ALGUNS estados brasileiros têm sofrido dias de medo e insegurança desde o início deste ano. As populações locais assistiram, sem ter como reagir, ao aumento de casos de assalto, queima de ônibus, saques em estabelecimentos comerciais e, principalmente, o crescimento assustador do número de homicídios.
NO ESPÍRITO Santo, que enfrentou nesta semana uma situação bastante delicada, a crise começou a tomar forma quando familiares de policiais militares iniciaram um protesto em frente aos batalhões na Grande Vitória e outras cidades. Os protestos, liderados em sua maioria por esposas de policiais, conseguiram paralisar o policiamento e com isso houve uma explosão de violência.
OS PARENTES dos PMs fizeram a manifestação impedindo a entrada de policiais no serviço porque estes são proibidos pela Constituição de fazer greve ou paralisação. Embora tenha provocado a maior onda de violência na história do Espírito Santo, há componentes a serem considerados nas reivindicações dos policiais e seus familiares. Segundo o sindicato da categoria, os PMs capixabas estão há sete anos sem aumento real e há quatro sem reajuste da inflação, o piso salarial é de R$ 2.646,12, muito abaixo da média nacional.
O TEMOR DE ataques e assaltos levou muitos estabelecimentos comerciais capixabas a fechar as portas, escolas suspenderem aulas e empresas de ônibus retirarem seus carros da rua, com medo de depredação ou incêndio. São registrados tiroteios e roubos, sem qualquer intervenção policial. A Justiça já julgou o movimento ilegal e governo estadual informa que não vai desarrumar as contas do Estado para dar aumento diferenciado à categoria.
PARA CONTORNAR a situação, o governo federal enviou soldados do Exército e fuzileiros da Marinha, além de componentes da Força Nacional. Como se sabe, esses soldados não têm preparo para fazer policiamento. Sua formação é outra e ao colocá-los para policiar cidades, o risco de acidentes é grande.
SITUAÇÕES como essas mostram que há um equilíbrio tênue na segurança pública no país. Basta uma fuga em massa, briga de facções ou uma greve de policiais para desestabilizar o equilíbrio precário.
OS ESTADOS precisam ter polícias preparadas e com salários dignos, mas o governo só conseguirá ter vantagem na luta contra a violência quando tiver um plano abrangente de segurança pública, de âmbito nacional, com investimentos em inteligência e combate efetivo ao crime organizado. Sem isso, teremos apenas medidas paliativas.
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