A manhã desta sexta-feira, 25, foi de homenagens e muita emoção para familiares, amigos e admiradores do engenheiro Ariosto Bento de Mello. Na rua que leva seu nome, o carioca com coração friburguense, falecido em 1980, foi novamente lembrado pela população. Desta vez, com a inauguração de um monumento em sua homenagem, desenvolvido pelo artista plástico Felga de Moraes. Parte dos músicos da Banda Real Euterpe Friburguense também estiveram presentes e se apresentaram durante a solenidade.
A cerimônia teve início com a execução do hino de Nova Friburgo e palavras do diretor da Banda Euterpe, Francisco de Assis. Uma das filhas de Ariosto, a psicóloga e artista plástica Madalena Bento de Mello também discursou. Emocionada, ela compartilhou como recebeu a notícia da morte de seu pai e afirmou ter certeza de que ele está muito bem em um plano superior, e estaria feliz em comemorar os 200 anos da cidade, já que foi ele o responsável pela aproximação dos Suiços com Nova Friburgo.
Além de Madalena (de branco), dois dos seis filhos de Ariosto, Cecília e Carlos, também estiveram presentes (foto). Todos emocionados deram seu depoimento sobre a maneira que foram educados e como reverenciam a memória e ensinamentos do saudoso pai. Ainda foram lidas várias homenagens, como a da Irmã Francisca, do colégio Nossa Senhora das Mercês, lembrando a construção das instalações da escola pelo engenheiro, o profissionalismo e espírito inovador de Ariosto.
Várias homenagens seguiram, como a do Professor Hamilton Werneck, e a leitura de “O homem da calça caqui”, pelo Dr. João Hélio Rocha. Poema que faz referência ao estilo simples e inesquecível de Ariosto. Dentre os presentes ainda estava a primeira dama Cristina Bravo, representando o prefeito Renato Bravo.
Outro momento que também emocionou a todos foi a reprodução de um áudio da campanha para Prefeito de Ariosto e depois a leitura feita por um neto do discurso de inauguração da então Avenida Ariosto Bento de mello, onde logo após foi descerrada a placa do monumento.
De acordo com o artista Felga de Moraes, a obra intitulada “Dois séculos de urbanismo” foi inspirada em um troféu feito a muitos anos atrás para um prêmio de engenharia, que ao ser triplicado formava uma imagem semelhante ao DNA. Com essa referência, o artista propôs a homenagem a família que tanto fez por Nova Friburgo.
O engenheiro
Nascido em 21 de abril de 1928, no Rio de Janeiro, Ariosto Bento de Mello era irmão de Heródoto e Marilina. Formado em Engenharia Civil pela, então, Escola Nacional de Engenharia, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ariosto começou a trabalhar em Nova Friburgo nos anos 1950. Junto ao irmão Heródoto, fundou a Sociedade Técnica de Engenharia e Comércio (SOTEC), exercendo a diretoria da empresa. Ariosto tinha particular admiração pelo arquiteto suíço Le Corbusier, considerado um dos maiores representantes da arquitetura moderna, junto a Oscar Niemeyer e outros.
Durante sua existência, foram erguidas mais de 50 obras, entre edifícios comerciais, casas particulares, edifícios residenciais, além de colégios e pontes. Ariosto tinha como objetivo primordial poder oferecer a todos, sem distinção de nível social, a possibilidade de ter acesso à casa própria. Costumava dizer, em família, que não pararia enquanto todos os seus funcionários não tivessem seu próprio teto.
Casado com Ada Delfina Olivari, Ariosto teve seis filhos: Delfina, Carlos, Tomás, Cecília, Madalena e Rafael. No período de 1971 a 1972 foi vice-prefeito municipal de Nova Friburgo, no governo de Feliciano Costa. Foi vice-prefeito, membro do Conselho Fiscal da então Associação Friburguense de Amigos e Pais do Excepcional (AFAPE), sócio fundador e vice-presidente da Cultura Artística de Nova Friburgo, presidente da Associação Fribourg – Nova Friburgo, membro da Banda La Concórdia, de Fribourg, e diretor da Sociedade Cultural Italiana Dante Alighieri.
Ariosto faleceu em 19 de novembro de 1980.
O poema escrito por Dr. João Hélio Rocha, em 1972, em homenagem à Ariosto:
O homem da calça caqui
O homem da calça caqui
trouxe a mensagem
de novos tempos
mesmo sem exercer o poder temporal.
O homem da calça caqui
burilou a verdade,
esculpiu o futuro,
uniu corações, marcou o presente.
O homem da calça caqui
nao parte,
simplesmente transmite
a nova esperança,
a velha esperança
de quem acredita
que os homens se querem.
Porque o momento
é de querer mais.
Pela terra que amamos
pela serra querida-
seu Friburgo amado,
teu Friburgo adorado,
nossa Nova Friburgo
das novas idéias
do homem que parte
de suéter azul.
O homem da calça cáqui
simplesmente acredita nos homens
e em Deus que lhe deu
a simplicidade
na suprema humildade
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