Editorial - Maio, com memória

quinta-feira, 07 de maio de 2009
por Jornal A Voz da Serra

É VISÍVEL a preocupação do analista Nelson Bohrer, o ‘Guguti’, com o Centro de Documentação D. João VI, o conhecido Pró Memória da prefeitura. O setor passa por momentos de reestruturação para a manutenção de seu importante acervo documental, prevenindo-o contra os riscos de deterioração da memória friburguense tão bem guardada ao longo dos anos, e objeto de permanente consulta por historiadores e leigos.

FUNGOS E umidade ambiental que volta e meia invadem impiedosamente a memória brasileira, privam também as gerações friburguenses de seu acervo e atualmente é louvável o esforço de seus administradores para que o nosso patrimônio não sofra consequências danosas. Instalado na Usina Cultural da Energisa, o Pró Memória precisa também de equipamentos e verbas para a manutenção de toda a história de Nova Friburgo.

O PATRIMÔNIO cultural de Nova Friburgo é um setor que não pode ficar sem o apoio das autoridades culturais do município, do estado e do governo federal. É dever do Estado e de todos os cidadãos que podem ter acesso ao seu passado histórico, resgatado ao longo dos anos revelando a quem hoje visita o Pró Memória toda a pujança da cidade surgida timidamente na serra, do decreto real de fundação, em 1818, à moda íntima, em 2009.

A INQUIETAÇÃO é compartilhada também por todos aqueles que se preocupam com a história friburguense e têm naquele órgão público o seu principal acervo. Além disso, devido à sua abrangência histórica, até então bem guardada, tornou-se referencial para diversos municípios resgatarem as suas memórias. Tais virtudes, por conseguinte, não podem prescindir de uma infraestrutura compatível com o material que conserva, vale dizer, recursos humanos e materiais.

O ESFORÇO do Pró Memória em obter verbas para o município pode ser recompensado através de diversos convênios com governos e instituições integrando-a com as políticas federais de ‘transversalidade cultural’, que busca a integração relacionando-se com outras atividades que agreguem um amplo espectro cultural, comum a todos. A perspectiva de digitalização do acervo é uma das metas para este ano e vem sendo prestigiada por nossas autoridades.

A RECOMPENSA pelo empenho, entretanto, não é suficiente para ‘zerar’ o déficit histórico do município com a sua própria cultura. Por uma série de razões a cultura foi, para muitos governantes, o ‘patinho feio’ da administração. Sem verbas e com pires nas mãos atrás de patrocínios, a cultura friburguense bateu às portas das autoridades e nada ou quase nada recebeu. Somente agora sai da incômoda situação, devolvendo a Nova Friburgo um destaque há muito perdido.

A GLOBALIZAÇÃO valorizou as cidades que respeitam as suas raízes, possuem suas próprias artes, criatividade e realizações do cidadão comum. A cultura friburguense tem condições de interagir de forma duradoura, sem preocupações com o tempo dos mandatos eleitorais. Sua rica história não cabe em apenas um governo. É dever, portanto, de todos os gestores públicos adotarem uma política de continuidade cultural, valorizando, sempre, este legítimo direito de todos os friburguenses.

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