FGV põe casarão do antigo Colégio Nova Friburgo à venda

Instituição quer R$ 15 milhões pelo imóvel e já recebeu proposta. Ex-alunos e ex-funcionários estão preocupados com decisão
quarta-feira, 06 de junho de 2018
por Alerrandre Barros (alerrandre@avozdaserra.com.br)
O prédio histórico do antigo Colégio Nova Friburgo da FGV (Fotos: Henrique Pinheiro)
O prédio histórico do antigo Colégio Nova Friburgo da FGV (Fotos: Henrique Pinheiro)

O anúncio da venda do casarão do antigo Colégio Nova Friburgo, feito esta semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), deixou ex-alunos e ex-funcionários preocupados com o destino do imponente complexo amarelo, em estilo neoclássico, no alto do Parque da Cascata, na Vila Nova. A FGV está pondo o imóvel à venda pela primeira vez e recebe propostas até o dia 6 de julho.

“Ficamos preocupados, porque nosso propósito é fazer renascer o colégio”, disse o engenheiro e presidente da Associação de Ex-Alunos, Professores e Servidores do Colégio Nova Friburgo, Fernão Gondin da Fonseca. “Temos vários projetos e gostaríamos que local fosse usado por alguma instituição de ensino que fizesse o bom aproveitamento daquela área. Será vendido para quem?”, preocupa-se ele.

No anúncio publicado nesta quarta-feira, 6, em A VOZ DA SERRA e também disponível na página fgv.br/novafriburgo, a FGV tornou público o interesse na venda do terreno, que tem 1.619.208,52 metros quadrados, sendo 17.093 metros de área construída, por um valor de venda estimada por especialistas em R$ 15 milhões.

O complexo é composto pelo prédio principal, onde funcionou o colégio, com três pavimentos e um auditório-teatro com capacidade para 700 pessoas (foto), além do prédio anexo, ocupado no passado por uma escola primária. Há ainda o ginásio com quadra poliesportiva, uma quadra de futebol, pista de atletismo, duas quadras de esporte na área externa, piscina e 44 casas, sendo 41 no campus e três externas.

Construído para ser um cassino, o espaço foi a sede do Colégio Nova Friburgo, um internato e semi-internato que foi referência de ensino no país, entre os anos 1950 até 1977. Anos depois do fim da instituição, o complexo foi cedido ao Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), da Uerj, até 2011, quando a tempestade de janeiro destruiu o acesso ao local e afetou a estrutura dos prédios.

Terra batida e mato

A Uerj mudou-se para as instalações da Fábrica Filó, no bairro Lagoinha, no ano seguinte, deixando o imóvel da antiga Fundação, como ainda é conhecido o casarão amarelo, em desuso. Com a via principal bloqueada por um deslizamento de encosta, a Rua Gabriel Rastrelli que, segundo Fernão Fonseca começou a ser aberta em 1958/59, teve que ser concluída para dar novo acesso ao casarão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“O deslizamento foi causado por um desleixo da Uerj, que não fez canaletas para escoamento das águas das chuvas e asfaltou a rua, prejudicando a permeabilidade da via”, criticou o engenheiro e ex-aluno.

A Uerj e a FGV travaram durante anos uma batalha judicial em torno das responsabilidades pela manutenção do espaço. Nesta quarta-feira, 6, a equipe de A VOZ DA SERRA esteve no local e viu que a nova rua ainda não recebeu calçamento. É de terra batida e cheia de buracos. A via anterior, a Rua Alberto Rangel, continua bloqueada para veículos. É possível passar a pé por lá, mas a encosta tem sinais de deslizamentos recentes.

Fechado há cerca de seis anos, o gigantesco imóvel cercado pela Mata Atlântica é vigiado por dois seguranças. A equipe de reportagem não foi autorizada a entrar, mas observou, mesmo de longe, que os prédios estão se deteriorando. O mato cresce em volta. As fotos internas que ilustram essa reportagem foram feitas no ano passado, durante visita do prefeito Renato Bravo e da associação de ex-alunos e funcionários ao local.

Na ocasião, Bravo realizou uma inspeção nas instalações para execução de futuros projetos voltados à população no local, mas nenhuma das ideias saiu do papel. Nesta quarta-feira, 6, o prefeito disse que torce para que “o prédio de grande relevância histórica para a cidade seja utilizado em algum projeto de interesse público”.

Procurada, a FGV informou que decidiu pela venda do imóvel para que possa fazer novos investimentos na área de ensino e pesquisa acadêmicos das suas unidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. “As propostas para compra do imóvel tem que ser encaminhadas até o dia 6 de julho à Diretoria de Operações da FGV”, informou. Outros detalhes em fgv.br/novafriburgo.

TAGS:
Publicidade