"Os brasileiros são inseguros e a falta de produtos faz muita gente aceitar pagar preços absurdos"
Em Nova Friburgo, os consumidores também confirmam que estão sentindo os reflexos da paralisação dos caminhoneiros e que os preços dos alimentos permanecem acima da média dificultando as compras. “Os itens básicos, aqueles que a gente não tem como substituir, são os que estão mais caros. Os preços subiram com a greve e houve falta de produtos em muitos mercados, mas mesmo depois da normalização das entregas, continuam acima do que era antes”, afirma a funcionária pública Camila Ortega, de 38 anos.
O preço do leite longa vida é um dos que mais chamam atenção. Se antes ele podia ser encontrado por R$ 2,50, em média, hoje o produto chega a custar -- nos principais mercados do Centro da cidade -- R$ 3,83, ou seja, um aumento de 53%. “É assustador chegar no mercado e encontrar tudo tão caro. O leite, com certeza, foi um dos que mais aumentou. Tenho dois filhos pequenos e não posso abrir mão de comprá-lo. O jeito é pesquisar e ficar de olho em promoções”, disse a manicure, Edivânia Moreira, de 32 anos.
Também entram na lista de produtos que continuam caros após o fim da paralisação, a dúzia de ovos. Antes da greve o consumidor comprava o produto por, em média, R$ 2,99. Agora, a mesma quantidade é vendida a até R$ 4,99. Itens como a batata inglesa e a cenoura, que chegaram a custar R$ 9 o quilo tiveram o preço reduzido para R$ 2,50, mas também estão acima do praticado antes da greve. O óleo de soja é outro produto que tem assustado o consumidor: de R$ 2,79 ele foi para R$ 3,50.
Entre as carnes, o preço do frango foi o que mais subiu. Segundos dados da Associação Brasileira de Proteína Animal, com mais de 70 milhões de aves mortas e perdas de R$ 3 bilhões, a carne de frango aumentou cerca de 40% para o atacado. Para o varejo, o impacto pode chegar a 4%.
Entre os cortes de carne bovina o aumento também foi expressivo. A alcatra custava cerca de R$ 18, o quilo, e agora é vendida a até R$ 22,50. O patinho, que podia ser encontrado por R$ 16 o quilo é vendido a R$ 19,75; enquanto o quilo do acém, de R$ 10, 50, passou a custar até R$ 15,99.
Para a empresária Elenita Machado de Oliveira, de 41 anos, os próprios consumidores também são responsáveis pelo aumento dos preços. “As pessoas tem mania de querer estocar tudo quando acontece algum imprevisto. Os brasileiros são inseguros e a falta de produtos faz muita gente aceitar pagar preços absurdos, como aconteceu durante a greve. O povo não sabe ‘boicotar’ quando o preço é alto”, exclamou ela.
Elenita Machado, consumidora
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