Nova Friburgo conseguiu reduzir a quase zero o total de bebês soropositivos e se tornou um dos 82 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes aptos a obter o certificado de eliminação da transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus HIV, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Estado do Rio, somente Resende e Petrópolis também estão na lista.
“Conseguimos chegar a esse resultado graças ao trabalho incansável das equipes integradas, que vão, literalmente, em busca das gestantes portadoras do vírus HIV. Caso ela não nos procure, nós vamos até a casa dela, se necessário com apoio do Conselho Tutelar. Essa gestante é inserida no pré-natal do Hospital Maternidade e recebe todo o acompanhamento necessário até o bebê completar dois anos de idade”, afirmou a coordenadora municipal do programa DST-Aids e Hepatites Virais, Tereza Polo.
Desde 2005, 130 bebês de mães com HIV nasceram na cidade, mas nenhum deles se infectou com o vírus. Para obter a certificação, Nova Friburgo teve que seguir parâmetros da OMS e outros definidos pelo Ministério da Saúde, como garantir que no mínimo 95% das gestantes tenham feito quatro consultas no pré-natal, por exemplo, além do teste para HIV. A meta do Brasil é alcançar 90% do patamar estabelecido pela OMS até 2020 e chegar a 2030 tendo eliminado a transmissão vertical do HIV.
Segundo a Organização Panamericana de Saúde, a passagem do vírus ocorre durante a gestação (35%) e no período do periparto — entre o último mês da gravidez e cinco meses após o parto (65%). Na amamentação, o risco aumenta entre 7% e 22% a cada mamada. Sem tratamento, a transmissão vertical ocorre em cerca de 25% das gestações de mulheres portadoras do HIV.
A redução da transmissão vertical só é possível com profilaxia (medidas preventivas). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, primeiro, é preciso detectar rapidamente se uma gestante está ou não infectada pelo HIV. Caso o resultado seja positivo, ela começa a ser medicada e, com os modernos medicamentos distribuídos gratuitamente pelo SUS, é possível tornar a carga de vírus indetectável.
Em 2015, o Estado do Rio registrou cinco casos de infecção por HIV, por 100 mil habitantes, em crianças de até 5 anos de idade — o dobro da média brasileira, de 2,5 registros por 100 mil habitantes. A capital está entre as cinco cidades do país com piores índices, com uma taxa de detecção de 6,2. As maiores taxas do Brasil estão em Roraima (8,1) e Rio Grande do Sul (5,4). São Paulo registrou apenas 1,3 casos por 100 mil habitantes no estado e 1,5 na capital.
O programa DST-Aids da Secretaria Municipal de Saúde atende cerca de 700 pessoas portadoras do vírus em Nova Friburgo e na região, já que o município recebe também pacientes de outras cidades, como Bom Jardim, Trajano de Moraes, Duas Barras, entre outros. Desse total, cerca de 60% são homens e 40% mulheres.
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