O advento de novas tecnologias, à exemplo das redes sociais e aplicativos que permitem baixar e ouvir músicas a qualquer momento, tornou o desafio da sobrevivência ainda maior. Há quem apostasse no fim, mas o rádio prova a cada dia que a sua importância é capaz de resistir a qualquer modernidade. Para tanto as necessidades de reinvenção e adaptações são constantes. Contudo, um dos meios de comunicação mais tradicionais e antigos do planeta surpreende e se mostra preparado.
No município, a Rádio Nova Friburgo AM carrega o peso de mais de 70 anos de história. Mesmo com o surgimento de outras fontes de notícia, a magia de ouvir a informação permanece latente, e faz parte do dia a dia de milhares de friburguenses. Ciente das transformações, a emissora passou por um processo relativamente recente de modernização de equipamentos e estrutura, e desta forma procurou acompanhar a evolução para aliar tradição e modernidade. Atualmente é possível acompanhar os programas por aplicativo, via celular, e pela internet, através do site da emissora, por onde também é possível assistir a transmissão diretamente dos estúdios.
A emissora conta com uma equipe de 14 funcionários e uma estagiária, entre departamento de jornalismo, operação técnica, secretaria e outras repartições. Além disso, apresenta em sua programação locutores tradicionais da cidade, como Sérgio Ferraz, Pedro Osmar, Ernani Huguenin, Gilberto Cunha, Fernando Bonan e outros. A programação, sustentada pela informação, apresenta ainda programas de entretenimento, variedades e esporte, além de outros produtos segmentados. A credibilidade construída ao longo de sete décadas, completadas em junho do ano passado, é reforçada pela opção de entidades e políticos locais em manter, na emissora, os respectivos programas de prestação de contas.
A história da Nova Friburgo AM
A Nova Friburgo AM surgiu em 1946, ainda nos “anos dourados” do rádio brasileiro, como Rádio Cipó, representando uma verdadeira revolução na cidade. À época, ouvir rádio não era uma atitude individual, pelo fato de nem todos possuírem o aparelho – era necessário, inclusive, pagar uma licença. Por esse motivo, alto-falantes eram colocados em frente à rádio, e o povo, sentado nos bancos da praça, parava para ouvir a programação. Bares e restaurantes investiam nos aparelhos, e os tornavam um grande atrativo para clientes. Quem viveu à época costuma dizer que “Comércio sem rádio perdia a freguesia.”
O nome Rádio Cipó surgiu a partir de uma premissa do povo friburguense: era comum dizer que bastava estender um cipó para ter o sinal da rádio. A brincadeira teve consequência, como a criação do bordão: “Rádio Cipó, sempre amiga”. A rádio funcionava em um sobrado na Praça Getúlio Vargas e formou grandes nomes do rádio.
Além dos programas de auditório e das novelas, a emissora teve papel importante para difundir o futebol na cidade, transmitindo as partidas entre os quase 10 times de Nova Friburgo, entre as décadas de 40 e 70. Também através da Nova Friburgo AM, as trovas ganharam destaque no município. A emissora preserva todos esses valores locais, e mantém toda a programação voltada para os assuntos relacionados ao município e às cidades que compõem a região. Desta forma, a rádio Nova Friburgo AM – e o rádio de uma forma geral – não apenas sobrevive, como também ganha novos adeptos e fãs (de variadas idades) desse jeito único de noticiar e entreter.
“Manter uma emissora de rádio nos dias de hoje com tanta concorrência entre mídias é um desafio diário. Procuramos nos atualizar e explorar o que temos de mais importante: a credibilidade de quem completou setenta anos de história.
Enquanto as grandes emissoras enxugam custos formando grandes redes, nós investimos no conteúdo local e regional para mantermos uma opção ao ouvinte de conteúdo confiável.”
Leonardo Asth, diretor da Nova Friburgo AM
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