“Não é verdade que eu não tinha nada, eu tinha o rádio ligado.”

Com essa frase, Marilyn Monroe disse tudo: quem tem o rádio ao seu lado, tem bastante.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
por Bia Willcox
Bia Willcox em apresentação do seu programa
Bia Willcox em apresentação do seu programa

“Não é verdade que eu não tinha nada, eu tinha o rádio ligado.”

Com essa frase, Marilyn Monroe disse tudo: quem tem o rádio ao seu lado, tem bastante.

Mal acabava o século XIX e o telégrafo ia dando lugar às ondas eletromagnéticas que revolucionariam a comunicação. As estações de rádio popularizadas após a 1a Guerra se tornaram uma poderosa arma contra a desinformação e esse mérito  ninguém tira do rádio até hoje.

A chegada de novas tecnologias como a televisão, a Internet, a telefonia celular e todos os meios digitais subsequentes, dividiram o espaço com o rádio que outrora reinava sozinho e brilhante.

Não preciso justificar a evasão da publicidade nas rádios com o passar do tempo, basta o bordão que todos conhecemos para explicar a mudança: "Imagem é tudo".

E eu me pergunto: será que é?

Aterrizando em nosso presente, especificamente no dia de hoje onde a notícia deve voar mais rápido que a sua propagação nas redes sociais, será mesmo que a imagem da notícia e do entretenimento é o que mais queremos, apesar de vivermos um mundo de apelos essencialmente visuais?

Bem, gostaria de me apresentar antes de justificar a minha tese aparentemente sem pé nem cabeça.

Meu nome é Bia Willcox e sou jornalista. Escrevo para jornais, websites e revistas mas também falo para rádio Bandnews com uma coluna semanal, além de participar de edições ao vivo esporadicamente e de

eventos especiais. Consumo tecnologia, sou presente nas principais redes sociais, respiro Educação e acredito no poder da imagem e sobretudo no quanto podemos transmitir no mundo audiovisual.

Dito isto, volto à pergunta feita algumas linhas acima.

Não, não acho que hoje queiramos somente imagem, por mais bela e refinada que possa ser. Vivemos com pressa, somos adictos por informação. Se aconteceu e não sabemos onde nem como, vamos pra internet tentar descobrir os detalhes, sem nem ao menos cogitar de ligar a televisão ou sintonizar na grande maioria das estações de rádio.

A verdade nua e crua é essa: as emissoras de TV nos mostram hoje o que a internet nos mostrou muitas vezes há dias atrás. Dispenso essas imagens nada originais na TV. Busco coisa fresca - seja notícia, seja humor ou seja opinião. E aí entra o rádio. Possivelmente não o rádio que há hoje em sua maioria, mas o rádio que deveria haver.

Rádio hoje tem que conter seus ouvintes concentrando nele tudo o que buscamos no oceano das redes sociais: notícias imediatas, informações verdadeiras, relatos fiéis, opiniões diversas, interação (alguém que nos ouça, nos leia e nos responda!), risadas e piadas, e, por que não, boas dicas de serviços e compras, sobretudo locais.

Locais sim, pois justamente porque o mundo, as marcas e os comportamentos se globalizaram, é que a cultura e as demandas locais se fortalecem. Não há mais muito espaço para discursos e programas globais, para uma região muito extensa por exemplo. Com a internet o longe ficou perto mas queremos interagir com quem faz parte de nossa vida offline, nas ruas, na chuva e até numa fazenda.

Ou seja, queremos interação, localização, personalização. Mesmo sem saber, queremos rádio!

Rádio é fácil. Extremamente fácil. Enquanto um programa é produzido para a TV, o rádio já pode ter transmitido o mesmo conteúdo, ouvido mais gente é informado mais, só precisa pra isso ser disruptivo e abandonar com criatividade os modelos da própria TV, tão arraigados ainda.

Os aparelhos de rádio ou os radinhos de pilhas se foram em sua maioria para dar espaço a um rádio muito mais poderoso: o rádio que toca pela internet.

Se smartphones são hoje populares e de fácil aquisição, então é o rádio.

É lá no celular ou no rádio do carro, que as estações de rádio serão sintonizadas e alcançadas. É lá, nas rádios inteligentes, que o oceano da internet de difícil pescaria se torna um lago fácil com peixes selecionados para se pescar informação, notícias frescas, opinião e diversão, com a agilidade que só o rádio pode ter. Sem muita edição, preparação, câmeras, ângulos, luz, cabelo ou maquiagem - no peito e na raça, do jeito que deve ser o rádio!

Sou uma apaixonada pelo rádio - a rotina, as entradas ao vivo, amo falar com cada ouvinte que me pede opinião, adoro ouvir rádio e conhecer cada locutor pela voz. Acredito que o rádio proporciona uma individualização do ouvinte, uma intimidade que nenhum outro meio pode oferecer. Sintonizado na rádio, o ouvinte se sente único, como se a pessoa que fala falasse especialmente a ele. E essa sensação de ser especial é que torna o rádio imortal. Para não morrer, basta acompanhar, se transformar, oferecer em contexto, interagir sem parar.

Notícia fica velha em 1 hora muitas vezes, música eles podem ouvir nos aplicativos, relatos técnicos eles buscam no google: o que o público quer é saber logo e interagir. Pois então que demos a eles o que eles querem ouvir. Rádio é tudo e, como dizia a musa Monroe, que tem o rádio ligado nunca está sem nada.

Bia Willcox é advogada, educadora e jornalista. Escreve para jornais, websites e revistas. Assina um blog com seu nome no Portal R7 e o Amores Urbanos no jornal o Dia. É  também colunista da rádio Bandnews FM Rio.

 

 

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