Bonita. Limpa. Conservada. Estes são alguns dos adjetivos utilizados pelos friburguenses para se referir a Praça Marcílio Dias, no Paissandu. Situada no que se pode chamar de centro nevrálgico da cidade -- onde há escolas, comércio diversificado, restaurantes, um condomínio e residências -- ela é um refúgio em plena área urbana de Nova Friburgo.
Dona de amplo espaço de lazer, a praça é rodeada por belas e imponentes árvores. Possui muitos arbustos, diversos vasos de plantas, canteiros de flores e um coreto ao centro, onde acontecem os ensaios de grupos de dança da cidade. No espaço é comum também, principalmente aos fins de semana, ver jovens reunidos em rodas de conversa, ao som de violões, ou andando de skate.
Para a dona de casa Maria das Graças Buarque, de 72 anos, o espaço é agradável. “Costumo vir aqui umas duas vezes por semana pegar sol durante a manhã. Não há muitos frequentadores nesse horário. Gosto de sentar aqui e ver o movimento dos carros”, destacou ela, que é aposentada e mora há mais de 20 anos no Paissandu.
Márcio Vieira, de 26 anos, que trabalha em um comércio próximo a praça também acha que é um bom espaço de lazer. “Embora eu não veja tantas pessoas por aqui ao longo do dia é um local que agrada visualmente. As vezes venho e sento um pouco durante o horário de almoço. Ela é espaçosa e está bem cuidada”, disse ele.
Um dos poucos problemas relatados por quem passa diariamente pelo local são os constantes engarrafamentos, principalmente nos horários de pico — entre às 7h e às 8h da manhã e à tarde, das 17h às 20h. E, por causa da grande quantidade de carros, o acesso a praça se torna um pouco complicado. “Só tem um sinal. Então, se a gente está do outro lado, tem que dar a volta pra vir até aqui. Acredito que esse seja um dos motivos que faz com que ela não seja muito visitada”, disse o empresário Jordan Mattos, de 32 anos.
Por causa do pouco movimento no espaço, há quem garanta que a praça é apenas um enfeite. “Ela não tem utilidade nenhuma. Quase ninguém passa por aqui; a prefeitura não realiza atividades. Ou seja, é um espaço bonito e amplo, mas mal utilizado”, diz Celio Silva, de 48 anos.
Para Valter Salarini, de 60 anos, a falta de segurança é um dos problemas do local. “Há sempre moradores de rua no coreto, alguns usuários de droga no fim da tarde e a noite. É complicado”, disse ele.
Já para Letícia Coimbra, de 22 anos, nem só de flores vive uma praça. “Os jardins estão lindos. Mas o coreto está abandonado, com fiação exposta e todo pichado”, afirma.
O que diz a prefeitura
A VOZ DA SERRA entrou em contato com a prefeitura para esclarecer os problemas relatados na reportagem e, em nota, o governo municipal informou que: “ Em breve, um eletricista será enviado até lá pela Secretaria de Serviços Públicos a fim de reparar a fiação danificada (no Coreto), assim como um outro profissional irá fazer um levantamento para identificar os materiais necessários para compra, com a finalidade de realizar os demais reparos apontados.
Sobre a colocação de novos bancos, a prefeitura explicou que poderá ser feito um estudo para que isto aconteça, mas informou que não existe a possibilidade de instalação de coberturas na praça, considerando que elas inibiriam o ciclo natural das plantas, que passariam a receber menos luz do sol e água da chuva.
Em outro trecho do texto, a prefeitura destacou que “as revitalizações do espaço são feitas regularmente. Sobre a realização de atividades culturais na praça, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, está dialogando com a classe artística, principalmente a de rua (como os grupos de dança, hip hop) com o intuito de proporcionar espaços para a juventude, para que ela possa se manifestar culturalmente”. Ainda de acordo com o governo municipal, o projeto "No palco, a vida", que consiste em ocupar as praças públicas com atividades culturais todos os fins de semana, está em fase de captação de recursos para ser executado e logo será posto em prática.
Revitalização
A Praça Marcílio Dias foi revitalizada em 2008, durante o governo de Sérgio Xavier. A obra, orçada em R$ 340 mil, foi fruto de uma parceria entre os governos municipal e federal. Na época, muita gente questionou o tamanho da praça, cerca de seis mil metros quadrados, alegando que ela deveria ser reduzida para dar lugar a outra pista de rolamento e desafogar o trânsito no Paissandu.
“Chegou a ser cogitada a diminuição do diâmetro da praça, mas depois de estudos se percebeu que tal medida não ajudaria os freqüentes congestionamentos do Paissandu. A solução seria um viaduto ou mesmo uma passagem de nível, que são obras caras, mas temos que ter os pés no chão e fazer as obras que temos dinheiro para realizar. Este tipo de obra o orçamento da Prefeitura não cobriria, portanto, optamos por um projeto arquitetônico que desse segurança aos freqüentadores. A questão do trânsito não vimos como prioridade, já que existem outras possibilidades de melhoria”, disse, na época, a então secretária de Obras do município, Margareth Nacif.
De Largo do Pelourinho à Marcílio Dias
Conhecida como Praça do Paissandu, o espaço foi batizado inicialmente de Câmara da Vila. Em 3 de novembro de 1865, em homenagem aos feitos das tropas brasileiras na Guerra do Paraguai, mudou o nome do Largo do Pelourinho para Praça Paissandu. Este nome perdurou até os anos 1930 quando foi mudado para Praça Comendador Julius Arp, nome esse mudado novamente quando o Brasil entrou na segunda Guerra Mundial. Foi então, que ela passou a ser chamada de Praça Marcílio Dias, em homenagem ao herói brasileiro na Guerra do Paraguai, nome que permanece até os nossos dias.
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