Humano sustentável

terça-feira, 09 de janeiro de 2018

Ouvimos constantemente falar sobre a palavra sustentabilidade, aliás dificilmente encontraremos alguém que não tenha tido contato com noções básicas do que essa ideia representa para nossa vida em sociedade. Mas até onde reproduzir apenas a palavra por um mero modismo poderá ajudar-nos a entender os conceitos fundamentais da prática desse mesmo conceito? Hoje, nesse espaço, vamos abrir mais essa ideia e sua pratica auto consciente. 

É muito comum associarmos sustentabilidade à ideia do verde, ou seja, basta coletar água da chuva, reciclar seu lixo, plantar uma ou outra árvore e pronto, já sou sustentável. Evidentemente essa é uma pálida noção do que essa ideia representa em nossas vidas, tendo em vista que se reduzirmos esse conceito a apenas ao meio ambiente estaremos diminuindo o poder que uma atitude sustentável tem no social, cultural, econômico.  

Quando entendemos a sustentabilidade como uma espécie de cosmovisão, ou seja, uma visão de mundo, percebemos que essa palavra está na nossa necessidade de vida. Por exemplo, imagine que você está participando de uma palestra em um ambiente fechado, sem janelas, com ar condicionado quebrado e cadeiras desconfortáveis, pois é, dificilmente esse ambiente seria capaz de sustentar sua permanência ali.

Para que fosse possível adquirir o máximo de conteúdo apresentado nesta palestra imaginária você necessitaria de um ambiente favorável à sua permanência e aprendizado, em outras palavras, seria imperativo um ambiente sustentável. Podemos aprender com isso que essa ideia está além de preencher meros protocolos reproduzidos como modismo, precisamos interpretar como escopo da vida sustentável o mundo capaz de deixar a vida mais confortável, economicamente viável e moralmente acessível aos padrões universais de solidariedade, honestidade, justiça e equidade.  

Quando pensarmos em reciclar o nosso lixo por exemplo a primeira ideia que deve permear nossa mente é que alguém irá manipular aquele resíduo, então devemos por uma obrigação moral facilitar a vida deste indivíduo, deixando os resíduos mais limpos e secos sem adicionar perigos potenciais como vidro, material cortante etc. Mas por que? Porque o benefício não está em somente aliviar o aterro, está também em proporcionar qualidade de vida.  

Uma empresa que separa seus resíduos, faz coleta da água da chuva, utiliza energia limpa, mas que paga baixos salários e não valoriza seus funcionários está sendo sustentável em apenas um aspecto e te digo, no que tem menos valor para a humanidade. Até porque quando se contrata uma pessoa para desenvolver algum trabalho você estará comprando um pouco do seu tempo de vida e tempo de vida é algo que não se pode mensurar em valores financeiros. Pergunte a um doente terminal quanto ele pagaria para viver mais um mês. Dessa forma a ideia de exploração do trabalho como forma de obter lucro não é e nunca será sustentável.  

John Donne, um grande poeta inglês, em um dos seus poemas escreveu: “Nenhum homem é uma ilha; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

Uso esse poema como exemplo para afirmar que a ideia de sustentabilidade deve primeiro colocar o ser humano no foco das possibilidades. Ser sustentável é no final de tudo ser humano no sentido humanístico, sereno e equilibrado, respeitando as diferenças, a vida, o ambiente e projetando-se no outro com a empatia de quem compartilha algo em comum, a saber, a beleza de estar vivo.  

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Renata de Rivera

Meu Bairro Sustentável

O projeto do núcleo Meu Bairro+200 idealizado por Renata de Rivera visa tornar Nova Friburgo uma cidade sustentável. Sua coluna traz dicas de ações por uma cidade mais limpa, com menos lixo e poluição e uma vida mais saudável.

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