Colunas
Resoluções de ano novo
Ao longo de 2018 não vou perder a cabeça no trânsito. Agirei sempre com a razão. Vou repetir este mantra todas as vezes antes de assumir o volante ou o guidão, e terei em mente que qualquer um que eventualmente venha a me agredir deixará de ser problema meu tão logo siga por seus rumos diferentes. Vou me lembrar sempre que não vale a pena alterar o rumo de uma ou mais vidas por causa de um estresse momentâneo.
Ao longo de 2018 não me deixarei levar pela ansiedade. Vou me esforçar para estar sempre adiantado e calmo, ciente de que a maior parte dos problemas ocorrem quando estamos apressados e ansiosos por chegar. Vou fazer uso dos recursos da atualidade para avisar sempre que for me atrasar, e não vou deixar que imprevistos estraguem o meu dia, ou o daqueles que convivem comigo. Essas são coisas que acontecem.
Ao longo de 2018 não deixarei a rotina me colocar no modo automático. Não importa se o trânsito é minha profissão, ou se eu posso ganhar mais dinheiro ou chegar mais cedo em casa se correr. Terei sempre em mente que há pessoas me esperando voltar, pessoas que investiram em mim, que dependem de mim. Nem vou me esquecer que aqueles que transporto têm suas vidas, seus sonhos, seus planos, seus medos, seus amores. São importantes para outras pessoas, e estão confiando suas vidas a mim. Não vou deixar com medo nem tampouco desconfortável ninguém que esteja sob minha responsabilidade, nem vou dar mal exemplo aos outros motoristas ou motociclistas.
Ao longo de 2018 vou exercitar o respeito. Não conheço nem sei nada sobre as pessoas que passam por mim num piscar de olhos. Vou respeitar suas lutas, vou fazer minha parte para proteger seus espaços, não vou interromper ou alterar suas jornadas. Não vou andar próximo a ninguém que siga à minha frente. Vou conservar minhas margens de segurança e não vou apressar ninguém.
Ao longo de 2018 tentarei recuperar o prazer de conduzir. Vou manter a documentação regularizada, e a manutenção em dia, sem acúmulo de problemas. Vou antecipar meus deslocamentos e abusar do privilégio de dar passagem, ceder a vez, ser gentil. Vou perdoar quem me atrasar ou prejudicar, vou ser um agente da paz. Vou curtir a liberdade de ir e vir, e de ser diferente. De fazer o bem, de não reagir automaticamente aos mesmos estímulos.
Ao longo de 2018 não vou fazer uma única ultrapassagem sem a certeza de que ela é possível. Não vou transferir aos outros o direito ou a responsabilidade de escolher sobre a continuidade de minha vida e das pessoas que transporto. Não vou dirigir se estiver com sono, nem tampouco se tiver bebido ou estiver alterado por qualquer motivo. Também não vou hesitar em perder alguns minutos, algumas horas que seja, se não estiver em plenas condições de zelar pela segurança de quem trafega junto comigo.
Ao longo de 2018 não vou abusar da velocidade. Não vou me deixar empolgar, não vou medir forças, nem vou me importar de ser ultrapassado. Não vou me esquecer que é fácil se habituar a altas velocidades, e que esse torpor aumenta a ansiedade quando se é obrigado a trafegar em velocidades condizentes, gera irritação no tráfego e conduz a ultrapassagens agressivas e perigosas. Darei mais valor a chegar bem do que a chegar rápido.
Ao longo de 2018, enfim, quero viver e deixar viver, aonde quer que eu vá.
Márcio Madeira da Cunha
Sobre Rodas
O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário