Terminou em tristeza a cavalgada em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, em Conselheiro Paulino, na tarde de domingo, 8. Durante o passeio, um cavalo sofreu um acidente e teve a pata traseira esquerda fraturada. Por conta do acidente, o cavalo teve que ser sacrificado.
O episódio repercutiu nas redes sociais e gerou revolta. De acordo com testemunhas, dois homens montavam no animal quando ocorreu o acidente. Após constatarem a fratura, os dois fugiram. Suspeita-se de que o proprietário do animal seja um morador do bairro Alto de Olaria.
A veterinária Lorrayne Jander esteve no local e prestou atendimento ao animal. “Recebemos uma denúncia por volta das 17h, chegando ao local, constatei que o animal estava caído, com marcas de sangue no chão e fratura completa na pata esquerda. O animal apresentava pequenas lesões pelo corpo e a presença de carrapatos. Mesmo com esses problemas, não podemos afirmar que o cavalo sofria com maus-tratos. Para fazer uma afirmação desse tipo, precisamos saber o histórico do animal, de onde veio, quem era o dono, onde ficava etc”, disse ela.
A veterinária explicou que não havia outra saída senão abatê-lo. “Fraturas em equinos são casos muito complexos, já que o animal não entende que não pode apoiar o membro no chão. Não existe nenhum tipo de imobilização eficiente, já que o peso do animal é superior a 400 kg. Assim sendo, a indicação nesses casos, a fim de não deixar o animal em sofrimento, é a eutanásia. O animal foi devidamente sedado, anestesiado, colocado em cima do caminhão e posteriormente eutanasiado de acordo com as boas práticas do Conselho Regional de Medicina Veterinária.”
A vereadora Luciana Silva (PMDB), que defende a causa animal, ao ser avisada do ocorrido, registrou com imagens e vídeos a agonia do cavalo. “Quando cheguei ao local, já estava um funcionário da Secretaria municipal de Serviços Públicos com o caminhão e a máquina que faria a remoção do cavalo. Depois chegaram o funcionário da prefeitura responsável pela remoção e a doutora Lorrayne. Ficamos lá o tempo todo conferindo o atendimento e prestando o auxílio necessário. Infelizmente, tive que filmar para que as pessoas vejam o sofrimento que esses animais passam.”
Em sua página no Facebook, a vereadora compartilhou as imagens e o vídeo do cavalo. Nos comentários, muita gente afirmava que outros cavalos que participaram da cavalgada foram expostos a péssimas condições e grandes distâncias sem qualquer infra-estrutura. “Elas relataram que os animais e seus donos vieram de diferentes partes da cidade como Catarcione, Cascatinha e Vargem Alta. Até de madrugada foram vistas pessoas voltando com esses animais, que aparentavam exaustão e sendo açoitados.”
De acordo com a subsecretária do Bem-estar Animal (Subea), Monique Malhard, o evento não foi divulgado, o que dificultou o trabalho da subsecretaria para fiscalizar a cavalgada. “Em todos os evento desse tipo nós ficamos sabendo com antecedência, o que nos permite fiscalizar durante todo o trajeto de uma cavalgada, com o apoio de outras secretarias. O evento em Conselheiro Paulino não foi divulgado, o que prejudicou o nosso trabalho.”
Segundo a vereadora Luciana Silva, existe um projeto de lei em estudo para impor uma fiscalização mais rigorosa em eventos desse tipo. “Nem todos os cavaleiros e cuidadores tratam os cavalos desta forma, mas o que temos visto é uma monstruosidade. Estou estudando um projeto de lei, onde limites serão impostos. Quem gosta de animal sabe que maus tratos não se encaixam em um evento, que onde era para ser lindo, finaliza com animais sofrendo”.
Nesta terça-feira, 10, a vereadora usará seu tempo na Câmara para discursar sobre o episódio, em sessão fechada. Membros da causa animal vão acompanhar a sessão para dar apoio à vereadora. “Como é uma sessão fechada ao público, nós vamos acompanhar sem fazer nenhum tipo de manifestação. Mas estaremos lá para mostrar a importância dessa luta”, afirmou a ativista Celina Muller.
Em nota, a prefeitura repudiou os atos de maus-tratos supostamente realizados no evento do final de semana e afirmou que tomou todas as medidas cabíveis em relação ao acidente com o cavalo. "Até o momento, o proprietário do animal não foi encontrado, mas, ainda assim, a Subea irá fazer um registro de ocorrência por maus-tratos ao animal a fim de facilitar a identificação do suspeito e evitar que situações como esta se repitam. Em tempo, a Prefeitura ressalta a importância de conscientização sobre os cuidados que devem ser tomados com os cavalos nas cavalgadas e que em hipótese alguma sejam abandonados à própria sorte. E reforça ainda que nem todos os animais estão aptos a participarem de cavalgadas”, diz a nota.
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