O sargento PM Rodrigo Noval, de 39 anos, tem a mesma rotina de qualquer outro policial: faz patrulhamento ostensivo nas ruas, assina boletins de ocorrência, troca tiros se necessário, limpa coturnos e armamentos. Mas, nas horas vagas, ou “quando a inspiração bate”, como diz, faz uma coisa não muito comum em seu arriscado meio: escreve poesias. Noval está lançando seu terceiro livro, “Corpos Inversos”, misturando, pela primeira vez, poesias e contos.
O primeiro livro, “Chá de Poesia”, lançado em 2011, rendeu-lhe convite para ocupar uma vaga na Academia de Letras de Arraial do Cabo. O segundo, “Poesia Nua”, foi lançado dois anos depois, em 2013.
Nascido em Duque de Caxias, Noval apaixonou-se por Nova Friburgo desde a primeira vez que pisou na cidade, há 14 anos. Aqui se apaixonou, casou-se e fincou raízes, em Mury. “É a terra do meu coração, onde escolhi para viver”, derrete-se.
Ele conta que gosta de escrever desde a adolescência. Seus poetas favoritos? Paulo Leminski e, principalmente, Manoel de Barros. Seu escritor maior, Jorge Amado.
Em 2015, no 11º BPM, onde serviu por muito tempo, lançou uma feira literária para estudantes da rede municipal, oferecendo palestras e rodas de leitura. Noval está atualmente lotado no 30º BPM (Teresópolis), mas continua morando em Friburgo. Seus livros podem ser encontrados no portal dos livreiros, no site amazon.com.br e na estante virtual.
Abaixo, um poema de Rodrigo Noval:
SUPERLATIVA VONTADE
Eu sinto uma estranha e intermitente
necessidade do teu abraço,
de emaranhar teu amor num laço,
intenso e abstrato, mais denso que o aço.
Sinto a energia do teu olhar
penetrando na minha alma impura,
quando teu sorriso me diz
que você é parte da minha cura.
Eu sinto uma vontade superlativa
de querer teu beijo, e uma gostosa tortura
na construção do meu desejo.
Teu toque altera até o decanato do meu signo,
me tornando mais astral do que carnal,
de alguma maneira, mais completo e digno.
Na possibilidade impensável de te perder,
minha alma já se vê amputada,
minha esperança esfacelada,
porque, longe de você,
até a minha fé fica abalada.
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