Meio Ambiente será comemorado na praça Demerval Barbosa Moreira neste dia 05 de junho, sexta-feira, das 9h às 20h. O evento é coordenado pela Superintendência Rio Dois Rios – 7ª Região (Suprid/Inea) e pela Secretaria Municipal de Preservação Ambiental. Serão instaladas 10 barracas para abrigar entidades parceiras e realizadoras de ações focadas no meio ambiente.
O evento consistirá em exposições, oficinas e apresentações realizadas por entidades educativas, artísticas e ambientais do município de Nova Friburgo. Estão programadas oficinas de plantas medicinais, de sabão ecológico, bloco de papel reutilizado, arte-terapia, troca de brinquedos usados por mudas, exposição de exemplares da fauna e flora da Mata Atlântica, apresentação de danças indígenas, mineiro pau e ciranda, entre outras atividades.
Às 18 horas do mesmo dia, na Câmara Municipal, acontecerá a entrega do Prêmio de Mérito Ambiental Professor Rosalvo Magalhães, concedido às personalidades e entidades que se destacaram no ano de 2008: o prefeito Heródoto Bento de Mello estará entre os homenageados, bem como: Aristóteles de Queiroz Filho, Armando Thomaz Moretti, Rui Thomaz, Oswandil Quimas, jornal A Voz da Serra, José Adilso de Medeiros, Élida Séguin, Gustavo Sarruf Estefan, Eduardo de Vries e Centro Excursionista Friburguense - CEF.
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