Instituto Politécnico adia início das aulas para próxima semana

Em meio a crise, unidade da Uerj em Nova Friburgo está de luto. Técnicos-administrativos já estão em greve
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
por Alerrandre Barros
Luto. Faixas pretas foram colocadas na fachada do Instituto Politécnico (Foto: Henrique Pinheiro)
Luto. Faixas pretas foram colocadas na fachada do Instituto Politécnico (Foto: Henrique Pinheiro)

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) adiou para o próximo dia 23 o início das aulas do segundo semestre de 2016, que, por causa da greve do ano passado, estava previsto para começar nesta terça-feira, 17. Em nota, o Fórum de Diretores das Unidades Acadêmicas, incluindo o Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), em Nova Friburgo, alega que a instituição não tem condições de funcionar por atraso no pagamento de salários, das bolsas de estudantes e dos recursos para despesas de manutenção. 

“O não pagamento de todas as bolsas estudantis inviabiliza o retorno dos estudantes às aulas, por incapacidade de custear sua alimentação e transporte. O não repasse das outras verbas impede as condições plenas de funcionamento com higiene e segurança, expondo toda a comunidade uerjiana a situações de grande risco. A irregularidade do pagamento dos salários a todos os servidores — ativos e inativos — amplia sobremaneira as condições indignas de trabalho e de sobrevivência”, informa a nota.

A Uerj tem uma dívida de R$ 360 milhões com servidores, cujos salários vem sendo depositados com atraso e em parcelas, fornecedores e empresas que prestam serviços de limpeza, manutenção e vigilância. O Instituto Politécnico, na Vila Amélia, amanheceu nesta segunda-feira, 16, com faixas pretas na fachada em sinal de luto. A unidade não consegue pagar as contas de água e energia elétrica em dia, e já soma uma dívida com as concessionárias que passou dos R$ 100 mil. 

De acordo com o diretor do IPRJ, professor Ricardo Barros, o atraso nos repasses também estão impedindo o pagamento de bolsas de iniciação científica, de mestrado e doutorado e, portanto, prejudicando projetos de pesquisa no IPRJ. “Fica difícil funcionar nessas condições”, disse na semana passada. A situação só não é pior porque os funcionários terceirizados, que cuidam da manutenção, limpeza e segurança, receberam os salários nos últimos dias. 

Em meio a crise e sem receber salários, os professores da universidade farão reunião com o sindicato na quarta-feira, 18, para definir se entram em greve. Os técnicos-administrativos da instituição já paralisaram suas atividades. No dia seguinte, a reitoria também convocará o Fórum de Diretores novamente para reavaliar as condições das unidades da Uerj espalhadas pelo estado. O Centro Acadêmico do Instituto Politécnico (Caip) está apoiando a mobilização. “O objetivo do adiamento das aulas é pressionar o governo. Mostrar para ele que a situação da universidade é realmente grave”, disse o presidente do Caip, Arthur Moura. 

Nas redes sociais, alunos, ex-alunos e professores estão compartilhando depoimentos com a frase “Não ao fechamento da Uerj” e a hastag #UerjResiste em protesto contra a situação de abandono da universidade. Na última terça-feira, 10, a reitoria afirmou, em nota, que a grave crise financeira no estado pode causar o fechamento de todas as unidades da instituição e acusou o governo de “desprezar o ensino superior” e “de forçar o fechamento da instituição”. Um abaixo-assinado online já colheu mais de 35 mil assinaturas pela manutenção da instituição. 

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TAGS: UERJ | Crise
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