Na realidade, de italiano todos temos um pouco! A influência da Itália e de sua cultura, de seu povo, de seus costumes, é um traço marcante na formação da população brasileira. Estima-se que existam mais descendentes de italianos com potencial para adquirirem a cidadania italiana fora da Itália do que os habitantes do próprio Belpaese.
Como um país tão pequeno - o território italiano é 28 vezes menor do que o território brasileiro, aproximadamente - pode ter influenciado um país tão distante como o Brasil, e em especial, a nossa cidade?
Houve uma intensa migração de determinadas cidadezinhas italianas, como se, à medida que chegavam fossem chamando os parentes e os amigos a migrarem também. E, de fato, foi exatamente isso o que aconteceu, nos casos das cidades de San Giovanni a Piro, localizada próxima a Nápoles, Salerno, e a cidade de Paola, na Calábria, que nos trouxe um bom número de comerciantes, jornaleiros e sapateiros que chegaram a Nova Friburgo nos anos 1900.
Podemos assim dizer que o povo italiano é um povo migrante, acostumado a enfrentar dificuldades e a buscar, mesmo em terras longínquas e distantes de sua pátria, novas oportunidades.
Não é difícil perceber como a presença italiana marcou e influenciou a nossa cidade e o nosso território. Um rápido giro pela praça principal nos revela muito dessas marcas: o edifício Spinelli, construído na década de 1930, considerado o primeiro edifício da cidade; e os recém-restaurados afrescos do altar da Catedral São João Batista, de autoria de Elviro Ernesto Martignogni, autor também de alguns quadros que se encontram na sala de jantar da casa do Barão de Nova Friburgo (onde funciona a Fundação Dom João VI), só para citar alguns exemplos.
Sabemos que na virada do século 19 existiam ao menos duas associações italianas em Nova Friburgo: a Sociedade Italiana Beneficente Príncipe de Nápoles e a Sociedade Italiana de Mutuo Socorro. Em 1914, essas duas associações foram unificadas, nascendo assim o Circolo Italiani Uniti, que hoje nos acostumamos a chamar de Casa d'Italia.
Nos anos anteriores à 2ª Guerra Mundial, o governo italiano manteve em nossa cidade uma escola para as crianças e os jovens italianos e descendentes, com o objetivo de permitir que esses jovens mantivessem contato com a cultura italiana através de uma escola em língua italiana, cujas matérias faziam referência à história, à geografia e à literatura italiana. Essa escola funcionou num palacete onde atualmente ergue-se o Edifício Itália.
No curso da guerra, com a entrada do Brasil ao lado dos aliados, os dois imóveis onde funcionavam as associações italianas foram tomados pelo governo brasileiro, sendo restituídos alguns anos após o término da guerra. No caso específico do imóvel que abrigava a Escola Italiana, como as condições não eram muito boas, foi necessário demolir o antigo imóvel para a construção de um novo edifício. Numa das coberturas funcionou, até pouco tempo atrás, a Associação Dante Alighieri.
Mais recentemente, outra associação foi criada, demonstrando que o associativismo faz parte da cultura italiana. Foi fundada a Aibac - Associação Ítalo-Brasileira de Arte e Cultura, que trouxe mais uma representação do prestigioso Comitato Dante Alighieri à nossa cidade, oferecendo, entre outras coisas, a possibilidade de realizar as provas internacionais do idioma italiano.
Alessandro Vianello é membro da Colônia Italiana de Nova Friburgo
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