Novo Jornalismo sem Wolfe

domingo, 03 de junho de 2018

O escritor Tom Wolfe morreu em 14 de maio, em Nova York, aos 88 anos. O autor do best-seller “A Fogueira das Vaidades” estava internado tratando uma infecção num hospital de Manhattan, onde morava. Além de romancista, Wolfe era um expoente do movimento Novo Jornalismo, cujo nome ele cunhou, num ensaio na revista New York, em 1972. Os nomes mais conhecidos do estilo que fundiu ficção e ponto de vista com jornalismo eram contemporâneos de Wolfe, como Truman Capote, Gay Talese, Hunter Thompson e Nora Ephron.

Nascido na cidade de Richmond, nos Estados Unidos, Wolfe se formou na Universidade Washington and Lee, em 1951. Em seguida, ingressou no curso de doutorado da Universidade de Yale. Depois de fazer pós-graduação, começou a trabalhar como repórter. O seu primeiro emprego foi no jornal “Springfield Union”, da cidade de Springfield, no estado de Massachusetts. Em seguida, passou pelas redações dos jornais “The Washington Post”, “New York Herald Tribune”, “Esquire”, entre outros.

Munido de extrema ironia, sacadas geniais e um olhar literário único sobre os acontecimentos do cotidiano, os artigos que Tom Wolfe publicava nos veículos, rapidamente ganharam admiradores — e desafetos. Entre meados da década até o fim de sua carreira, o autor publicou pelo menos 12 obras de ficção e não ficção, aclamadas pela crítica e recomendadas nas escolas de jornalismo em todo o mundo.  

Se não leu, vale a pena ler

Sangue nas Veias (2012)
Em “Sangue nas Veias” o autor visita inferninhos, entrevista imigrantes, strippers russas e fisiculturistas, para retratar uma Miami repleta de conflitos culturais, única cidade do mundo onde povos com línguas e culturas diferentes tomaram controle das urnas. Dilemas morais, limites éticos e conflitos étnicos formam a narrativa, talhada com precisão e humor ácido.

Radical Chique e o Novo Jornalismo (2005)
O livro reúne alguns dos principais artigos e reportagens que Tom Wolfe publicou nas décadas de 1960 e 70.  Narra as origens e o impacto da chegada de sua geração às redações americanas, que passou a empregar técnicas de ficção para fazer reportagens mais completas, intensas e envolventes.

Um Homem Por Inteiro (1998)
O livro conta as histórias paralelas de três personagens: um magnata do mercado imobiliário, endividado até a alma e em crise com o inevitável processo de envelhecimento; um bem-sucedido advogado negro, dividido entre a ambição e os antigos ideais do black power; e um rapaz branco, pobre e trabalhador, que descobre na filosofia estóica dos gregos antigos o antídoto moral contra os seus sucessivos fracassos.

A Fogueira das Vaidades (1990)
Em sua primeira obra de ficção, Tom Wolfe segue a trajetória trágica de Sherman McCoy, jovem executivo de 38 anos. Ao atropelar Henry Lamb, um jovem negro do Bronx, McCoy se torna vítima da polícia, da justiça, da mídia e da família. O preço da difícil convivência entre a extrema riqueza, a extrema pobreza e as convenções muito particulares que as regem.

Os Eleitos (1979)
Wolfe reproduz a história dos pilotos de provas que se transformaram nos astronautas do primeiro projeto espacial americano. Ao usar os mais sofisticados recursos literários, o autor mostra como a matéria jornalística pode ser lida com a fluidez de um romance envolvente.

 

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