Escritor rememora em livro as belas passagens da infância

segunda-feira, 06 de abril de 2009
por Jornal A Voz da Serra

O retorno, após muitos anos, à simpática e pacata vila de casas do Sítio Santa Maria, no Bairro Ypu, emocionou o antigo morador que ali nasceu e viveu por cerca de 15 anos, o ourives hoje aposentado, aos 70 anos, Hartmut Ernst Riedmaier. Ele se entristeceu ao constatar o abandono total do lugar, com as casas desabitadas e tomadas pelo mato, no sítio que aguarda um novo comprador para quitar parte das dívidas trabalhistas da Fábrica Ypu. Mas, em meio à tristeza há muita alegria nas lembranças de Hartmut, que cultiva boas memórias de sua infância na bucólica vila de casas. Algumas dessas passagens são relatadas em seu nono livro da carreira como escritor, Coisas da vila, que será lançado na próxima terça-feira, 7, no 1930 Café & Pub, no Cônego, a partir das 20h.

Hartmut conta que as estórias que compõem o livro terminaram de ser redigidas há pouco mais de 30 anos. A capa, que contém uma foto da vila, é uma tentativa de imortalizar o charme do lugar onde ele passou bons momentos, até que deixou o local, em 1955, para ir morar com a família no Centro de Nova Friburgo. Quatro anos mais tarde, o escritor rumou para a Alemanha, onde ficou por nove anos. De volta ao Brasil, Hartmut não hesitou em fazer nova visita à Vila Santa Maria, definida por ele na infância como “o paraíso”.

Na introdução de Coisas da vila, o autor lamenta que se apagou a imagem da vila ainda viva, com as casas pintadas e rodeada de crianças fazendo algazarra. “Hoje o cenário é horripilante, com aquele pequeno paraíso transformado num espaço deserto, morto e vazio”, relata Hartmut. Ele registra na obra, de 83 páginas, pelo menos dez passagens marcantes de sua infância, entre elas, a presença sempre constante na vila do Seu Tibúrcio, um senhor boa praça, que fazia a alegria da garotada vendendo picolés, e ainda estórias pitorescas como O cofre, O telegrama, A grande festa, A feira, entre outras.

Hartmut, que já edita livros há 24 anos, se diverte lembrando que na infância não era tão bom aluno de português e nem gostava de escrever, até que, durante uma aula, foi intimado por um professor a escrever uma carta no quadro negro da sala e redigiu apenas quatro linhas. “Parecia um telegrama, mas algum tempo depois comecei a escrever sem compromisso e tomei gosto pela coisa. Hoje a escrita flui normalmente para mim”, conta o autor.

Hartmut se especializou em romances, policiais, contos infantis e agora também narrativas. Ele já anda às voltas com a redação da nova edição do policial Mansão maldita, que pretende lançar ainda este ano, para somar-se à coleção dos infantis Histórias do Pai Timuti, edições 1, 2 e 3; o romance Uma das faces da vida; o policial Um morto não fala e os poéticos Suave como um verso e Um toque de poesia.

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