Avenida Hans Gaiser

​* 28 de fevereiro de 1897
+ 29 de setembro de 1952

Por ela passam centenas de carros todos os dias. De um lado está o Rio Bengalas, do outro, oficinas mecânicas, postos de combustíveis e concessionárias de automóveis. A Avenida Hans Gaiser tem início exatamente em frente a fábrica de ferragens Haga e termina próximo ao trevo do bairro de Duas Pedras. Seu nome é uma homenagem a uma das mais importantes figuras da história de Nova Friburgo: o alemão, engenheiro Hans Gaiser.

Nascido em 28 de fevereiro de 1897, Hans Gaiser emigrou para o Brasil em 1923, acompanhado de sua esposa Selma Gaiser, em função da crise econômica no seu país de origem. Por conta da sua experiência na construção de hidrelétricas, foi contratado pela empresa responsável pela instalação da usina do Catete, em Furnas. Ele trabalhou também na construção da rodovia que liga Nova Friburgo a Cachoeiras de Macacu, a atual RJ-116, em 1937, na construção de pontes, pavimentação de estradas e muitas outras obras de grande porte.

Empreendedor nato, Gaiser abriu inicialmente uma serraria, no terreno da atual Sociedade Esportiva Friburguense, transferindo-a em seguida para a Rua Oliveira Botelho. O objetivo da empresa era atender às necessidades de suas obras, pois naquela época (1927) já havia aberto uma empresa de construção civil, responsável pela construção de diversos prédios na cidade, inclusive a expansão das fábricas de Rendas, Ypu e Filó. Sua firma localizava-se no número 34 da Rua General Câmara, atual Rua Augusto Spinelli.

Sua contribuição para o crescimento de Friburgo vai além. Ele foi o engenheiro responsável por várias fontes construídas na cidade, inclusive a do Suspiro. Hans Gaiser foi, aliás, o introdutor da técnica de construção em concreto armado em Nova Friburgo. No fim da mesma rua onde se situava sua empresa, construiu sua residência, uma belíssima casa em estilo art déco, que existe até hoje.

Naquela época, porém, grande parte dos componentes de ferro fundido usados na construção civil eram importados da Europa e, devido à guerra, ele começou a encontrar dificuldades para importá-los. Em 1937, resolveu, então, implantar em seu parque fabril a primeira fundição do Brasil, a Ferragens Haga Ltda, com cerca de 15 operários, cujo nome foi formado com as sílabas iniciais de seu nome e sobrenome.

O crescente progresso dessa nossa atividade o levou, em 1946, a separar as duas firmas, Hans Gaiser Cia. Ltda, explorando o ramo de construção e carpintaria, e a Ferragens Haga S/A, no ramo de ferragens. Durante décadas, Hans Gaiser foi proprietário da maior metalúrgica de Nova Friburgo. Em 1960, coube a ele nacionalizar toda a produção de fechaduras e maçanetas da indústria automobilística, dando início ao desenvolvimento do setor de autopeças em Nova Friburgo.

Em 1951, depois de perder precocemente seus dois filhos -- a menina aos quatro meses e o menino aos oito anos, Gaiser voltou à Alemanha para realizar exames na clínica da Universidade de Tübingen e foi diagnosticado com câncer. Em 29 de setembro de 1952 ele faleceu, deixando para sua esposa e sobrinhos um patrimônio respeitável.

A presidência da Haga foi assumida pela viúva Selma. Ela faleceu em maio de 1967 e deixou em testamento a sua residência do Sítio São João, próximo a fábrica Haga, e todas as terras do seu entorno para a Congregação das Irmãs Franciscanas de Dillingen. Selma estipulou em seu testamento que as irmãs mantivessem um orfanato para meninas órfãs e carentes durante 25 anos, em regime de internato. O local passou a denominar-se de Lar de Crianças Hans e Selma Gaiser e hoje se encontra desativado. Igualmente uma extensa propriedade no distrito de Campo do Coelho foi doada para a Humedica, entidade filantrópica protestante alemã.

A fábrica entrou em concordata e a empresa passou para um grupo de funcionários que administra até hoje a Ferragens Haga. Fica aí o registro de um dos homens construtores de Nova Friburgo e cuja memória está em um logradouro público que leva o seu nome, a Avenida Hans Gaiser.

(Texto baseado nas pesquisas da historiadora e professora Janaína Botelho, autora do livro “História e Memória de Nova Friburgo”)