Está aberta para visitação a exposição “Encarnado”, do artista plástico Mario Moreira, na Galeria Usina Cultural, inaugurada no último sábado, 17. O público pode apreciar as obras de terça-feira a sábado, das 13h às 18h. O espaço fica na Praça Getúlio Vargas, esquina com a Rua Dante Laginestra, no Centro.
Segundo o escultor, suas mais recentes obras procuram “prolongar este ciclo existencial transformando o caos em beleza através da intervenção artística”. E mais: “Não sendo figurativa valoriza, a princípio, a história que cada pedaço de madeira traz consigo: rugas, cicatrizes, textura, cor ou da sua utilização pelo homem, e também aspectos estéticos possibilitando o prolongamento da sua existência como obra de arte”.
Nascido em Friburgo, em 1961, Mario Moreira cursou a Escola Nacional de Belas Artes (EBA/UFRJ), e formou-se em comunicação visual (1985), atividade profissional que exerce desde então juntamente com as artes plásticas, no Brasil e em Portugal, país onde residiu por 14 anos.
Através de seu currículo conhecemos sua evolução como artista plástico: explorou, desde cedo, vários caminhos e linguagens de expressão artística como o desenho, a pintura, a cerâmica, a assemblage ou ajuntamento e murais em espaços públicos. Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais e tem trabalhos expostos em espaços de arte, empresas e coleções particulares no Brasil e Portugal.
Ele conta que, de volta ao Brasil, em 2006, passou a misturar, na elaboração das suas peças, sua vivência na experimentação de várias técnicas e materiais, sempre com uma forte influência da natureza, uma constante em seu imaginário artístico.
Nas últimas décadas, Moreira tem trabalhado no projeto “Madeira com História”, desenvolvendo esculturas em madeira não figurativas, acrescentando quase sempre em suas peças o elemento metal na sua composição. Na apresentação desta exposição, explicou como elaborou as peças que compõem “Encarnado”:
“Explorando os elementos disponíveis em cada peça bruta tais como as texturas, imperfeições, cores, cicatrizes, realçando a história que cada pedaço de madeira apresenta, valorizamos a sua beleza, possibilitando assim o seu renascimento estético”.
Em sua percepção sobre o significado do elemento madeira, o que e como ela viveu, observou: “A madeira cumpriu um ciclo de existência como árvore, ciclo esse que terminaria com sua morte, por velhice, pela ação da própria natureza ou intervenção do homem. E, em uma visão menos atenta, teria o seu fim já destinado, qual seja, lenha, lixo ou podridão”.
Segundo suas palavras, na criação das recentes obras, Moreira procurou prolongar este ciclo existencial transformando o caos em beleza através da intervenção artística. “Não sendo figurativa valoriza a princípio a história que cada pedaço de madeira traz consigo: rugas, cicatrizes, textura, cor ou da sua utilização pelo homem e também aspectos estéticos possibilitando o prolongamento da sua existência como obra de arte”.
E acrescenta que, para além dessa história que cada peça conta, “um lugar, um acidente natural, um presente de um amigo, um olhar mais atento há também uma busca intuitiva da forma em si, e o seu aspecto puramente estético”.
Para encerrar, Mario Moreira explica o título da exposição: “A ideia é simples: Em Portugal algumas vezes chama-se a cor vermelha de encarnado ou encarnada. Tem a ver também com a carne em si. Algumas peças têm um tom avermelhado e também representam a "carne" da própria árvore em que se originaram. Pode também ter um sentido de encarnação.... Algumas são costuradas como se fosse uma sutura. Enfim, Encarnado...”
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