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Segunda instância
Para pensar:
Não há vida sem correção, sem retificação.
Paulo Freire
Para refletir:
"Hombridade, retidão de caráter, dignidade, honradez, fidalguia e humildade não dependem de nenhuma circunstância para os defini-los em você.
A. Kayra
Segunda instância
Conforme A VOZ DA SERRA já havia noticiado em sua página na internet, o ex-presidente da Câmara Municipal de Nova Friburgo, Luciano Campos Faria, teve a condenação por corrupção eleitoral confirmada na sessão desta quarta-feira, 2, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) por denúncias referentes à campanha eleitoral de 2008.
Luciano, que em março de 2017 havia sido condenado em primeira instância, ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília.
Compra de votos
De acordo com Antônio Aurélio Abi Ramia Duarte, relator do recurso e desembargador eleitoral que morou em Nova Friburgo, ficou demonstrada a "organização de uma estrutura voltada à distribuição de benesses a eleitores em troca de votos".
A condenação sustenta que foram distribuídas cestas básicas, material de construção, fraldas e receituário médico para consultas oftalmológicas, de acordo com um livro de anotações intitulado "caderno de pessoas amigas".
Pena
Além disso, ao menos três testemunhas relataram a entrega de sacolas de dinheiro a líderes comunitários bem como a intermediação de consultas médicas, compra de remédios e promessas de favores como jogos de camisa, óculos e material de construção.
A pena estipulada é de dois anos, seis meses e dez dias em regime semi-aberto, além do pagamento do equivalente a 11 dias-multa.
Falando sério
Cá entre nós, existe uma verdade não dita a respeito dos bastidores de nossa corrupção eleitoral: a de que os políticos veem no eleitorado tanta corruptibilidade quanto o eleitorado vê nos políticos.
A falta de respeito é mútua, e a relação que deveria ser de confiança e gratidão torna-se mercantilista e egoísta.
"Seu voto agora é meu, e eu faço com ele o que quiser. Você já recebeu o que eu ofereci, e se reclamar daqui para a frente é por que é hipócrita."
Pecado original
As implicações são sérias demais, e se quisermos falar sério a esse respeito, teremos de assinalar que existem centenas de eleitores dispostos a vender a própria voz na democracia para cada candidato disposto a pagar por elas.
E é aí que reside o verdadeiro pecado original de nossa democracia.
Porque se há tantos bandidos ocupando cargos públicos e não celas em cadeias, é porque a maior parte da população prefere aceitar a esmola do que registrar o fato e denunciar às autoridades.
Detalhe
Ocorre que, na imensa maioria das vezes, o dinheiro utilizado para tais favores já advém de formas anteriores de desvios, tais como a nomeação de assessores fantasmas que devolvem 80% ou mais dos vencimentos para um caixa de campanha.
Já vimos isso acontecer por aqui, pouco tempo atrás.
Ou seja: na prática, o eleitor muitas vezes se deixa comprar por dinheiro que já era seu, e não raramente se acha esperto ao fazer isso!
Aliás...
E já que estamos falando em vícios democráticos, o colunista continua defendendo a bandeira de que promessas não cumpridas de campanha deveriam ser alvo de implacável auditoria, podendo implicar inclusive em crime eleitoral.
Não dá para conceber eleições sendo definidas por promessas sem lastro de veracidade.
Começou
Tem muita gente em Nova Friburgo brincando de ser jornalista.
Gente ligada diretamente a certos grupos políticos que os financiam, e que - especialmente em anos eleitorais - assumem posturas de gigantesco cinismo, insinuando isenção onde só existe seletividade e direcionamento.
Em português claro, gente que está sendo paga para mentir e distorcer.
A árvore e os frutos
O resultado de tal postura é meramente difamatório, e seu efeito, quando se toma a indústria da difamação como um todo, é o país fraturado que temos visto, no qual o diálogo entre as partes se perdeu e o ódio e o desrespeito marcham rumo a um ponto de não retorno.
Plano
É dividir para conquistar, é dominar pelo medo, é disseminar a descrença a tal ponto em que quase todos estejam dispostos a abrir mão das próprias liberdades em troca de um "pouco de ordem", ou a votarem no "novo" simplesmente por ser desconhecido.
É, em resumo, fazer com que grande parte da sociedade esteja disposta a assinar um cheque em branco ou uma procuração a quem, nas sombras, está por trás de tudo.
Estágio avançado
E a verdade é que muitos estragos já foram feitos, a tal ponto que, na maioria das vezes, defender a verdade e a possibilidade de avaliações justas já é visto por muitas pessoas como tomar partido de um ou outro lado.
Não faltam exemplos deste tipo de situação por aqui mesmo.
Correção
Quem lê a coluna regularmente, por exemplo, sabe que o colunista tem ressalvas profundas à conduta de personagens decisivos em nosso cenário político atual, nas três esferas de governo.
E também que condena veementemente qualquer atitude que vá contra a transparência máxima dos atos públicos.
Isso, no entanto, não impediu a coluna de mostrar que as acusações feitas à prefeitura em relação aos gastos com os festejos do bicentenário não eram precisas.
Manipulação
Da mesma forma, é impossível não observar a distância entre o que andou sendo publicado e o que efetivamente propõe o projeto de lei do deputado federal Glauber Braga, a respeito da possibilidade de trabalho remunerado a quem está preso.
No fim todos têm o direito de concordar ou discordar, mas é obrigação de toda pessoa responsável fazer isso com base em argumentos verdadeiros.
Coisa séria
Ninguém publicou, por exemplo, que o salário mínimo em questão seria pago pela empresa contratante e não pelos cofres públicos, ou que a Procuradoria Geral da República manifesta entendimento análogo ao projeto.
Nem tampouco que paralelamente foi apresentado o Plano Nacional de Educação nas prisões, com o intuito de aumentar a oferta educacional nas unidades prisionais.
Ainda que no fim opiniões já não se pautem tanto por informações, simplesmente não se pode aceitar que fake news tomem o lugar de notícias verdadeiras e completas.
Gafe
Sempre atenta e participativa, Dona Uta Blunck Cortez escreve à coluna para evitar que uma gafe recorrente por aqui volte a se repetir no futuro.
"Que vexame! No hasteamento de bandeiras na Praça das Colônias em comemoração ao dia da Alemanha executaram - de novo - o hino alemão antigo, proibido depois de 1945 pelos aliados. Durante vários anos avisei ao cerimonial sobre fato. Hoje, só podemos cantar a terceira estrofe!"
Pergunta
O olhar sempre atento de Regininha Lo Bianco continua a reunir um acervo de valor incalculável para as futuras gerações a respeito da arquitetura contemporânea de Nova Friburgo.
Aos leitores que conseguirem enxergar a construção atrás desse horrível emaranhado de fios (será que eles ainda estarão aí nos 300 anos?!), o Massimo pergunta: que construção é esta?
Boa sorte a todos.
Massimo
Massimo
Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.
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