Auxiliar na perda de peso, fortalecer os ossos, prevenir e controlar doenças, recuperar a autoestima. Todo mundo sabe que fazer exercícios faz bem e é super importante para manter uma vida mais saudável e feliz. Mas o que alguns talvez não percebam é que praticar atividades físicas de forma errada pode ser tão prejudicial quanto simplesmente ser sedentário.
Nos últimos anos, a atividade física tem atraído cada vez mais adeptos. Com uma demanda em larga expansão, cresce o número de espaços que oferecem orientação e equipamentos para a prática de exercícios. O problema, entretanto, é que dentre esses estabelecimentos, alguns exercem a função de forma irregular.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Educação Física, André Fernandes, "esse aumento no número de academias é ótimo porque mostra que as pessoas têm buscado cuidar da saúde. Por outro lado, com essa oferta cada vez maior, muita gente passa a ter interesse nesse tipo de mercado crescente e aí aumenta a irregularidade”.
Para o presidente, o consumidor precisa ficar muito atento na hora de fechar um contrato com um profissional ou academia. “Um exercício mal feito pode causar desde microlesões a situações graves que podem levar à morte. Por isso é tão importante tomar algumas atitudes antes de começar a praticar a atividade”, afirma ele.
“O primeiro passo é verificar se a academia ou profissional é registrado no Conselho Regional de Educação Física, Cref. O cliente pode exigir a cédula do conselho, já que todo profissional registrado possui esse documento, ou pesquisar pelo site do Cref. Lá é possível encontrar desde um personal a uma academia, tudo está registrado. Se esse profissional ou estabelecimento não estiver no site, não sabemos quem é essa pessoa e aí é preciso ter cuidado”, orienta André.
Ainda segundo o presidente, é necessário ficar atento às atitudes tomadas pelas empresa ou profissional. “A academia precisava ter, no mínimo, algum tipo de avaliação física antes de liberar o aluno para a prática da atividade. Ou seja, qualquer profissional ou local tem que fazer algum tipo de teste com o aluno”, explica ele, acrescentando que “o próximo critério, obviamente, é observar a prescrição da atividade física para o aluno. Isso porque, independentemente do tipo de exercício que se faça, com característica coletiva ou individual, o aluno precisa ser orientado de como se comportar naquela atividade. Um exemplo é a musculação, que possui característica individual, e a ginástica de academia (como bike indoor) que possui característica coletiva. As pessoas acreditam que por ser coletiva a atividade não é individualizada. Mas existem diferenças de peso, forma de execução. Diferenças entre os alunos que precisam ser observadas. Daí pra frente são gostos pessoais que vão definir a escolha do local ou profissional ideal”.
Redes sociais
A internet facilitou o acesso à informação e transformou a forma de comunicação em suas mais diversas vertentes. Seja para comprar um objeto ou aprender uma nova língua, quase tudo pode ser feito ao alcance de um clique. No que diz respeito a atividade física, a tecnologia não foi capaz de criar mecanismos para que fosse possível exercitar o corpo sem mover sequer um dedo. Mas ela, com certeza, facilitou a vida de muitos que não têm condições ou gostam de fazer exercícios no conforto do seu lar.
Nas redes sociais, por exemplo, é possível encontrar diversas aulas específicas para quem quer malhar em casa. No entanto, ainda é necessário ficar atento e redobrar os cuidados na hora de optar por essa forma de se exercitar. “Não temos ainda, no Brasil, leis que regulamentam de fato as redes sociais. A partir do momento que você não tem uma lei que regula um espaço é difícil ter controle em relação a esses casos. Mas aconselho que se siga a mesma linha de pesquisa. Procurar saber se o profissional que está passando essas dicas é da área realmente é imprescindível”, afirma o presidente do Conselho Regional de Educação Física.
Outro agravante causado pelas redes sociais está no poder dos chamados influenciadores digitais. “Nos casos de famosos que postam seus treinos na internet, muitas pessoas, por admiração, acreditam que aquele exercício mostrado pode ser o ideal para ela também. Aí está o perigo, já que o que é bom para um pode ser péssimo para outro”, adverte André.
Fiscalização
Uma mobilização promovida pela Assembleia de Profissionais de Educação Física da região solicitando mais participação do Cref desencadeou uma série de fiscalizações na cidade. Três operações já foram realizadas em Nova Friburgo resultando em 36 fiscalizações, com 21 irregularidades, sendo 12 flagrantes de Exercício Ilegal da Profissão.
A última operação aconteceu nos dias 15 e 16 de março. Durante a ação, dois leigos reincidentes foram flagrados atuando de forma ilegal como profissional de Educação Física. O primeiro caso foi comprovado em Conselheiro Paulino, quando um leigo ministrava aula de Zumba para aproximadamente 30 clientes. O último ocorreu no bairro Boa Esperança, onde um falso profissional foi surpreendido supervisionando dois alunos no salão de musculação. Pela inexistência do registro profissional, eles foram encaminhamentos à 151ªDP.
Ainda em Nova Friburgo, foram encontradas duas academias com sala desprovida de professor e um profissional atuando fora da área de sua habilitação. Para os próximos meses, o Cref já tem mais duas operações programadas. Todos os casos são encontrados através de denúncias.
De acordo com o conselho, a ação faz parte de uma estratégia do CREF1 de coibir o exercício ilegal da profissão. Todos os casos de exercício ilegal da função serão encaminhados ao Ministério Público. As empresas notificadas serão convocadas a prestar esclarecimentos no Departamento Jurídico e regularizar a situação.
Para denunciar irregularidades basta entrar em contato pelo telefone do disque-denúncia do Cref (21) 2567-0789 ou pelo site http://cref1.org.br/denuncie.php.
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